A Lenda do Gigante Adormecido
Dedicatórias
Ao estimado mestre da literatura local
FRANCISCO MARINS (in memorian)
Por seu trabalho literário original de grande valia para a cidade de Botucatu/SP e região que inspirou-me a escrever contos reais que vivi, incluindo alguns parecidos com os que li em seus livros e outros que levaram-me a conhecer o autor pessoalmente e por fim descobrir essa vocação adormecida a quem dedico essa obra e as demais antecipadamente.
A minha Família, pelo incentivo em todas as fases de minha jornada e a Shree Chaytania Maha Prabhu, o Avatar Dourado, que trouxe a todos a oportunidade que conhecer a consciência de Krisna por meio do maha-mantra e da filosofia védica e ao amigo Srila Bhakti Aloka Paramadvaiti Swami por me incentivar em consciência de Krisna e inspirar-me a servir incondicionalmente.
padam padam yad vipadam na tesam
Trecho do Srimad Bhagavatam que diz:
Neste mundo há perigo a cada passo.
Sempre ao final de cada trecho, citarei alguns trechos de dois dos livros da cultura vedanta: O Srimad-Bhagavatam e O Bhagavad Gita,
Neles estão a explicação da origem do mundo material bem como a arquitetura cosmologica dos três mundos: material, material sutil e transcendental e a conduta humana para empreender a auto realização através das instruções da Suprema Personalidade de Deus, Shree Krisna, como forma de inspirar o leitor a compreender como podemos harmonizar-nos frente a tantas adversidades nessa era, nesse plano material.
Dedico-me em ler os trechos do Bhagavad Gita e do Srimad-Bhagavatam que aqui estão e sempre que possível diariamente, estas obras derramaram muitas bençãos e paz e sinto que ativarão cada vez mais minha inteligência.
Navegando nas ondas do ancestro futurismo, os vedas, supra citados nessa narrativa estão sendo a base semântica e ética para o desenvolvimento, até da inteligência artificial por meio do sânscrito em alguns laboratórios tecnológicos atualmente.
“Os Vedas são conjunto de antigos textos sânscritos, alguns dos quais contém declarações éticas muito claras, como por exemplo ‘uma pessoa não deve ferir a nenhum ser vivo’“, explica Agata Ciabattoni do Instituto de Lógica e Computação de TU Wien. Ciabattoni supervisa o projeto de investigação, em colaboração estreita com Elisa Freschi, especialista em sânscrito da Academia de Ciências da Áustria. O objetivo é compreender como os antigos Vedas podem ajudar a ensinar a Ética para os programas e algoritmos de IA (Inteligência Artificial). Fonte: https://bit.ly/2P4e22S
Recomendo com todo meu coração e alma que além dos robôs, o futuro contenha seres humanos conscientes. Que a sociedade não esqueça que os sentimentos são nosso altar e nosso coração, um templo. Haribol!
Áudio Prefácio por Srila Bhakti Aloka Paramadvaiti Swami
O Apito
FERIADO NACIONAL, 1999, deixamos a Princesa da Serra, como ficou conhecida a cidade de Botucatu, vazia por conta do feriado, para mais um acampamento entre amigos, o destino: As três Pedras, local preferido de nossa turma para acampar. Um lugar místico e de histórias incríveis contadas pelo nosso irmão Guto, quem tinha mais experiência e conhecimento do local, já que sua família possuía um sítio na região.
Nas costas mochilas justas e pesadas e muita disposição para andarmos, todos jovens, sem nenhum tipo de veículo próprio. Era apenas a vontade de andar rum ao nada. A sensação de vitória por vencer grandes distâncias a pé e em grupo, desde do vilarejo de Anhumas na baixada serrana até conseguirmos avistar os morros testemunhos levava no mínimo 5 horas de baixo de sol quente.
Ver a paisagem mudar diversas vezes era um dos incentivos, em cada curva uma novidade, uma sensação de liberdade, um vento mais forte e a intuição falava: sim, é possível chegar, vamos chegar.
Uma árvore torta, avistamos o pouco que sobrou do cerrado, outra imponente grande, outro pouco que sobrou da mata atlântica, uma flor exuberante terrestre ou uma vegetação de causar espanto como as samambaias que tem espinho e arrancavam pedaços. Sem parar seguíamos sem falar, concentrados na caminhada, na paisagem, contemplação.
O peso das mochilas, a todo momento tinha que ser administrado e para isso o silêncio era o melhor meio para economizar energia. Concentrar-se no passo a passo e na paisagem. As formigas ao lado, os bois no horizonte e muitas cercas, quantas histórias por de trás dessas podemos imaginar. Quem será que vive aqui nesse fim de mundo, quem já viveu, quem ainda viverá.
Nossos acampamentos naquela época sempre foram especiais para todos e era sinônimo de muita alegria.
Noites sagradas em meio as estrelas brilhantes que nunca mais fugiram da memória, assim como as cadentes, que arrancavam comemorações ao serem vistas faziam esses dias no nada ser tudo.
Sempre presente, as fogueiras, as histórias e a música improvisada, cantando o que víamos durante o dia, o que sentíamos, enquanto outro grupo fazia a comida de maneira improvisada para vencer o cansaço da caminhada que fazíamos durante o dia.
Nossas noites eram universos, em momentos que iam do profundo silêncio a crises de risos e ou espantos com barulhos desconhecidos que nos davam calafrios e arrepios.
Muitos ruídos e sons nos faziam muitas vezes ir para as barracas e ficar em estado de alerta e atenção. Não era incomum pensar em invasão de alienígenas ou algum tipo de animal desconhecido. Nossa imaginação sempre fora fértil, mas o local tinha muitas lendas.
Os rádios que levávamos sintonizavam frequências em outros idiomas, alguns, que considerávamos códigos secretos. Alguns relógios paravam de funcionar nas Três Pedras. Sempre, alguma coisa diferente acontecia conosco. Toda atenção era pouca. Mesmo em clima de alegria, ficávamos atentos e vigiávamos qualquer estranheza.
Chegamos então para mais um feriado na mata. Ao chegar o Seu Dori, caseiro do sítio próximo a Fazenda Três Pedras me alertou do pasto seco: — Cuidado com fogo! Esses dias uma turma deixou a fogueira pegando fogo e quase que queima todo o pasto.
Eu muito atencioso a sinais prestei atenção no grupo que subia as Pedras sem escutar o Seu Dori, pensei, “deixa comigo”, não vamos ter problemas.
Passamos a primeira noite no “segundo rego”, como chamávamos o local que fica perto da terceira pedra, perto da gruta das Três Pedras, que era a nossa cozinha.
Acordei no dia seguinte as 05:30 am. Lembro-me de ter tido um sonho, e que esse sonho me pedia para ir embora.
Acordei confuso e refleti ao nascer do sol enquanto todos ainda dormiam se deveria ir mesmo embora, afinal, acabávamos de chegar para o acampamento, o feriado apenas começava e teríamos mais duas noites e três dias de mantimentos, conforme planejamos.
Fato foi que minha intuição falava: você deve voltar para Botucatu.
E as 07:00 am eu já estava decidido a voltar. As 08:00 am a turma foi acordando e eu anunciei que voltaria a cidade em seguida.
O espanto foi grande, pois a maioria deles não esperava que um integrante já fosse voltar no primeiro dia. Era uma baixa para a turma. No entanto, estava decidido, iria voltar.
As 10:00 iniciei a descida das Pedras e voltei pensando, nas cinco horas de caminhada que enfrentaria sozinho. Lembro-me de ter sido uma experiência muito bonita, mas ao mesmo tempo tive que ter paciência para não ficar pensando em voltar para o acampamento e desistir de encarar essa jornada sozinho. Isto porque o caminho em sua maior parte é bem difícil, demanda força e paz de espírito para cruzar pastos com bois Nelore, riachos, cercas e morros que sobem e descem sem quase nenhuma garantia de encontrar alguém ou algum local com água ou pessoas. É você e a natureza local.
Não foi poucas as vezes que demos de cara com cobras no caminho, escorpiões ou outros animais como Seriemas, Tucanos, Maritaca, Quatis, Veados e pegadas de onças e uma vez uma onça de verdade.
A cada curva sentia-me mais forte, feliz por estar só nessa jornada, domando a mente, mantendo-a quieta, concentrado no caminho, na paisagem. Logo passou-se cinco horas de caminhada e pude escutar o APITO do trem.
Sai correndo e não pensei duas vezes ao chegar em Anhumas, vou subir a serra de trem! Pulei no trem de carga e pensei, espero que esteja indo para Botucatu! Não conhecia o trecho, apenas desejei que estivesse no caminho certo. O momento mais delicado da viagem foi quando entramos no túnel, foram dois, em ambos o momento a escuridão aliado com a velocidade reduzida me deu cala frios. Lembro-me de ver “rostos” mesmo de olhos fechados. Espero que esses rostos que vi tenham sido minha imaginação!
Após uma hora e meia, aproximadamente, em cima do trem, cheguei em Botucatu, na estação abandonada, até o momento, da antiga FEPASA.
A sensação que tive ao pular de um trem em movimento foi a de uma aventura nunca imaginada. Algo tão inusitado e maravilhoso que nunca mais se apagará de minha memória. A coragem de subir no trem e encarar uma aventura desconhecida tinha sido um grande aprendizado sobre ouvir sua própria voz interior.
Logo depois desse evento, meu bisavô, Naur Leite de Barros, abandonava o seu corpo físico. Fiquei um tempo Bauru, cidade vizinha de Botucatu e por isso não conversei com meus amigos por um mês. Lembro-me de ter sido um enterro muito bonito, com honras militares, pois, vovô serviu na Revolução Constituinte de 1932.
na jayate mriyate va kadacin nayam bhutva bhavita va bhuyah ajo nityah sasvato yam purano na hanyate hanyamane sarire
Para a alma, em tempo algum há nascimento ou morte. Ela não passou a existir, não passa a existir nem passará a existir. Ela é não nascida, eterna, sempre existe e primordial. Ela não morre quando o corpo morre.
(Bhagavad Gita 2.20)
Do Berrante
Berrante; é um instrumento de sopro utilizado pelos vaqueiros, que berra, a fim de, juntar o gado em um determinado local. Este instrumento é feito do próprio chifre do boi.
Ao voltar para Botucatu, um amigo da turma, Sampaio, me chamou para uma conversa. Em nossa conversa, Sampaio colocou que sabia porque eu havia ido embora na primeira noite do acampamento. Eu espantei, e disse, porque? Logo, Sampaio comentou:
- Se você tivesse ficado, você teria morrido.
Com certeza essa frase me deixou ainda mais espantado. Sampaio comentou:
- No dia que ocê foi embora, ocorreu um incidente, e certamente, conhecendo a sua natureza, você não teria chances contra esse acontecimento e todos concordamos que você não estava lá, pois se estivesse, teria ficado lá e …. morreria.
Eu extremamente curioso, questionei, mas me conte então o que ocorreu!
- Infelizmente, pegou fogo em toda a Três Pedras e propriedades ao redor. Tivemos a sorte de sairmos vivos, não deu tempo de pegar as barracas ou tentar apagar. Quase morremos. Foi uma catástrofe. Você, teria tentado apagar e não conseguiria. Graças a Deus, você não estava.
Na hora lembrei do Seu Dori com seu aviso: Cuidado com o fogo! E eu, saí sem avisá-los, o recado havia sido dado apenas para mim. Fiquei em choque sem saber o que dizer. Falhei ao não berrar: cuidado com o fogo! Com certeza, por ter tido essa orientação, não iria embora sem tentar apagar o fogo. Agradeci o sonho e o apito do trem. Fiz uma promessa a São Francisco de Assis: cuidar dos animais e das plantas, plantar o máximo de árvores que puder, uma vez que não dei a mensagem que recebi na chegada aos colegas da turma.
paras tasmat tu bhavo nyo
vyakto vyaktat sanatanah
yah sa sarvesu bhutesu
nasyatsu na vinasyati
Entretanto, há outra natureza imanifesta, que é eterna e é transcendental a esta matéria manifestada e imanifesta. Ela é suprema e jamais é aniquilada. Quando todo este mundo é aniquilado, aquela região permanece inalterada.
Bhagavad Gita (8.20)
Clarão na Serra
SÃO PAULO, 2004, Muitos anos se passaram e eu já estava morando em São Paulo, trabalhando com tecnologia da informação. Vivendo um mundo caótico, estudando a noite e trabalhando o dia inteiro em uma das maiores agências de turismo de São Paulo. Um dia abri um Guia de Turismo e vejo a foto das Três Pedras, quase cai da cadeira ao ver que a foto mostrava o local completamente queimado. Fiquei muito triste e perplexo de como havia sido sério o episódio do incêndio. Entendi então porque havia sonhado com a mensagem de que tinha que ir embora. O apito do trem foi o sonho!
Era fim de ano e eu tinha que escolher o que queria de amigo secreto na empresa. Pedi uma tela. Queria pintar! Chegou o dia de receber os presentes, levei a tela para o apartamento que residia na época na Av. Brigadeiro Faria Lima, próximo a Avenida Paulista. Lembro-me de pintar em uma noite, com o dedo, de forma a extrair toda a prisão mental desse período, o que me libertaria?
Não tive dúvidas, seria as três pedras, com cores vivas, e de uma forma que me fizesse sentir que estivesse por lá de noite.
Ao olhar a tela em branco, pintei-o por horas madrugada a dentro. Por dias fiquei a olhar esse quadro, imaginando quando poderia voltar para as Três Pedras e viver novamente momentos de paz e harmonia com a natureza.
O que mais me deixava triste em São Paulo, eram as condições dos moradores de rua. Muito desses eram ainda crianças. Não me esquecerei de duas delas, um menino, que dormia na calçada sem coberta numa noite fria me fez acordá-lo e ver que ele estava atordoado por estar com Cola de Sapateiro, substância tóxica, de efeito dopante, certamente o que dava condições de não sentir o frio, que era muito forte aquele dia. Ao ver a Cola em sua boca, não hesitei:
- Se levá-lo você para dormir em casa, você me dá essa Cola e promete não inalar mais essa substância?
Ele balançou a cabeça com um sim. Assim fomos para a minha “república”, local onde morávamos com outros estudantes. Chegando em casa, avisei a todos o motivo daquela decisão unilateral. Foi uma noite de muita animação, todos na casa sensibilizaram com a atitude e com a situação da criança.
Pedimos uma Pizza, ligamos a TV em um canal de desenho animado e iniciamos a aproximação com essa vida, sagrada. No dia seguinte, separamos uma mala com roupas, alimentos e cobertores e nos despedimos.
Éramos jovens em busca da independência e não tínhamos como manter essa criança. No dia seguinte muitas crianças, outras, estavam com as coisas que demos a ele, já o nosso pequeno, não estava mais no “ponto” com o grupo. Queremos acreditar que ele voltou para o seu lar.
Logo mudei de emprego, pois tive uma visão. Ao ver uma nova empresa, fiquei preocupado e com medo de perder o atual, pesquisei sobre novas oportunidade, era um aviso! Dessa forma encontrei o programa de estágio Futuro Programado Microsiga, sai da Agência de Turismo, onde era Analista de Sistemas, com grandes responsabilidades e cobranças e fui selecionado como estagiário em uma das maiores empresas de Softwares do Brasil, com mais de 1.700 candidatos e apenas 45 vagas.
Teria enfim a oportunidade para aprender com orientação e dentro da área que havia me proposto a trabalhar com mais tempo para os estudos e numa empresa renomada. O salário também aumentou, entrei numa academia de yôga e judô, esporte que sempre pratiquei, com isso comecei a curar efeitos psicossomáticos de estresse, as espinhas que brotavam pela ansiedade desse período, de um vida caótica e aparentemente sem sentido.
Voltei a Botucatu em 2005 para um feriado e fui visitar meus avós paternos, depois de um período sem ver a minha família. Estava na sala quando vi na TV, um programa de sobrevivência na selva. Foi o gatilho para as Três Pedras, pensei, vou acampar agora!
Convenci meus pais a emprestarem o carro, para que eu pudesse chegar mais rápido. Eles estavam preocupados com o fato de eu ir sozinho e não gostaram da ideia. Mas mesmo assim, eu consegui convencê-los. Na época, minha namorada, havia sonhado no mesmo dia, que eu iria decidir acampar e que nunca mais voltaria. Ou seja, eu desaparecia durante esse período.
Minha namorada, na época, ao saber que eu então havia decidido acampar nas três pedras começou a chorar. Ela me pediu para não ir, como no sonho dela, mas eu ainda sim, decidi ir. Como ela sabia, que eu poderia não ouvi-la, me deu uma carta, onde nesta, estava escrito o sonho de forma detalhada. Eu não dei atenção, apenas sai e fui para as Três Pedras, sozinho, sem escutar ninguém.
Cheguei no sítio do Seu Dori, o mesmo que me avisou sobre o pasto seco e o perigo do fogo. Passei sem avisar, como uma flecha. Queria chegar de dia ainda. Mas ao descer pela estrada rente a sua propriedade verifiquei que a estrada estava muito ruim. Não ia há três anos, a estrada estava muito castigada. Foi quando cheguei no ponto de cruzar o riacho e percebi que era impossível, já havia cruzado esse caminho antes, mas agora, havia um banco de areia que o carro não iria conseguir ultrapassar.
Então, pensei em voltar de ré para subir ao sítio do Seu Dori e deixar o carro, para seguir a pé. Iniciei a ré, e acelerei. Logo, o protetor do cárter, uma peça que protege o motor, bateu numa raiz fazendo-o entrar na terra como uma pá. Estava preso, sem pode sair, na estradinha de terra próximo a porteira que dá acesso as mangueiras do pé das pedras.
Sai do carro e olhei em baixo e pensei: fincou de acordo! Preciso de ajuda. Decidi ler a carta da minha namorada. Lá estava escrito: “Não vá acampar sozinho, sei que não vai acreditar em mim, por isso escrevo”.
Comecei a acreditar que algo poderia dar errado.
Chegando no sítio do Seu Dori, para conseguir ajuda com o carro, encontrei o seu filho, a quem contei o que havia acontecido. Seu Dori apareceu muito bravo dizendo:
- Você passou como um tiro, sem nos chamar, a estrada não esta boa para ir de carro, agora, o que vamos fazer? Eu não vou ajudar ninguém. Não vou!
Seu Dori estava muito irritado, pois o correto seria ter chamado-o e perguntado sobre as condições da estrada antes de descer com o carro.
Era preciso contar com a ajuda do Seu Dori e de seu filho, caso contrário o carro não sairia. Com muita fé, expliquei que era um presságio para eu entender que não era para ir sozinho. Comentei como havia sido egoísta, querendo agir do meu jeito, sem ouvir a minha família e que agora dependeria deles para poder devolver o carro que não era meu, mas de meu pai, quem iria ficar furioso com o desfecho.
Ainda sim, Seu Dori não parecia disposto a ajudar, pelo fato de falta de contato inicial. A noite caía. Os grilos cantavam, as aves rumavam para seus ninhos. Noite a dentro, comecei a ficar preocupado. O carro no meio do nada, preso. Eu sem poder ir ou voltar. Como já trabalhava, pensei em propor um pagamento ao Seu Dori e quando propus ele se irritou mais ainda! Foi como uma afronta a sua família. Nesse momento ele resolveu me ajudar e não pelo pagamento, mas pelo desespero que eu aparentava.
Saímos de seu sítio com o trator. Seu Dori, Eu e seu Filho. Com muita ira, Seu Dori arrumou a estrada que levava até o carro, engatando primeira marcha e acelerando rapidamente para frente, freando de forma brusca, engatando a ré com rapidez e voltando para trás. E assim fomos durante 10 km dando forma novamente a estrada, onde teríamos que passar com o carro. Após uma hora de máquina nesse trecho, chegamos ao carro.
A palavra do Seu Dori ao ver o que aconteceu era de desconsolação. Depois de uma hora arrumando a estrada, chegamos ao carro com uma placa de mental preso a terra numa profundidade que era digno de desespero. Iniciamos então o processo. Cavamos com as mãos, única forma, durante 3 horas. Eu, Seu Dori e seu filho nos alternávamos para dar conta do sofrimento.
Em dado momento, Seu Dori amarrou a corda no carro e com o trator puxou até o protetor quebrar. Foi a única forma de sair daquela situação. O carro foi sendo puxado até o sítio. Chegando lá, já passava das 23 horas. Estava muito triste por ter dado esse trabalho a família do Seu Dori, o mesmo que alertava sobre o fogo. O guardião das Três Pedras.
Seu Dori, gentilmente, recomendou que eu acampasse no seu sítio, porém, eu estava decidido a voltar para Botucatu. E para meu espanto o carro deu a partida, era um sinal, tinha que voltar, já havia dado muito trabalho. Seu Dori, sabiamente alertou:
— Esta tarde, durma aqui hoje. Eu mais uma vez não escutei o conselho e sai.
Pensando em tudo que aconteceu, eu estava convencido de que era melhor não ter ido. Mas, eu ainda estava muito longe de casa e para esquecer esse erro, eu poderia voltar! No caminho de volta, cerca de 2 km do sítio do Seu Dori, ao cruzar um riacho o carro apagou.
Nesse momento tive a certeza de que algo muito ruim iria acontecer.
Tentei dar a partida novamente e nada. Verifiquei o local, estava parado em cima de um riacho. Comecei a analisar rapidamente, com aquela dose de adrenalina todas as possibilidades que poderiam ocorrer. Passaria a noite no carro? Correria esse risco de ficar a noite inteira só, naquele breu? Meus pensamentos não paravam e muitas coisas viam a mente. Decidi sair do carro. Abri o porta malas, peguei a mochila de acampamento e pensei: vou acampar no Seu Dori.
Ao sair do carro, o gado chegava perto para ver o que estava acontecendo. Essa aproximação causava mais pensamentos. Porém havia cercas, e esses, vinham apenas até a cerca. O que incomodava era não poder ver o gado, apenas escutar o barulho do capim. Imaginava centenas de bois e vacas querendo saber qual era a novidade naquela estrada remota.
No instante que deixei o carro, comecei a arrepiar. Uma sensação muito forte de que algo iria acontecer. Muito medo e muita certeza de que o sonho da minha namorada e os alertas foram dados por uma razão e essa razão estava aproximando-se.
Lembro-me de ter caminhado um pouco, quando escutei um barulho de galope. Esse barulho, mesmo de longe, aumentava meus calafrios e meu medo. O que seria esse galope na estrada? Um estranho? Seu Dori?
Comecei a correr e o som do galope começou a aumentar. Senti que chegaria rapidamente a mim. Quando percebi um cavalo negro, enorme e com muita ira dobrava a curva e vinha rapidamente em minha direção. Não tive tempo de nada, apenas pensei: morri.
É como nos filmes, em uma fração de segundo sua vida passa pela frente. Me senti envergonhado por não ter ouvido minha família.
Por querer estar sozinho e ter ficado em perigo, por morrer ali, sem ouvir os sinais que me diziam para não estar ali. Porém, eu estava e tinha que tentar sobreviver. Enquanto o cavalo chegava rapidamente, segundos antes da colisão eu escutei uma voz dizendo: não desista! Como um raio, iluminou-se a estrada junto ao momento da voz e comecei a gritar já em prantos.
O cavalo continuou até chegar muito próximo de mim e parar, por segundos o som dele ofegante causava-me mais arrepios e muito choro, estava muito emocionado, não estava morto, o cavalo havia parado em cima de mim, mas sem tocar-me.
Foi um dos momentos mais apavorantes da minha vida, um animal grande, daquele, extremamente forte e vigoroso, parado a sua frente depois de um galope que certamente poderia ter matado uma pessoa, se trombado, era um milagre.
Eu sozinho, sem a voz e a luz, teria morrido. Só lutei pois tive essa orientação.
Sou grato pela vida por Shree Krsna ter me salvado naquele momento. A proteção existiu, assim como o ataque. É preciso estarmos sempre atentos, seja na mata ou na cidade. Estar atento significa orar.
O cavalo, após o meu berreiro intenso de guerra, como um índio, como num gesto de respeito, virou-se e caminhando desapareceu na estrada, eu cai de joelhos e chorei muito, rezando e agradecendo pelo milagre. Eu havia nascido novamente.
Ao chegar no sítio do Seu Dori, contei a ele o ocorrido, ainda em prantos, pedindo abrigo. Seu Dori sabiamente me disse: — Meu filho, não se sai de casa numa Quarta-feira de cinzas, muito menos para a mata e sozinho! Você não sabia disso? Eu respondi: — Não!
O mundo material há perigo em casa passo, como afirma o verso: padam padam yad vipadam na tesam, entretanto os devotos de Krisna não estão fadados a permanecer neste lugar perigoso.
Por isso devemos nos preocupar em avançar em consciência de Krisna, ou seja, no conhecimento transcendental e no vínculo com a suprema personalidade de Deus enquanto temos a oportunidade de vincular-nos a ele, por meio dessa forma humana.
purushah sa parah partha
bhatya labhyas tv ananyaya
yasyantah-sthani bhutani
yena savam idam tatam
A Suprema Personalidade de Deus, que é maior do que tudo, é alcançado pela devoção imaculada. Embora esteja presente em sua morada, Ele é onipenetrante, e tudo está situado dentro dEle.
Bhagavad Gita (8.22).
Lendas Vivas
Os anos passaram e eu voltei de São Paulo para Botucatu para empreender. Havia começado um negócio próprio aos 22 anos. Viver em São Paulo tinha sido uma experiência muito difícil.
Poluição, trânsito, miséria. Quando criança, adorava passar as férias em São Paulo, porém, depois de trabalhar e estudar por três anos, estava decidido, Botucatu é a cidade que quero morar.
Decidi ir com minha namorada até as Três Pedras, pois ela nunca havia ido, depois de três anos do episódio do cavalo. Ao chegar no Seu Dori, com barba e cabelos cumpridos escutei o filho do seu Dori nos contar um causo, de um menino que havia dado trabalho ao passar de carro sem avisá-los.
O guri nos dava detalhes daquela noite onde arrumar estrada, cavar buracos e guinchar o carro não era nada comparado ao medo que o mesmo sentia ao encontrar um cavalo mau na estrada. Esse tentará matar o menino, por isso era preciso atenção naquelas bandas. Nada de descaso e muita vigia.
Seu Dori, ao ouvir seu filho, saiu da garagem e veio comentar o ocorrido.
Fiquei com muita vergonha e não comentei que era eu o menino que havia dado tanto trabalho para eles naquela noite, além de quase ter morrido por aquelas bandas numa quarta-feira de cinzas.
Ao escutar a minha própria história, pensei, a vida é um eterno espelho.
Minha namorada, ficou espantada. Eu também fiquei. Fomos apenas para passar a tarde e logo voltamos para cidade, passamos a respeitar muito esse local, onde muitos índios foram mortos em guerras com os brugueiros, homens que tinham a missão de tomar posse da terra.
A energia do local é uma mistura de beleza natural com angústia. Para os sensitivos, ir as Três Pedras é participar de um processo místico. Muitos definem a sua maneira. Alguns falam de OVINIs ou UFOLOGIA, outros de rituais satânicos de tribos, eu falo de cura. De um processo de limpeza, que estamos passando para além de nós, para essa terra renascer viva de alegrias.
Temos a árdua tarefa de preservar o pouco que sobrou dos biomas que aqui existiam, dos poucos animais que ainda vivem em nossa região. É uma tarefa para heróis do dia a dia como o Seu Dori, protetor da natureza e dos meninos perdidos da cidade como eu.
A vida moderna não nos ensina a valorizar esse patrimônio. Damos mais valor a um celular do que um animal. Além disso, o sistema quer sejamos como fantoches. Somos o que a publicidade de um programa ou de uma marca quer que sejamos.
Anos depois, escrevendo essas histórias, vejo como foi importante viver em um local tão belo e sagrado como nossa região de Botucatu. Vejo com foi fundamental conhecer a obra do Dr. Francisco Marins, para entender o passado, pois esse não apaga nossos erros, mas sim, convida-nos a conhecê-los e cicatrizá-los.
Somos no presente, como o bálsamo, nossos dons, talentos e rituais podem ajudar a curar esta terra. O ritual que encontrei é o de plantar árvores, limpar o lixo da cidade e do campo e participar das discussões políticas da cidade, como cidadão.
Dedico esse ritual literário, com essas memórias de uma juventude de aventuras para as futuras gerações, essas poderão reconhecer-se nesse espelho de cura pela vida, pelo meio ambiente, pela água límpida e pura, pela integridade do ecossistema, para que os animais silvestres possam também existir de maneira segura e não extinguir.
Afinal o que nos leva a mata senão a possibilidade de vivenciarmos as lendas vivas da região: a paisagem, os sons, os cheiros, a intuição e os animais: as seriemas com seu canto, as onças com suas pegadas, os veados com suas fugas, os tamanduás com sua calma, os tatus com suas tocas, os quatis com seus bandos, os lobo guará com suas distâncias, e os gatos e cachorros do mato com suas surpresas, que personificam os seres livres, como os índios, nossos ancestrais sagrados, os verdadeiros guardiões dessa terra.
Que assim seja, em cada cidadão, a oportunidade de personificar-se como guardião da terra, em liberdade vivendo e escrevendo suas lendas pessoais, com amor e sabedoria!
É tempo de religare, voltar-se a terra! Não há espaço para tanto desenvolvimento e progresso sem harmonia com a nossa mãe natureza.
A partir daqui, vou contar sobre o chamado que veio dos pássaros. Por muitas tardes, observando os pássaros comecei a entende-los. Muitos desses vieram até mim com um pedido de ajuda. Sua comida e sua água estão sumindo.
Um pedido de socorro a cada som era decifrado com espanto por mim.
Sentia realmente muito, por ser um ser humano condicionado, por ver a cidade avançando, por ver o rio assoreando, por perceber o lixo invadindo o habitat natural da fauna e flora.
Compreendi então que a cidade da maneira em que esta estruturada é uma doença, um câncer que cresce desordenadamente até que compromete todo o organismo que permite que ela exista.
Agora entendia o porque de caminhar até encontrar uma montanha isolada, era esse um processo natural de despertar….despertar o gigante adormecido que vive em nós, os gigantes dos espíritos da terra, que esta em nossos ossos, do fogo, que esta em nossa digestão, do ar, que esta em nossos pulmões e da água que esta em nosso sangue. O despertar da Consciência.
O gigante adormecido que vemos na paisagem de Botucatu e Bofete é parte fragmentária do mesmo princípio original da criação: a divindade. Tudo esta vivo e interligado. Se eu ou você causamos danos a qualquer entidade viva, ou pertubamos alguém estamos causando danos a nós mesmos.
Ter consciência desse fato é essencial para que todas nossas decisões e atividades produzam efeitos harmoniosos a nós e aos demais. Parte da busca por empreender uma viagem interior e despertar esta documentada aqui.
niyatam kuru karma tvam karma jyayo hy akarmah sarira-yatrapi ca te na prasiddhyed akarmanah yajnarthat karmano nyatra yam karma-bandhanah tad-artham karma kaunteya mukta-sangah samacara
Execute seu dever prescrito, pois este procedimento é melhor do que não trabalhar. Sem o trabalho, não se pode manter nem o corpo físico. Deve-se realizar o trabalho como um sacrifício a Vishinu, caso contrário, o trabalho produz apego a este mundo material. Portando, ó filho de Kunti execute seus deveres prescritos para a satisfação dEle e, desta forma, você sempre permanecera livre do cativeiro material
(Bhagavad Gita 3.8 e 3.9)
Os Acasos
Em 2013 comecei a fazer parte de forma mais ativa do COMDEMA — Conselho Municipal de Meio Ambiente de Botucatu/SP.
Desde 2011 sou voluntário da Associação Nascentes, uma ONG que trabalha com preservação e conservação de mananciais e nascentes de Botucatu/SP e região fundada pelo meu saudoso amigo e mestre, o gestor ambiental João Batista de Oliveira, o Tita.
Para quem conhece o Tita, sabe da sua capacidade de realização. Ele plantou mais de 70 mil árvores como Presidente da Nascentes.
Assumir essa função depois do Tita foi uma responsabilidade enorme, conhecê-lo foi uma benção, aprendi muito sobre o cerrado, sobre a mata, sobre a natureza. Tenho um déficit de 69 mil árvores se eu quiser cumprir a mesma meta de Tita, na Nascentes. Plantamos durante a gestão que participei 1.260 árvores e totalmente por acaso! Graças a amigos conscientes!
A verdade de como cheguei a ONG Nascentes é a obra de um acaso divino.
Eu mesmo não teria ido chegado ao terceiro setor sem um empurrão naquele instante de minha vida, devido a quantidade de trabalho que buscava como empreendedor.
Esta missão veio por meio de minha companheira na ocasião, Talita, que foi convidada a ser Diretora da Associação Nascentes devido sua formação de Engenheira Florestal.
Ela foi indicada por meio de um amigo de minha Mãe, A Zootecnista Bia Lopes, pelo Engenheiro Agrônomo Sergio Pimenta ao Tita, como uma possível ajuda a gestão da Associação.
A Nascentes em, 2010, teve sua composição de novos voluntários através de amigos do círculo de Talita, profissionais de confiança da UNESP de Botucatu/SP.
O então novo presidente, o engenheiro Thiago Zannin, teve que deixar Botucatu, vagando essa posição. Como agravante havia um projeto junto a Fundação Banco do Brasil aprovado com apoio da Cynthia Zanoto, que estava como Secretária Municipal de Meio Ambiente, procurou a ONG para operacionalizar o projeto, já em curso quando entrei.
Cheguei na ONG como substituto emergencial e apenas com a função de assinar papéis para o projeto. Entretanto, acabei me envolvendo a ponto de fazer da ONG a minha missão de vida no período em que estive com Presidente Voluntário e até hoje.
Me joguei nesse processo de corpo e alma de relacionar-me com a Natureza de uma forma integral, desinteressadamente sem perceber.
Essa experiência foi muito impactante para mim como pessoa. Descobri como é importante ter uma conexão com a Natureza e como é essencial escutá-la. Reconheci nela a divindade, a família, minha identidade. Sensível a qualquer dor e necessidade dela, joguei-me no abismo do ativismo, mesmo sem conhecimento.
Na Associação Nascentes descobri muitos tesouros. Foram momentos que ficam no coração. É emocionante imaginar como eu cresci como ser por meio da associação e seus vínculos gerados.
Um exemplo muito interessante de purificação ao me conectar com a Natureza foi após trabalhar com o barro, pela primeira vez, fazendo tijolos de adobe, fiquei com febre e durante esse processo pude sentir que o contato com o barro havia sido curativo.
Abaixo um exemplo de um momento de grande alegria: um curso de BioConstrução, onde ficamos dias produzindo adobe e no fim, com febre não pude participar do curso, mas ficamos dias preparando os tijolos.
Outro momento único que a Nascentes proporcionou a mim e que contagiou meu ser foi quando o voluntário e Agrofloresteiro Marcelo Xavier, conhecido como Marcelinho, na época estudante do curso da UNESP de Agrofloresta em Araras/SP, plantou a ideia de co criarmos uma Agrofloresta na sede da ONG, localizada na Demétria.
Depois de plantar árvores nativas com o Tita, agora iria vivenciar a experiência de plantar um bosque comestível.
Essa experiência me rendeu pela vez primeira a oportunidade de semear, cultivar e colher meu próprio alimento. Considero esse momento como um rito de passagem na minha vida. Certamente, algo mudou muito forte em mim. Era como colher a mim mesmo.
Essa colheita foi direta para minha panela. Eu estava alimentando-me de um alimento cultivado com a comunidade. Esse processo me inspirou muito. Nesse momento eu estava vivenciando a Agrofloresta de uma forma diferente e seria impossível desconsiderar realizar esse processo de cultivo novamente. Decidi ir residir na Demétria e cuidar desse cultivo de perto.
Vale citar que eu sempre estive conectado com a cidade e com os computadores. Essa ruptura, de semear, cultivar e colher, tornou-me mais sensível a entender os ciclos da Natureza e render-me a viver uma experiência de conexão profunda com a agrofloresta e a permacultura.
sarva-yonisu kauteya murtayah sambhavanti yah tasam brahma mahad yonir aham bija-pradah pita
O filho de kunti, deve-se compreender que é com o nascimento nesta natureza material que todas as entidades vivas, em todas as espécies de vida, tornam-se possíveis, e que Eu sou o pai que dá a Semente. (Bhagavad Gita 14.4)
7 de Setembro de 2012 foi um dia que ficará marcado nesse despertar. Estava em Peruíbe/SP, gozando do feriado da independência do Brasil quando me senti muito angustiado. Lizandra Hachuy um amiga me disse, porque você não sai caminhar?
Ao caminhar comecei a sentir muito forte a presença de plásticos e lixo na praia. Cantarolei:
Sereia, sereia do mar, porque as pessoas levam as conchinhas do mar e deixam o plástico a boiar?
Senti muito forte uma dor, uma sensação de incomodo e isso vinha do meu estômago, da região do plexo solar. Nesse momento, pensei que se eu movimentasse meu corpo, como em uma dança pudesse me sentir melhor. E cantando para a Sereia do Mar e olhando a quantidade de lixo na praia, ia me movimentando como um pássaro de braços abertos.
Nesse momento uma Gaivota tomou a minha frente e começou a movimentar-se junto comigo, como se estivesse se comunicando com a minha dança.
Duvidei a princípio que ela estivesse ali de forma consciente. Logo, acima de mim, haviam várias outras gaivotas, em formação, planando, de forma ordenada, como um “V”. Pensei, nunca vi Gaivotas voando em formação de V, isso fazem os patos! Me senti muito estranho e pensei: estou ficando louco.
O mais impressionante veio em seguida: quando a Gaivota líder desceu a praia e seguiu a um montante de lixo e sinalizou com o bico plásticos. Eu pensei: será que ela esta comendo algo ali?
Ao chegar, não havia comida ou restos de algo comestível, apenas, muito plástico.Relutei a acreditar e pensei: ela esta me sinalizando a limpar o lixo?
Estou louco! Esquizofrênico! Minha mente me deu muito duro. Mas eu respirei fundo e tinha que verificar: fui e recolhi o lixo que ela me mostrava.
Quando eu recolhei o lixo, a Gaivota líder e as de cima que voavam planando, saíram da formação e circumbalaram-me fazendo barulho manifestando um tipo de exaltação e logo voltaram a planar cima de mim em formação.
A líder seguiu para o próximo foco de lixo na praia, me indicando: ao trabalho.
Eu ainda relutava a acreditar no que havia acontecido. E fui ao foco seguinte com as Gaivotas acima de mim, planando, até o próximo grupo de lixo, e retirei o segundo conjunto de lixo, e logo, as gaivotas voaram em volta de mim, fazendo barulho e seguiram a formação.
Nesse momento, em que se repetiu a mesma cena, eu comecei a chorar e arrepiar.
Elas estavam trabalhando em equipe e eu era um instrumento da Natureza, sem qualquer intermediário, plano, projeto, qualificação ou preparo. Existe sim essa conexão divina e o arquétipo de São Francisco de Assis chegou a minha mente.
Estava eu e elas conectadas por um sentimento que nos uniu e a operação de limpeza havia sido estabelecida entre espécies. Eu não podia acreditar, nem explicar, estava duvidando ainda que estivesse vivendo, mas decidi continuar.
A praia nesse dia estava lotada, era feriado e as Gaivotas estavam me levando onde os turistas estavam, ninguém durante quatro horas percebeu o que estava acontecendo. Eu chorando, sendo guiado por uma Gaivota, e seu bando acompanhando-me acima de mim.
Na quinta hora de limpeza na praia com as Gaivotas, quando a praia estava esvaziando-se no sol poente, começaram a chegar pessoas que haviam observado a relação das Gaivotas e o lixo.
A primeira foi um senhor alcoolizado, também chorando como eu ao perceber o que estava acontecendo ele me disse: As Gaivotas estão te seguindo! E eu respondi: Eu estou seguindo elas!
Logo, muitas crianças felizes e famílias se uniram e juntos felizes limpamos a praia até anoitecer, juntos as Gaivotas, estavam no final mais espécies como Bem-Te-Vis e Quero-Queros. Por onde passávamos as Pombas deixavam o local. Esse encontro foi místico e sou muito agradecido por ter vivido esse despertar.
No dia seguinte, 08 de Setembro de 2012, fui a praia sozinho, ainda sentindo-me muito estranho pelo que havia acontecido. Sentia muitas dores no bumbum, por ter abaixado muito para recolher lixo na praia e me perguntava, essa dor é real, as gaivotas são reais, mas porque eu ainda não acredito no que aconteceu ontem.
Fechei meus olhos, e perguntei ao meu coração: por favor, se realmente isso foi uma comunicação com as gaivotas, com a Mãe Terra, envie novamente as gaivotas uma última vez e eu nunca mais vou duvidar.
Quando abri os olhos, a frente, estavam chegando um bando de gaivotas e elas começaram a voar em cima de mim, circumbalando-me novamente. Elas estavam novamente comunicando comigo, em resposta a meu falta de fé na Mãe Terra. Eu fui ao chão, fiz reverências com a cabeça na areia e comecei a chorar.
Nesse momento entendi que era um chamado, e não uma benção, a dor no bumbum indicava um “chute na bunda” para eu despertar e cumprir meu dever prescrito de servir a Natureza. Havia entendido que as gaivotas haviam sido como um mestre, ensinando-me a agir e cooperar com a situação atual de contaminação, não somente da praia, mas de meus pensamentos e conduta. Chegaria o momento de purificar-me, deixar de intoxicar-me e seguir uma vida regulada.
Abaixo uma canção que fiz na noite desse encontro:
https://soundcloud.com/diogo-lopes-825493319/gaivota
Gaivota voou
caminho mostrou
a mensagem passouGaivota passou
caminho mostrou
a mensagem chegouIãnsam falou pra menino parar, respirar
e limpar o seu pensar
Xangô ensinou a trilha por entre as pedras
que o tempo é certeiro e não espera
precisa coragem menino dar basta
ir de fato viver abrir suas asasGaivota voou
caminho mostrou
a mensagem passouGaivota passou
caminho mostrou
a mensagem chegouOuvir o chamado e como gaivota voar
reconhecer a força do bando
e se ver no espelho do mar
Letra e Música: Diogo Lopes Lizandra Hachuy e Peter Gabriel Moreira
A fé na divindade sempre teve presente, por influência de minha família, certamente. Lembro desde de criança na casa de meus avôs diversos santos, das missas dominicais. Meus avôs devotos de Jesus e minha mãe de Santa Rita de Cassia. Sempre tive uma afinidade com São Francisco de Assis por cuidar dos animais e de Santo Antonio por cuidar dos pobres.
Em 2010 lembro-me de visitar a Umbanda, pois minha irmã, Mariana Lopes, havia iniciado sua prática espiritual por meio de seu esposo, Flávio Kenji. Um dia uma Mãe de Santo me disse: Esse cigano que te acompanha, que esta sempre ao seu lado, esta me dizendo que em sua vida haverá muita música e canto, onde quer que você esteja. Lembro-me de me perguntar: Será que eu vou viajar muito para outros países?
A Umbanda teve um papel muito importante nesse processo de formação de minha espiritualidade. Ela me passou muitas informações sobre o serviço ao próximo, sobre a reverência e o respeito as entidades da Natureza. Certamente foi uma influência grande no meu processo de formação e sou grato por ter a proteção de Oxalá, Ogum e Oxossi, orixás, ou seja, arquétipos que representam a conexão com personalidades fragmentárias da divindade.
No dia em que fui ao terreiro, convidado pelos Orixás, para segurar a imagem de Ogum, o arquétipo do Guerreiro, foi muito especial. Sentia que estava sendo protegido. Anos depois, quando militei seriamente e de forma até considerada por muitos polêmica a favor das mudanças estruturais legislativas em defesa do meio ambiente, me lembrava desse momento e da guia de Ogum.
Na composição que fiz em homenagem ao episódio das Gaivotas esta evidente a influência dessa associação com a Umbanda, através do terreiro que Mariana e Flávio Kenji frequentam.
ayi nanda-tanuja kinkaram patitam mam visame bhavambudhau krpata tava pada pankaja sthita-dhuli-sadrsam vicintaya
“O filho de Maharaj Nanda, Krisna, sou vosso servo eterno, mas, de alguma maneira caí no oceano de nascimentos e mortes. Por favor, retirai-Me deste oceano de mortes e deixai-Me permanecer como um dos átomos a Vossos pés de lótus”. (Siksastaka 5).
Ao voltar a Botucatu, depois da viagem a Peruíbe/SP, onde ocorreu o encontro com as Gaivotas, procurei no Google quem estava trabalhando com limpeza de praias e encontrei uma reportagem de Fabiano Barreto e a Global Garbage.
Fabiano estava inspirando ao redor do mundo a criação de Associações de Lixo Marinho. Contei a ele o episódio das aves e ele me disse: com você também aconteceu! Fui junto com Fabiano um dos membros fundadores da Associação Brasileira de Lixo Marinho a convite de Fabiano.
dukhesv anudvigna-manah sukesu vigata-sprhah vita-raga-bhaya-krodhah-dhir munir ucyte
Aquele cuja mente não é perturbada mesmo estando rodeado das três classes de misérias, e nem se exalta quando há felicidade, e que esta livre do apego do medo e da ira é chamado um sábio de mente estável (Bhagavad Gita 2.56)
Enquanto isso na política ambiental da cidade de Botucatu/SP, dois assuntos estavam sendo discutidos no momento e que me fizeram entender a sincronia com as mensagens recebidas pelos pássaros:
1. A revisão e aprovação do Código Municipal Ambiental de Botucatu.
Em uma reunião ordinária do COMDEMA, de Agosto de 2013, um conselheiro comentou que já existia legislações definidas sobre meio ambiente. Bastávamos segui-las. Nesse momento tive um estalo: é isso! Tenho que estudar todas as leis. Iniciando pelo município!
Quando me deparei com o Código Municipal Ambiental, após estudar o Plano Diretor Participativo, espantei ao ver que ele ainda não era lei.
Existia apenas um projeto de lei do Código, e segundo as contas, esse já esperando há 25 anos sua aprovação de acordo com a exigência da Lei Orgânica.
Foquei dois anos de minha vida para que esse instrumento fosse aprovado. Finalmente, depois de muito diálogo e trabalho coletivo, conseguimos incidir na aprovação!
Cito esse cenário para registrar as futuras gerações sobre a importância desse instrumento legal como uma das garantias legais de um meio ambiente íntegro e abundante. Entretanto, este instrumento não é o único.
Devemos exigir que esse Código seja implementado que seja instrumentalizado na sua totalidade, agora, com a participação da sociedade e de forma transdisciplinar e circular.
Uma gestão política não deve ser vertical. Em todas as secretárias municipais, exemplo: obras, cultura, transportes, se relaciona a esfera ambiental. Ver o ambiente como “meio” e não a totalidade é um ponto cego.
Agradeço muito aos colegas que toparam realizar essa missão, Carlos Linder, Mônica Gasparini, Leonardo Fulgueiral, Talita Rassini, Paulo Sardenberg, Ju Griese, Renata Fonseca, Inspetor Destro (GMC), Gustavo Bilo. Agradeço aos que elaboraram o Código Municipal, ONG e profissionais, de 2007 a 2009, entre esses o Dr. José Eduardo Bittar e ONG SOS CUESTA.
O código municipal ambiental é a linha mestra para manter os trabalhos fundamentais do meio ambiente em nossa cidade, hoje esses instrumentos normalmente são ignorados por atores de administração pública e pelos cidadãos, por falta de informação e consciência ambiental.
Basta analisar os códigos e suas regulações e verifique se eles estão sendo implementados em ações e confirmem. Cito a questão da Ética Ambiental que pode ser o vetor de integração entre todas as secretárias. Esta sendo desenvolvida?
Como será a cidade daqui a 100 anos? Podemos prever e planejá-lo, de forma sustentável. Somente assim pausamos a escassez dos recursos naturais e sua contaminação.
O Código Municipal Ambiental de Botucatu foi aprovado em 6 de abril de 2015 após 25 anos de constar em sua Lei Orgânica por meio do Plano Diretor Participativo e publicado no dia de celebração de Ogum.
Em 2013 comecei o processo de incidir para que este fosse aprovado e me dediquei inspirado pela mensagem que recebi das Gaivotas. Abaixo uma intervenção que realizamos para chamar a atenção dessa necessidade.
Muitos desses processos como audiências públicas e encontros de sensibilização, que anteriormente chamava de protestos, estão registrado em vídeos no canal TVBotucatu do Youtube.
Um encontro muito bacana foi com Vinicius Kurep. Ele é de Alta Mira e juntos fizemos alguns eventos artísticos musicais. Ele em Alta Mira foi contra a hidrelétrica de Belo Monte. Chegou até a ser baleado quando protestava contra a construção.
Sua narrativa sobre a situação de Alta Mira no Pará é chocante. Meu avô Fábio, engenheiro civil me revelou que ao ser contratado para realizar uma das etapas da avaliação de impacto ambiental da barragem, chegou a conclusão que a mesma não é viável economicamente por conta da distância e da pequena quantidade de meses em que a cheia do rio Xingu tem.
Li um artigo que dizia que a barragem era pano de fundo para a mineração de ouro. Há colonização agora chama-se Globalização.
2. Política Municipal de Resíduos Sólidos.
Em 2012 um projeto de lei (034/2012) de autoria do Prefeito Municipal previa a terceirização do aterro municipal e do sistema de coleta de lixo.
Nesse momento pesquisamos sobre as empresas concorrentes e descobrimos que todas fazem de uma espécie de Máfia do Lixo, sempre concorrem junta e estão conectadas, por meio da gestão de aterros que faturam milhões, mesmo tendo um valor de manutenção baixo, o que garante lucros que financiam campanhas e a manutenção do poder político.
Muito dinheiro e pouca responsabilidade e resultados, ainda que hajam respostas técnicas e legais para todas as problemáticas, que quando questionadas.
Geralmente os ativistas são desqualificadas através de um sistema blindado pelo capital. A própria Polícia Federal me comunicou por e-mail na ocasião em resposta a minha denúncia: “Não se envolva, nós já sabemos”.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos por meio da Lei 12.305/2010 apresenta muitas regras e regulações que de fato visam dar soluções para antigos problemas como por exemplo: o fechamento de lixões, sem dúvida, podemos vislumbrar uma nova realidade para 50,8% dos municípios que ainda se utilizam desta forma primitiva e ecologicamente imprestável como destino final do lixo se a lei fosse cumprida de forma responsável.
O interessante, antes de mais nada, é a definição de que a responsabilidade é de todos(Estado, setor privado e consumidores) pela redução da produção de resíduos e dos problemas que eles acarretam.
Portanto, o Município e o Estado devem planejar e o setor produtivo deve pensar em reduzir os impactos ambientais na produção, e ainda recolher seus produtos (embalagens)após o uso, e os consumidores devem buscar reduzir o consumo e separar o lixo para a coleta seletiva que os municípios devem implementar.
Vale citar:
Instrumentos inovadores e que ainda devem ser aprimorados, pois não atuam na causa, como a redução do consumo,
A lei estabelece claramente a responsabilidade de todos pelo ciclo de vida dos produtos, ou seja, pelas etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e insumos, o processo produtivo,o consumo e a disposição final. A chamada Logística Reversa.
O próprio consumidor é em alguns casos responsável pelo descarte de tais produtos, bem como está obrigado a separar e disponibilizar adequadamente seu lixo nos casos em que houver coleta seletiva no município.
yada hi nendriyarthesu na karmasv anusajjate sarva-sankalpa-sannyasi yogarudhas tadocyate
Diz-se que a pessoa está elevada em yoga quando, tendo renunciado a todos os desejos materiais, não age em troca de gozo dos sentidos nem se ocupa em atividades fruitivas. (Bhagavad Gita 6.4)
Fui convidado a participar da Rio+20 e narrar como o Gondola Segura iria atuar apoiando positivamente o clima através de uma plataforma que fora incentivar uma alimentação sem agrotóxicos.
Na ocasião convidei o catador de recicláveis Mauro Pena a participar comigo, após conhecer seu projeto Banco Ecológico do Brasil, onde ele via uma maneira de gerar renda com o lixo e também de integrar a plataforma de rastreabilidade como uma ferramenta de controle ecológico das embalagens.
Conheci ele graças as audiências públicas sobre o aterro, e poucos dias depois estávamos juntos no Rio de Janeiro em uma aventura ecológica que é narrada no vídeo abaixo junto com sua equipe, Walney Jorge e Adilson Maschetti:
Voltando a audiência pública que integrou essa trupe capira em trono do lixo da cidade de Botucatu/SP onde estávamos engajados em participar das decisões políticas com enfase no desenvolvimento sustentável:
Com base nesse evento, a audiência pública, que aparentemente era para resolver a situação do aterro e do lixo e suas relações, algo que me conectei de forma profunda, descobri um lado da política comum para muitos, e desconhecida para mim, um processo operacional padrão: As Máfias e contratos super faturados.
Assim conheci e cheguei na política, pelo Lixo da Praia, através do chamado das Gaivotas que me levaram indiretamente a participar das audiências públicas da concessão do aterro da cidade.
Decidi investigar por mim mesmo as condições do então chamado Lixão de Botucatu, em processo de vir a ser um Aterro Sanitário, com a proposta de concessionado por 40 anos, segundo alguns militantes, e denúncias, possivelmente por uma máfia [cartel de empresas que se revesam nos processos de concessão. Digite “Máfia do Lixo” no Google].
Nesse processo passei a ser um investigador para formar minha própria opinião.
Pouco a pouco fomos entendendo mais profundamente toda essa situação.
De investigador, ou analista de controle social, passei a ser um antagonista enviando algumas denúncias ao Ministério Público, por meio da Promotoria Pública do município.
Chegava agora a outro sujeito oculto na minha vida, pelas práticas e arranjos ilegais do executivo e o setor privado, descobriria a falível Justiça dos homens.
Novamente as sincronicidades se fazem presente. O vídeo acima é a amostra de como mesmo sem querer acabamos instrumentos da Natureza e da verdade.
Na época o descarte do chorume do Aterro, que já estava vazando para uma nascente, estava sendo feito no início da estação de coleta de esgoto da SABESP pela empresa concessionária do Aterro, sem laudo ou contrato técnico. Ou seja, irregularmente, em um arranjo informal sem segurança técnica.
Descobrimos que o chorume do Aterro Sanitário de Botucatu vaza para uma das Nascentes do Rio Pardo, que abastece a cidade e que a empresa não tratava o Chorume, pelo contrário, descartava no sistema esgoto, onde depois de cruzar toda a cidade, passando pela estação elevatória, seria novamente enviado ao Ribeirão Lavapés.
Pelo fato de ter assumido a função de voluntário da ONG Nascentes e estar dentro de alguns de seus papéis legais, como representante legal, tornei-me algo que eu desconhecia: um cidadão consciente. Descobri também que todos deveriam atuar dessa forma, tive vergonha de nunca ter me informado sobre como a cidade funcionava, sobre o que significa ser cidadão e como o sistema funciona: executivo, legislativo e judiciário. Porque nunca aprendi isso na escola?
O vídeo acima foi uma tentativa de publicitar ações e reações sobre o tema, no intuito de atrair mais cidadãos para a causa da concessão do aterro, mas na verdade, meu interesse estava em como reduzir a geração do lixo e seu impacto na Natureza.
No fim, terminei enviando algumas denúncias ao Ministério Público e gerando inimigos. Eu desconhecia uma poderosa arma na época: o diálogo e a busca por acordos através da mediação.
A denúncia não adiantou. Os arranjos entre SABESP, Empresa Concessionária e Prefeitura foram muito mais inteligentes que o meu.
Eles conseguiram um laudo e um contrato retroativo, e logo o que eu afirmava que não existia nos vídeos, apareceu, e então, o promotor não caracterizou o crime. Isso foi dito a mim em uma audiência pública com um sentimento de desqualificação da minha participação cidadã, imatura e sem conhecimento ou preparo. Me senti muito frustrado quando o Secretário de Meio Ambiente rindo, me disse: viu, não adiantou nada sua denúncia.
Cai no campo do terceiro setor sem experiência, técnica ou qualquer conhecimento de como os três poderes, executivo, legislativo e judiciário funcionavam, nem mesmo da mídia, parcial por interesses econômicos assim como o setor privado.
Nesse período, vi cidadãos trocando votos que poderiam beneficiar a cidade, os cidadãos e a Natureza por interesses pessoais e seus modos de atuar na política mais parecia, produto e mercadoria.
Não entendia porque ninguém interessava-se pela interação e participação social. Descobri que eu estava praticando chamava-se controle social e que muitos como eu eram conhecidos como polêmicos e loucos e atuavam isoladamente.
Vale muito compartilhar aqui um vídeo do ex vereador Dr. Bittar, uma dos poucos que na época estava aberto ao diálogo e ao aprofundamento técnico sobre o debate, além da necessidade imediata de fornecer um contrato, aparentemente, de acordo com as evidências e estudos financeiros, super faturado, em hipóteses sem propriedade, a uma empresa terceirizada.
Acabei sem conseguir dormir nesse período, pensando em como ajudar a Natureza, sem entender porque alguns que estavam cientes de irregularidades, a respeito do lixo e da ineficiência da concessão, tecnicamente, mas não posicionavam-se contra.
Comecei a usar os vídeos como instrumento de registros e sensibilização.
O vídeo acima é um exemplo. Ainda sem qualquer instrumento para poder incidir desde da proposição / propostas, fui para o embate e para as críticas.
Eu desconhecia por exemplo programas como Guerreiros sem Armas do Instituto Elos onde as pessoas são protagonistas das mudanças por meio de projetos colaborativos. Não sabia quais os riscos desse ativismo e nem como proceder no processo de incidência política de forma assertiva ou sem prejudicar-me, em termos de segurança.
Os vídeos foram meus companheiros, onde com minha inconformidade, passei a registrar os eventos que considerava equívocos. Um foi a retirada de uma árvore centenária, mesmo sendo possível deixá-la. Fiz de tudo para que ela não fosse cortada. Provei, argumentei, protocolei e por fim, nada adiantou.
Outro vídeo, ainda no sistema passado de engajamento pela crítica: esse vídeo, alertando de uma obra que invadiu uma APP, Área de Proteção Permanente, uma margem de um córrego foi um feito a pedido de um Secretário Municipal da Prefeitura. Ele pediu para eu ajudá-lo, pois seu pai estava muito triste com a destruição e o impacto do local onde eles moravam.
Compreendi então que essas estratégias foram e são inócuas. As críticas e as denúncias não geravam engajamento, geravam medo e distanciamento além de conflitos. Passei e perceber que muitos não se interessavam pela Natureza ou se sim, achavam que não existia o que ser feito, uma vez que, tendo dinheiro, pode-se tudo.
Passei a tentar sensibilizar as pessoas para unirem-se a ONG Nascentes. Tinha que conseguir mais apoiadores e voluntários. Sozinho seria impossível. Então mudei a forma de comunicar-me.
O vídeo acima foi uma forma de convidar as pessoas de forma mais amigável e o resultado: engajamento. Encontrei na comunicação assertiva uma solução emergente para atrair voluntários.
Descobri nesse caminho que para engajar pessoas a uma causa temos que ser propositivos e livres de julgamentos e críticas. O resultado do meu ativismo no modelo violento? Três ameças de mortes.
O meu envolvimento com o Ministério Público foi um romance fugaz. Eu me apaixonei pela sua função e seus papéis dos quais ele se propõe. Também me apaixonei pela função da Câmara Legislativa e a função de fiscalizar o Poder Executivo. Na prática, tudo uma grande ilusão. São todos blindados pelo poder econômico e de influência política de máfias e cartéis.
Passei a publicar todas as sessões da Câmara Municipal no Youtube. Atualmente eles mesmos o fazem, mas antes, não havia como assistir de casa.
Em uma das sessões, eu percebi com ajuda do vereador que eu votei, uma irregularidade. Era uma caracterização de contrato super faturado, sem licitação. O maior da história da cidade sem licitação. Investiguei com envolvidos e o resultado do produto comprado não era eficaz e ainda estava sem uso.
Na internet descobri novamente um cartel ligado a essa empresa, achei denúncias e processos onde a mesma estava sendo acusada de super faturar e receber ilicitamente, através de sua narrativa comercial. Quando recebi o retorno dos funcionários da Prefeitura que o caso de outros municípios se repetia aqui: não pensei duas vezes e enviei minha investigação para a Promotoria.
A denúncia foi aceita. Fiz essa denúncia motivado em abrir os olhos do Poder Executivo a importância de gerir os recursos com sabedoria para que as prioridades da Natureza sejam incluídas e atendidas.
O desdobramento desse caso é muito sério e triste ao mesmo tempo. Sério pois trata-se de um contrato de 11 milhões de reais e triste porque eu me tornei vítima do processo. Fui coagido, assediado dentro do próprio tribunal de justiça, durante meu depoimento e ameaçado fora do tribunal.
Descobri que a justiça no Brasil, o Ministério Público e a Legislação é disfuncional. São inócuas e ainda prejudicam os que querem cumpri-las.
Me uni a outros ambientalistas e outras associações como a ITAPOTY de Itatinga/SP e tentei apoiá-los, mas em pouco tempo era inevitável, teria que sair da cidade que passei a servir, a pedido da Natureza.
Essas foram minhas últimas atuações na região centro oeste Paulista antes de minha retirada.
anasritah karma-phalam karyam karma karoti yah sa sannyasi ca yogi ca na niragnir na cakriyah
Alguém que não está apegado aos frutos de seu trabalho e que trabalha conforme sua obrigação está na ordem de vida renunciada e é um místico de verdade, mas esta definição não se aplica àquele que não ascende nenhum fogo nem cumpre dever algum. (Bhagavd Gita)
Um dos locais em que busquei refúgio no período de 2014, época em que tive que depor conta a denúncia que encaminhei ao Ministério Público foi a Eco Vila Terra do Una em Minas Gerais.
Fui para participar do curso GAIA EDUCATION. Lá conheci muitas pessoas interessantes e diversos conteúdos conectados com a transição de uma visão de mundo de consumo, para uma visão de mundo de equilíbrio e consciência sistêmica.
Durante minha estadia em Terra Una tivemos a oportunidade de participar de um projeto chamado The Human Sound Project. O australiano Samon viajou por diversos países fazendo música orgânica com diversos grupos inspiradores em locais incríveis. Abaixo, o resultado desse encontro:
Ah! E o Plano de Resíduos Sólidos Municipal? Estou em 27/12/2019 atualizando esse compilado de memórias e ainda não foi aprovado.
Por muitas vezes senti que poderíamos ter um curso de Analista de Controle Social, para dinamizar os três poderes. A mídia atualmente cumpre esse papel, o quase sempre com interesses ou com sensacionalismo.
Tenho acompanhado trabalhos de jornalistas que me inspiram muito como o de Jornalismo investigativo do Repórter Brasil.
Esse trabalho é bem na linha do que imagino para essa função de controle social. Atualmente as conhecidas mídias independentes como a Mídia Ninja e interdependentes como a Porque não também me inspiram.
Outra referência a o trabalho da Escola de Notícias, que trás o conceito de Educomunicação, uma simbiose entre Educação e Notícia.
O quarto poder, ou seja, como é conhecida a mídia se revelou a mim por meio da biografia de Francisco Assis Chateaubriand, escrito por Fernando Morais.
Para entender a situação atual do Brasil, uma obra fantástica, que quando li não pude compreender sua essência até viver todos esses pontos acima que integram a sociedade em sua total distorção, disfuncionalidade e desengajamento cívico e desconexão como identidade.
Ainda inspirado em servir como um meio de sensibilizar a leitura do mundo, de nosso mundo, de forma real, investi na compra do domínio www.botucatu.com.br com ajuda do meu pai Julio Cesar e do jornalista Pedro Manhães.
Na época, ofereci ao jornalista Sérgio Viana, que na inspirou-me confiança, por conta de seus textos, e reportagens, em ser um instrumento para cuidar com carinho e integridade de uma nova forma de fazer notícia na cidade.
Atualmente o projeto Notícias.Botucatu esta sendo gerenciado pelo jornalista Flávio Fogueral e em uma conversa recente, falávamos da necessidade de tornar o projeto colaborativo e integrado aos cidadãos com a visão de gerar impactos positivos.
uddhared atmanatmanam natmanam avasadayet atmaiva hy atmano bandhur atmaiva ripur atmanah
Com a ajuda de sua mente, a pessoa deve se libertar, e não se degradar. A mente é a amiga da alma condicionada, e sua inimiga também. (Bhagavad Gita 6.5)
Passando pela cidade, de visita, acabo de sair de um ato do COMSEA — Conselho de Segurança Alimentar Municipal no Bosque onde encontrei amigos queridos, manifestando a indignação da revogação do COMSEA Federal pelo atual Presidente da República.
Senti muito carinho pela família que tenho e pelo exemplo de resistência pacífica e inteligente.
O Instituto Giramundo e seus parceiros estavam oferecendo comida de verdade gratuita, chamando a atenção para a importância da Segurança Alimentar.
Durante o ano de 2014 e 2015 participei também, graças a ONG Nascentes do Conselho Municipal de Segurança Alimentar como conselheiro onde aprendi bastante sobre a ineficácia do sistema político, acadêmico e cívico em relação a assuntos como abastecimento da merenda escolar, da visão sistêmica e integrativa entre alimentação e saúde pública e de questões como o impacto do crescimento urbano na agricultura familiar.
Conheci a fundo o sistema. Me envolvi com a câmara dos vereadores, e os vereadores com as Secretárias Municipais e os Secretários, com os Conselhos e Conselheiros e com algumas entidades da sociedade civil organizada.
Entendi que todos estão orbitando em volta do poder econômico. A Economia vista como um ponto cego: simplesmente o financeiro, trás consequências graves a nossa sociedade.
Uma das situações que me chamaram a atenção, e que demonstram o êxito do ativismo, foi quando sendo um voluntário da causa do consumo consciente uma grande empresa de refrigerante pagou perfis fakes para me ameaçar.
Conheci o Wilson na rua, em um encontro ao acaso. Ficamos amigos e eu por meu próprio interesse estudei o caso do consumidor Wilson Batista Rezende a fundo. Estudei o processo e publiquei na internet, fizemos um site para ele e levamos ele a fazer ações de conscientização em escolas municipais de Botucatu/SP. O site foi invadido e o processo, deletado.
Passei aproximadamente um ano gerindo a página do facebook de Wilson. De 2013 até 2014, sendo que ainda tinha acesso até meados de 2016, quando deixei de ser administrador. Apresentei Wilson ao Reclame Aqui, quem tinha conhecido pelo empreendedor Endeavour Thiago Venco e me mantive focado em aprender nesse processo de controle social.
Após esse serviço de publicar o processo de Wilson e acompanhar-lo, comecei a receber ameaças por contas fakes no Facebook agredindo-me. Algumas dessas me confessaram que esse processo de coação digital estavam sendo pagos e que minha militância estava gerando inimigos grandes e minha vida corria perigo.
No ano de 2015, após uma militância forte na internet, de dois anos, saia uma evidência que o consumo consciente e o consumidor tem poder.
dhambo darpo bhimanas ca krodahah parusyam eva ca ajnanam cabhijatasya partha sampadam asurim
Orgulho, arrogância, presunção, ira, rispidez e ignorância — estas qualidades pertencem aqueles cuja natureza é demoníaca, ó filho de Prtha.
(Bhagavad Gita 16.4)
Em meados de 2014, a Área de Proteção Ambiental — APA de Botucatu teve seu plano de manejo aprovado o que representava uma avanço na gestão ambiental municipal com engajamento estadual.
Uma articulação liderada pela FIESP juntamente com a Secretaria de Meio Ambiente estadual, foi responsável pela revogação de uma cláusula do Plano de Manejo desenvolvido por técnicos, que restringia o uso de sementes transgênicas na região da APA de Botucatu.
No vídeo abaixo, alertei sobre a questão.
Em uma viagem a Brasília/DF na ocasião fomos pessoalmente conversar com o então senador Eduardo Suplicy e Cristovam Buarque, com apoio do Giovani Mockus que nos introduziu, sobre a nossa questão, onde pedimos uma legislação federal que viesse a restringir o uso de transgênicos em área de proteção ambiental, ou que a regulamentasse.
Ambos apoiaram a causa e transmitiram por redes sociais o apoio a Zonas Livres de Transgênicos na APA de Botucatu.
Participei nesse período junto a ABD — Associação Biodinâmica, diretamente com o engenheiro agrônomo Pedro Jovchelevich, do projeto ZONAS LIVRES DE TRANSGÊNICOS, um portal que tem como finalidade educar a respeitos dos riscos sobre os transgênicos.
Descobri nesse momento a gravidade do assunto e a falta de conhecimento da população a respeito dos efeitos de consumir alimentos geneticamente modificados. Esse é um assunto que merece um aprofundamento, pois impacta diretamente na saúde coletiva.
Quer dizer que poderíamos favorecer a economia e a qualidade de vida de nossa população ao invés de acelerar a contaminação genética das sementes nativas.
Se por um lado temos grandes empresas monopolizando o mercado de sementes alteradas geneticamente, dizendo-se donas de patentes, o que é certamente uma apropriação condicionada e limitada, já que a função da vida é compartilhar e não restringir o acesso a essas funções reprodutivas, temos um avanço desse tipo de prática e pensamento corporativo por meio de fusões que demonstram a complementariedade sistêmica de interesses nocivos a coletividade e a desinformação dos cidadãos sobre as consequências e impactos desse consumo.
Alguns exemplo dessas práticas distorcionadas:
- Empresas que produzem agroquímicos fundem-se com empresas que desenvolve fármacos para curar doenças como o câncer, que advém do próprio uso desses agro químicos.
- As próprias Empresas interessadas no uso desses produtos e práticas nocivas financiam as pesquisas dos impactos de seus portfólios.
- Pesquisadores e cientistas que atuam em câmaras técnicas de biosegurança, multisetoriais de aprovação e regulamentação desse susos são financiados e patrocinados há anos por essas empresas.
Se não bastasse os avanços dessas práticas nas sementes nativas, no meio desse turbilhão de acontecimentos, como as ameaças do fim da rotulagem sobre transgênicos, tive a oportunidade de participar de discussões ativas com os setores interessados em aplicar a transgenia em Árvores e em Mosquitos.
Nesse momento minha ansiedade crescia pois me associei a especialistas que trabalharam suas vidas inteiras pesquisando os efeitos dessas práticas e a advertência era impactante: não sabemos o que podemos afetar com essas liberações. As pesquisas realizadas na Europa foram graves. Lá a transgenia esta sendo proibida.
No Brasil, as liberações, eram feitos políticos, ou seja, sem qualquer aprofundamento técnico. A sensação era de pavor, assistir as decisões serem tomadas de forma unilateral.
Pesquisando a respeito, Pedro encontrou duas leis municipais em Botucatu/SP que restringem a venda de alimentos transgênicos em gondolas separas e proíbe a venda de transgênicos na merenda escolar.
Na época, nenhuma das duas leis eram cumpridas.
Todo esse movimento teve como ativação o processo de aprovação do Plano de Manejo da APA — Área de Proteção Ambiental de Botucatu. Este plano foi elaborado por uma empresa especializada que concluiu por ser a área um dos pontos de recarga do Aquífero Guaraní, não ser permitido o uso de transgênicos.
Logo no momento da aprovação do Plano, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, através de uma articulação da FIESP vetou esse item do Plano, causando um sentimento de frustração na sociedade civil organizada que havia realizado o processo de forma participativa e dentro de um processo operacional legal.
Botucatu/SP tem uma das maiores florestas de Eucalipto do Brasil. Lá estão empresas que no mesmo momento acabavam de adquirir uma startup do oriente médio especializada em transgenia de árvores. Por conta desse processo, as instituições da sociedade civil realizaram um evento chamado Diálogo Florestal onde as empresas e os gestores ambientais dialogaram sobre seus pontos de vistas buscando uma convergência.
Outro encontro muito impactante para mim, como indivíduo em processo de formação, como ser humano, ativista e voluntário, foi com o professor da USP e ex-membro da CTNBio, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, Paulo Kageyama (in memoriam), uma das grandes referências sobre o tema.
Conheci o Paulo em uma audiência pública sobre as árvores transgênicas na sede da FINEP em Brasilia/DF. Ele por ter participado da CTNBio sempre alertava para a articulação de empresas que pagavam os cientistas para realizar as pesquisas que a comissão utilizavam.
Evidente que vão defender quem esta financiando, comentava. Prof. Paulo era enfático: não vivemos uma democracia.
Para entender um pouco mais sobre o tema de árvores transgênicas, compartilho um vídeo que fiz com a Prof. Dra. Esther a respeito do tema. Aproveito o ensejo para comentar que depois que gravei esses vídeos um senhor chegou ao mim e me disse: Se quiser viver, não publique esses vídeos.
Depois que publiquei esses vídeos, um outro cientista que me conectei e continuei trocando mensagens, também membro da CTNBio me escreveu para alertar-me.
Ele teve conhecimento em uma empresa que visitou para um dia de campo, a convite da própria empresa devido ao processo de liberação das árvores transgênicas, uma lista com nomes que eram taxados como inimigos.
Esse cientista me escreveu: Eles estão bem bravos com você. Tenha cuidado.
Uma vez encontrei-me pessoalmente com a Dra. Vandana Shiva, ativista internacional que defende as sementes nativas e denúncia grandes empresas como a MonSanto, Bayer, Syngenta e Dow. Ela me inspirou e inspira muito. Perguntei a ela: como nós ativistas iniciantes podemos ter uma atuação relevante na defesa da Natureza. Ela me disse:
continue fixo no seu objetivo e não se desvie dele.
yare dekha, tare kaha krsna-updesa amara ajnaya guru hana tara ei desa
Instrui todos a seguirem as ordens que o Senhor Sri Krisna apresenta no Bhagavad Gita e no Srimad Bhagavatam. Dessa maneira, torna-se um mestre espiritual e tenta liberar todas as pessoas desta Terra. (Caitanya-caritamrta, Madhya 7.128)
Meus objetivos sempre estiveram em ser útil aos demais de alguma forma em que pudesse aprender e compartilhar o que aprendi. Minha história encontrou esse propósito como voluntário. Nesse posto, que para mim me parece super elevado, pois nos coloca a servir a quem mais precisa, nós mesmos, passou por minha vida de várias formas e maneiras, sem eu esperar. Sempre havia uma oportunidade de servir e eu ia atrás de ser útil, até quando não sabia o que tinha que compartilhar.
Conectei-me em 2010 com o intuito de servir pela música o NUTRAS — Núcleo de Transformação Social, localizado no bairro Santa Eliza.
Lá eu ofereci aulas de música a crianças do projeto Meninos do Brasil, um dos primeiros grupos de escoteiros criados na periferia. Porém, tive que aprender primeiro. Isso me levou a ter aulas com o Maestro José Claudio Lino, para depois, ir ensinar os jovens.
Abaixo um vídeo onde juntamente com dois amigos: Wesley Noog e Piteco, quando fizemos uma bagunça com as crianças. Nesse mesmo ano organizamos um festival de música na cidade inspirado na narrativa do Wesley Noog: Mameluco Afro Brasileiro no dia da Consciência Negra, 20 de Novembro de 2010.
Vários amigos da cena cultural participaram desse encontro realizado na Fazenda MAC: Peter Moreira, Felipe Altivo, Fernanda Ribeiro, Gustavo Prafente, Mandala, Alessio e Dael, Fernando Vasques, Marilia Coelho, Gui Gasparine, Magico, Ale MorerIa, Marilia Duarte e Pablo da Gaita.
Depois da adolescência, na década de 90, onde me conectei com os festivais de música alternativa, produzindo alguns festivais de punk rock, e também tocando em outros. Um dos meus primeiros empregos remunerados foi ser assistente da banda Queda Livre, uma banda que tinha relativo sucesso na cidade. Eu montava o palco, afinava os instrumentos, e desmontava o palco. Ganhava por apresentação e me sentia satisfeito por entrar nas festas sem pagar.
Esse período foi de muita incerteza e confusão. Eu gostava muito da música, a conexão com a música surgiu em minha através de uma frustração. Desisti do Judô por conta do modelo competitivo e deixei de praticar esporte, pois não me motivará a conduta da autoridade e da competição.
Somente depois de anos fiz essa conexão.
A minha relação com a música era desde de um processo de rebeldia, por querer fazer algo que substituísse a paixão que tinha com o Judô.
Idealizei a banda que fui convidado a fazer parte como uma equipe e família, o Belivers, uma banda de Hard Core, mas isso vinha do tatame, de um desejo de vencer e projetei o sucesso nesse grupo.
Logo, seria impossível continuar sustentando a banda, uma vez que os vínculos não estavam baseados em uma entrega sincera ao propósito de auto desenvolvimento coletivo.
Esse foi meu rito de passagem para a vida adulta, ir a viver em São Paulo, saindo de um projeto frustrante, a Banda que teve origem de uma frustração, a saída do Judô, por não ter sido acolhido quando deixei de ser disciplinado e comecei a faltar.
A minha adolescência foi marcada por alguns processos: o esporte, a música e o movimento punk.
Quando estava com 17 anos, em uma situação de muitas incertezas, sobre o que fazer da vida, foi o movimento punk e anarquista que me ofereceu refúgio. Os festivais e as bandas foram espaços onde sonhávamos e colaborávamos. Foram minhas primeiras formações de facilitador de projetos colaborativos.
Esses dias (2019) encontrei um punk na rua, por três vezes, em três dias diferentes e em locais diferentes, na terceira vez que vi o mesmo rapaz,eu tive que fazer contato e gritei alto:
“Os punks não morreram, eles agora são professores de Yoga”
Ele sorriu e ficamos conversando por horas, um jovem de 16 anos, com uma energia muito linda, apesar do aspecto “rude”. Falamos sobre a importância de questionadores e desconstrutores de crenças e do valor do não, sobre um “falso positivo” que nos impõe um sistema de consumo.
Ele me convidou para ir na escola dele e fazer uma roda de conversa com seus colegas, onde ele sente que os jovens não estão felizes. Já conversei com a Professora e fomos lá, revitalizar a memória ancestral das tribos e suas expressões coletivas de arte agora canalizada em movimentos anarquistas urbanos.
Deixei a banda, para outro contexto e projeto mais frustrante ainda a Universidade. Cheguei em um local vazio, sem qualquer estímulo a criatividade, totalmente centrado em uma relação de comando e controle e conteudista e eu mesmo havia entrado nesse universo, em busca da independência financeira, após um período muito conturbado com meus país, devido a minha relação com a Marihuana e meu desejo de usá-la de forma transparente, aberta.
Um dia meu pai me disse: se você quer fumar, vai comprar com o seu dinheiro e viver na sua casa. Decidi sair de casa e procurar uma alternativa. Hoje aprecio essa atitude. Graças a ela, pude colher bons frutos, compreendendo que a vida é uma oportunidade de frutificar e para isso é preciso cultivar com respeito e dedicação.
Lembro que minha primeira experiência profissional foi com o meu Pai Cesar, ele me ofereceu a oportunidade de aprender um ofício em sua empresa. Eu apoiava como podia na Serralheria, pintando vitrôs e aprendendo a usar a solda, com 13 anos. Uma vez ele me disse: eu trabalhava com sua idade, e meu pai, não me pagava. Confesso que minha mente demoníaca, por querer desfrutar, sentia-se frustrada com essa atitude. Era uma oportunidade de servir a família e eu era incapaz de apreciar.
Por ter uma natureza condicionada e pouco sábia naquela época eu buscava associar-me com jovens que tinham estilos de rebeldia e desobediência. Era a forma com que eu conseguia expressar-me, vir a ser algo, que não fosse seguir os padrões.
Já sem condições emocionais de continuar vivendo na casa de meus pais pelo meu comportamento limitado a não seguir instruções e muito menos investigar possibilidades de como encontrar minha razão de ser, sentindo-me deslocado e sem um propósito claro, passei a sentir-me só, já que todos os meus amigos estavam entrando na Universidade e mudando de cidade.
Foi quando decidi ir até a casa do meu avô, em São Paulo e pedir apoio. Verifiquei se poderia viver um período com ele. A resposta foi: Com a condição de estudar e trabalhar. Sua conduta foi muito assertiva. Essa postura garantiu que eu valorasse cada oportunidade e assim seguisse a investigar novas possibilidades.
A minha família sempre me apoiou e mantiveram uma distância, que eu mesmo exigia, libertadora, onde para mim parecia necessária para eu explorar a vida.
Parecia ser, analisando hoje, uma distorção cognitiva que trazia por conveniência, ou por desconhecimento, me sentia mais seguro sem ter que interagir profundamente com eles.
Hoje sinto que a necessidade de gerarmos espaços de interação familiar onde podemos aprofundar a comunicação desde da emoção e do sentir se faz muito importante, entretanto é preciso uma mudança cultural no pensamento interno e no desenho social em que estamos inseridos.
Seria hoje para mim, natural verificarmos como estamos nos sentido e esforçar-nos para compreender, com apoio de algumas técnicas de escuta ativa e comunicação não violenta como podemos cooperar uns com os outros, considerando a razão de ser de cada membro de um núcleo familiar.
Meus avós por exemplo, são missionários, voluntários que apoiam casais e famílias. Essa experiência que eles trazem é quase sempre um potencial pouco explorado por nós, netos, que desconhecemos ou quase nunca exploramos o aprendizado que por meio deles poderiam germinar. Quando comecei a servir meu mestre espiritual, escrevi um e-mail para meus Avós relatando que sentia muito orgulho deles e de serem pessoas que faziam serviço devocional, em seu contexto e nível de realidade.
Logo assim, acessei a Universidade, por uma proximidade a casa do meu Avô. Escolhi o curso de Desenvolvimento de Sistemas, porque tinha um tempo curto, dois anos, um curso tecnólogo. Quando comecei a estudar, esse local para mim era mais parecido com um matadeiro de almas, e eu, na fila, era o próximo a ser “morto”.
Lembro-me dos primeiros dias, eu fiquei conhecido como “Cardenal”. Esse é o nome de um remédio para quem é “louco”. Me sinto tão feliz de ter sido reconhecido assim. Anos depois conheci pessoalmente o Roberto Crema, autor e investigador da psicologia trans pessoal que fala sobre a Normose, uma patologia social onde todos somos pegos pela normalidade de coisas sem sentidos. De fato, de normôse, eu nunca sofri, eu era a personificação do Cardenal, o antídoto contra a normôse.
Acima um vídeo clipe da banda de Ska Core de Botucatu/SP Rudeness, gravado em Botucatu e São Paulo, onde sou o protagonista ator, e que praticamente resume como foi esse processo.
Este vídeo tem um ar de profecia, visualizando-o agora, ele contaria o que foi meus anos em São Paulo/SP vivendo em uma metrópole, aparentemente desconectado de meus dons e talentos e de um propósito ou significado.
Entretanto, confiei que poderia fazer daquelas oportunidades uma trilha de conexão com algo que pudesse vir a fazer sentido.
Recentemente li um livro chamado “IKIGAI” a razão de ser, o segredo dos japoneses. Trata-se de um conhecimento ancestral oriental, onde os seres buscam sua razão de ser por meio de quatro dimensões. Tratei de aplicar a minha vida, atualmente, com 35 anos (2019) e descobri muitas coisas interessantes.
Missão:
Ser aprendiz de sacerdote e servir meus mestres. Ser um bom discípulo.
Profissão:
Realizar e manifestar sonhos, ideias, planejamentos através da ideação, modelagem e experimentação de projetos.
Vocação
Empreender socialmente desenvolvendo estratégias para a transformação, transição e transgressão de um sistema de consumo através de facilitações.
Paixão:
Produtor e Artivista de ações sociais, eventos culturais, encontros ancestrais e movimentos ecológicos.
Que maravilhoso não resumir nossas escolhas e vidas em apenas uma dimensão: a profissional. Atualmente tenho muita claridade sobre o meu potencial, sobre a minha razão de ser. Sou capaz de ser remunerado em qualquer uma dessas dimensões, unindo meus dons e talentos de forma sistêmica.
Desenhei junto ao Márcio Okabe, origamista e adepto do Ikigai uma Jornada para quem está interessado em descobrir seu Ikigai e estamos aplicando em diversos locais, para que tanto jovens de idade como de espírito, possam descobrir mais de si, além de suas profissões.
Somos seres multidimensionais. Não seremos felizes até empregar todo nosso potencial a serviço de nós inicialmente, e dos demais em seguida.
matra-sparsas tu kaunteya sitosna-sukha-dukha-dah agamapayino nityas tams titiksasva bharata
Ó filho de Kunti, o aparecimento temporário da felicidade e da aflição, e seu desaparecimento no devido tempo, são como o aparecimento e o desaparecimento das estacoes de inverno e verão. Elas surgem da percepção sensorial, ó descendente de Bharata, e precisa-se aprender a tolerá-las sem se perturbar.
Bhagavad Gita(2).
A Universidade escolhi por uma necessidade de sair de casa e não por um motivo nobre de aprender ou servir, muito menos de realizar um curso que me agradava. Pensei apenas em uma forma de obter uma remuneração imediata e ser independente. A área de tecnologia me pareceu perfeita para minha necessidade imediata de gerar recursos financeiros.
Com a mesma conduta de criar uma alternativa criativa de conseguir um desconto na Universidade particular, segui para uma estratégia relacional.
Escrevi um e-mail para a Diretoria da Universidade de Mogi das Cruzes solicitando uma reunião, o motivo: apresentar um projeto social que eu poderia iniciar e desenvolver em troca de uma bolsa.
Nasceria desse encontro o projeto Inclusão Social pelo Esporte e Cultura. O projeto que começou com 24 crianças e três voluntários, hoje atende 350 com 21 professores.
Quem financiou o projeto? Empresas parceiras! E assim eu estudei e servir ao mesmo tempo sem qualquer consciência do que isso significava.
Era puro instinto de sobrevivência, transformando-se no futuro, em prazer em servir através da necessidade de sobreviver.
suhrn-mitray-udasina-madhyastha-dvesya-bandhusu sadhusv api ca papesu sama-buddir visisyate
Considera-se que tem maior avanço espiritual a pessoa que vê benquerentes honestos, benfeitores afetuosos, os neutros, os mediadores, os invejosos, amigos e inimigos, os piedosos pecadores — todos com uma mente equânime, sem diferenças. (Bhagavad Gita 6.9)
O esporte sempre foi importante para meu processo de crescimento pessoal e aprendizagem. Sem ele, seria impossível ser quem eu me tornei.
O Judô por meio de meus mestres como primeiramente com Argeu de Oliveira, depois Matheus Sugizaki e em seguida.
É importante destacar que foi no momento em que recebo a confiança da Universidade Mogi das Cruzes de iniciar o projeto que procuro a conexão com uma a Kyto, localizada em São Paulo. Lá através do Sensei Sumio Tsujimoto e da Sensei Vera Lucia Sugai me comovia sempre que ia.
Um treino da Kyto era equivalente a um salto quântico, uma cura, uma experiência revitalizante, um despertar.
Muito embora o Sensei Sumio Tsujimoto fosse um competidor, ele não obrigava seus alunos a competir e tratava cada aluno de acordo com sua própria natureza. Um exemplo de abordagem centrada no ser humano. A Sensei Vera Lucia Sugai sempre nos despertava a curiosidade sobre quem éramos de fato e o que queríamos como seres inteligentes.
Motivei-me a entender compreender o que é ser humano, e o que é inteligência e conduta ética por meio de suas obras literárias, o Caminho do Guerreiro e a Arte da Estratégia.
Percorri os caminhos das artes marciais desde de sua filosofia e descobri autores como Confúcio e Lao Tse. Nesse momento entendi que havia um mundo oculto a mim: o oriente.
O exemplo deles foi fundamental para meu crescimento como profissional e como indivíduo consciente, dos valores e princípios que regem a nossa evolução. Descobri o verdadeiro Judô, descobri a beleza de admirar o caminho evolutivo do próximo e inspirei-me a seguir esse mesmo caminho.
A minha experiência com o Judô começou como um esporte que tinha a finalidade de disciplinar-me, e transformou-se em uma filosofia de vida, um caminho de auto desenvolvimento e crescimento humano.
Encontrar o verdadeiro sentido dessa arte através de um mestre fidedigno que ensina pelo amor e pela liberdade, com coerência e exemplo, é algo que poderia render uma narrativa exclusiva, sou infinitamente grato a família Kyto por integrar-me e acolher-me como um filho, sendo esse o sentimento que tenho.
Quando comecei o projeto na Universidade, foram eles que orientaram-me a continuar e avançar no processo de partilhar o que aprendi. Nunca questionaram-me se eu poderia vir a ensinar, somente me motivaram.
Eu sempre me via sendo como o Sensei Sumio e a Sensei Vera. São referências únicas e que levarei comigo para todo o infinito.
Acima, a Sensei Vera (in memorian) comentando sobre o ano e os desafios superados. Todos que ali passamos, fomos afetados positivamente. Oxalá existam mais Senseis Veras e mais Senseis Sumios.
yo yam yogas tvaya proktah samyena madhusudana etasyaham na pasyami cancalatvat sthitim sthiram
Ó Madhusudana [Krisna],o sistema de yoga que resumistes parece-me impraticável e inviável, pois a mente é inquieta e instável.
Bhagavad Gita (6.33)
Durante a Universidade respirava dois mundos: o Judô e o meu trabalho. Eu não conseguia me conectar com as aulas e os professores da Universidade. Tudo era muito superficial.
Na área profissional, tive três experiências: como ajudante de cozinha em uma confeitaria de meu Tio, onde aprendi fazer bolos e trufas, sendo muito longe da Universidade, optei por tentar outro serviço.
Logo por meio do meu Avô, Eng. Fábio Castro, passei a trabalhar em uma agência de turismo corporativo, a Jet Stream, do proprietário Francisco Leme, seu amigo. Essa experiência foi essencial para que eu pudesse ser auto didata.
Um fato curioso é que eu nessa época estava muito apegado a Marihuana, sem muitas perspectivas, sem saber quais os meus talentos, dons e vocação.
Meu avô, sabendo disso, comentou que eu tinha um problema com a erva ao seu amigo, dono da Agência, quando buscou apoiar-me a seguir um percurso de desenvolvimento pessoal. Francisco Leme, aceitou-me, mesmo com esse problema, oferecendo a oportunidade lá aprender.
Logo depois dessa experiência na Agência de Turismo, passei em um concurso na Microsiga, atual TOTVS e em alguns meses estava trabalhando com Ernesto Haberckon, fundador da empresa. Nesse momento, já por tanto trabalhar, estudar, não tinha mais tempo para nenhum tipo de lazer ou recreação.
Após um intenso período de três de trabalho intenso, Universidade e aulas de Judô bem como campeonatos, havia decidido que precisava de algo diferente. Ao me lado, na empresa TOTVS, sentava um Peruano, José. Perguntei a ele o que havia de diferente no Peru, e ele me respondeu, Machu Picchu.
A minha primeira jornada para a América Latina como buscador, ocorreu em 2005, depois de uma conversa com José, onde estava claro que eu iria mesmo que sozinho conhecer Machu Picchu, dois amigos demonstraram o interesse de embarcar nessa aventura de conhecer a cidade ancestral da civilização Inca. Fábio Gil, designer gráfico e artista, de Botucatu e Eduardo Santos, também da TOTVS. Foi Edu que me ensinou a programar. Sem ele provavelmente não teria aprendido. Sua paciência e calma me animaram a entender por fim o que a Universidade havia sido incapaz.
Eduardo me disse que o chefe dele não havia liberado ele, por ser estagiário. Eu disse que Ernesto, apesar de sócio da TOTVS, e meu chefe na ocasião, também não tinha me liberado, mas eu iria mesmo assim. Então colaborei com o Eduardo: porque você não fala que irá aprender um idioma novo? E ele me disse: é isso! Meu cunhado tem uma escola de idiomas! Fato foi que o Edu foi com autorização, eu não. Quando voltamos, eu segui meu caminho, deixando a TOTVS e o Edu continuou na empresa.
A viagem durou 20 dias e foi o suficiente para entender que realmente o mundo que conhecemos em São Paulo, o centro da consumo visão, está distante da realidade do contexto histórico desse continente, ainda desconhecido para mim.
Encontrei esses dias um vídeo da época que trabalhei na TOTVS ainda quando era Microsiga, onde apareço em meio segundo: 0:43, achei interessante para que se tenha ideia do ambiente em que estava inserido e como foi importante para que eu celebrasse por ter entrado, mas também por desejar sair, mesmo com apenas 1 ano e meio de empresa. Estava esgotado de viver nesse ambiente corporativo.
evam pravartitam cakram nanuvartayatiha yah aghayur indriyaramo mogham partha sa jivati
Meu querido Arjuna, aquele que na vida humana não segue este ciclo de sacrifício estabelecido pelas vedas, certamente leva uma vida cheias de pecado. Vivendo só para a satisfação dos sentidos a pessoa vive em vão.
(Bhagavad Gita 3.16)
Um momento chave na Microsiga, atual Totvs foi o projeto de conclusão de estágio.
Ainda seguindo minhas referências, optei pelo tema “Agro” em 2004.
O projeto era sobre segurança alimentar, e por conta de questões sanitárias focamos na cadeia produtiva de gado de corte.
Essa escolha me faria vir a ser Vegetariano e ativista dos direitos dos animais anos a frente quando pude conhecer um frigorífico e ver os animais chorando ante a morte.
Novamente a conexão São Paulo — Botucatu presente. Toda a base da minha pesquisa foi a UNESP/FCA. Entrevistei a professora Isabel Takitane, o produtor de bovinos da cidade, Artur Antonangelo e concluí por meio dele, nesse vídeo, anos depois que um software de rastreabilidade seria útil para a cadeia de orgânicos.
Quando lembro dessas oportunidades profissionais, agradeço por ter entrado, mas também por ter saído delas. Uma pessoa chave para minha saída da TOTVS foi o próprio Ernesto Haberkon, um dos sócios fundadores. Ele me disse: você é um empreendedor, vai ter sucesso! Monte sua própria empresa! Aqui é muito pequeno para você.
Em cada uma das empresas que trabalhei, estive menos de dois anos. Definitivamente estava decidido que a dica de Ernesto, mesmo parecendo um prêmio de consolação, pela minha desobediência de ter ido a viajar, iria servir para eu iniciar e empreender meu próprio negócio.
Eduardo comentou para mim enquanto planejávamos a viagem que o sonho dele era ser empresário. Eu peguei esse sonho emprestado por 10 anos. Com 22 anos, já estava em Botucatu/SP novamente, indo de porta em porta oferecer meus dons e talentos a empresas da cidade, mesmo sem saber quais talentos realmente eu trazia.
Além da vida corporativa, que me restringia a nível de tempo e energia, descobri algumas instâncias como o terceiro setor no início de 2003 quando fui fazer Universidade e depois em 2011 quando decidir voltar a viver em São Paulo, para aprimorar meu estudos em especializações.
Aproveitei e acompanhei alguns encontros da CPORG/SP, a Comissão de Produção Orgânica de São Paulo devido ao meu trabalho de conclusão de estágio e monografia que estava virando agora um negócio social. Minha meta era impactar famílias produtoras de orgânicos e o meio ambiente com o boicote aos produtos convencionais.
No vídeo acima um trecho com Marcelo Laurino Silvestre, fiscal do MAPA — Ministério da Agricultura, conduzindo a reunião ordinária da Comissão de Produção Orgânica do Estado de São Paulo (CPorg-SP) no Instituto Biológico comenta sobre novos Sistemas Participativos de Garantia iniciados no estado, o trabalho e a conduta de Marcelo é para mim muito inspiradora e aprendi muito observando sua atuação.
Nos encontros conheci diversas narrativas dos produtores orgânicos e seus sonhos, ideias e necessidades.
Uma das narrativas que me marcaram vieram dos produtores rurais de Palhereiros/SP sobre o impacto da obra do Rodoanel na região.
Também pude conhecer o trabalho da Assembleia Legislativa Estadual e a Câmara Municipal de Vereadores de São Paulo. Em um encontro inusitado na rua com um monge, Goura Shakti Dasa em 2012 em São Paulo/SP acabei indo parar no Pátio do Colégio, onde participei de um encontro inter-religioso. Esse encontro iria me gerar uma aventura musical que ainda não poderia imaginar!
Anos depois descobri que alguns metros dali, na catedral da Sé esta o corpo de um antepassado, uma avô de várias gerações atrás e um personagem histórico de Piratininga, como era conhecida São Paulo antes da invasão: O Cacique Tibiriça.
Ele foi um dos protagonistas para que os índios da região fossem colonizados através da igreja. O Cacique apoiou os Jesuítas tornando-se o primeiro índio batizado.
No encontro inter religioso no Pátio do Colégio, que cheguei em 2012 após conhecer o Prabhu Goura, conectei-me muito com os participantes, representantes de algumas religiões, como por exemplo o Rabino Moré Ventura, e o sacerdote Mahesvara, lembro-me de pedir a eles que enviasse a cidade de Botucatu/SP, mensagens para incentivar a paz mundial.
Sempre essa conexão, presente.
Esse encontro foi muito importante para meu processo de compreensão e reflexão sobre o que eu cultivaria nos anos seguintes da minha vida.
Com essa conexão com os sacerdotes acabei por conhecer o sonho do sacerdote Mahesvara: formar uma banda inter-religiosa com os seus amigos do movimento inter religioso.
Ao saber desse sonho, respondi: eu posso te ajudar! Peguei carona nesse sonho por um ano!
Nesse momento nascia um projeto experimental chamado Sementes da Paz, a primeira banda inter religiosa do mundo.
Um dos momentos mais bacanas com a banda foi quando algumas canções próprias da banda foram produzidas na casa do músico Kiko Zambianque. Esse momento me marcou muito. Escutar as músicas que havíamos feito, agora, produzidas por um músico profissional e reconhecido.
Com a banda vivi um ano de apresentações e ensaios onde desfrutei muito do conhecimento desses sábios. A banda continuou com o nome SOUL DA PAZ e eu optei por sair, já que não era religioso/sacerdote mas um facilitador do processo.
Naturalmente me conectei com o Movimento Paulistanos pela Paz e passei a participar das reuniões na Câmara Municipal de Vereadores de São Paulo nesse período.
Expandi minha compreensão sobre assuntos relacionados a violência e desigualdade social bem como suas causas sistêmicas e projetos incríveis de agentes de transformação como o Projeto Âncora de Cotia/SP, a Agência Trindade Solano, o Sarau do Binho e a Cooperifa que pude conhecer de perto.
Estive pessoalmente com o poeto periférico Sérgio Vaz algumas vezes, ele me chamava sempre de “Botucatu”.
A narrativa do Sérgio Vaz e sua atuação na COOPERIFA mudou a forma deu ver o mundo. Uma comunidade que produz suas próprias obras literárias, incluindo moradores de rua autores de livros, é um feito digno de Nobel.
Recomendo a todos que possam conhecer o trabalho e a poesia de Sérgio Vaz e seu contexto.
Deixo abaixo uma encontro em que assisti presencialmente entre vários personagens que foram para mim referências, e estavam juntos a minha frente em 2012, trocando muito conhecimento e eu na plateia filmando um bate papo entre a filosofa Viviane Mosé e o neurocientista Miguel Nicolelis, seguido pelo Sérgio Vaz poetando e o Benjamin Taubkin no piano.
Vale a pena ver! Tudo isso indo para a “caixa preta” da TVBotucatu no Youtube, uma conta onde tentará conectar atemporalmente minhas explorações fora do universo comum cinza, para o universo comum cores.
Compartilho abaixo um trecho de um depoimento do Emicida referindo-se ao Sérgio em 2014.
Sérgio Vaz
Minha mãe me disse certa vez, que heróis de verdade, não usavam capas, nem voavam ou disparavam raios pelos olhos, que heróis de verdade lotavam os ônibus antes do sol nascer e salvavam o mundo de seus grandes algozes que são a tristeza, a pobreza, a discriminação entre outras coisas. Se você quer se inspirar pra salvar o mundo, abra sua janela e dê bom dia ao primeiro transeunte, jamais permita que sua educação e compaixão dependam do contexto, elas sempre são validas. As vezes, uma palavra salva o mundo, por que cada pessoa é um mundo, um universo inteiro, impossível colocar em números quantos universos este cara já salvou, Querido professor Sérgio Vaz, parabéns pelos seus 50 anos, aliás, que venham mais 50 e que sua palavra continue salvando nossas vidas, mundos e universos. Não há honra maior do que ser contemporâneo de sua pessoa. Obrigado pela inspiração e por ressaltar a cada verso que nosso sorriso é lindo demais pra ficar guardado embaixo de nossa tristeza.
Vida longa Poeta! Vida longa Cooperifa!
A favela te ama e torce por você a cada dia novo que surge!Um abraço de seu fã, Emicida.
A rua é nóiz.
Uma nova São Paulo se revelou, além do mundo pobre, de tão rico, do corporativismo e da acadêmico fui lentamente compreendendo que apesar de ter crescido em Botucatu, interior do estado, eu havia nascido em São Paulo, na Avenida Paulista, e esse território era também parte de mim e que apesar de ter ido parar em grandes empresas e universidades, a poesia e a periferia era também parte do me conectava. Eu sentia uma conexão profunda com as narrativas e sonhos desses atores da transformação. Eu queria estar e ser como eles.
Passei a ver tudo dentro de uma mesma possibilidade, ainda que desconhecida sempre em movimento de fluxo constante. De dia trabalhava, a noite ou aos finais de semana ia conhecer o que me faltava.
na dhanam na janam na sundarim kavitam va jagad-isa kamaye mama janmari janmanisvare bhavatd bhaktir ahaituki tvayi
O onipotente Senhor, não tenho o desejo de acumular riquezas, nem desejo belas mulheres, tampouco quero seguidores. Tudo o que quero é serviço devocional a Vós, nascimento após nascimento. (Siksastaka 4)
Com o projeto embrionário que desenvolvi na Microsiga, de segurança alimentar, decidimos focar na cadeia de apicultura. As abelhas são as mais prejudicadas com os agrotóxicos e fazia sentido apoiar os apicultores. Acessamos a incubadora Prospecta da UNESP de Botucatu/SP após minha mãe a Bia Lopes ter atuado em um programa no mesmo local por meio do SEBRAE.
Para quem tiver curiosidade sobre a incubadora, gravei uma palestra do Eng. Vicente, um dos protagonistas desse serviço:
Iniciamos então o desenvolvimento da empresa BMA Rastreabilidade em 2005 juntamente.
Mais tarde nasceria a Aequalis Arquitetura e Engenharia de Software em 2008 onde focaríamos no desenvolvimento de softwares de inovação para empresas públicas, universidades e centros de pesquisas.
De 2005 a 2013 abrimos duas empresas, incubando-as e graduando-as pela incubadora. Esse processo que gerou maturidade empreendedora, mas também muitos conflitos internos e desafios.
Novamente, por muito trabalho, me sentia muito triste e sem conexão com o que me gerasse paixão, pensei: preciso fazer algo diferente. Logo me veio Machu Picchu a cabeça, e pensei vou novamente. Chegou Dezembro de 2007, fiz minha segunda viagem, agora com uma parada na Bolívia onde não havia conhecido com profundidade.
Minhas buscas pela América Latina revelaram-me uma parte importante que sentia falta no Brasil, pelo menos em São Paulo e Botucatu/SP, a memória e conexão ancestral com os povos originários desse território.
O Peru e a Bolívia tem muito fortemente uma conexão com a Terra, com as sementes nativas, com o canto e a dança bem como o artesanato; A cultura é um valor intangível que se leva em consideração através das histórias, ou seja, das narrativas e esta ainda presente.
No Brasil, demorei muito a compreender porque essa desconexão é tão grande. A invasão cultural da consumo visão no Brasil e o genocídio humano e cultural foram devastadores em regiões como o Estado de São Paulo por exemplo, estamos sem qualquer tipo de conexão com o território e sua história. Em Botucatu/SP por exemplo os nativos foram brutalmente assassinados ou expulsos.
Um dos conflitos que vivenciei na incubadora de base tecnológica da UNESP nesse período foi ser parte do nascimento da Associação Parque Tecnológico e ver o processo ser em sua maioria das vezes conduzido de forma unilateral. A foto abaixo, foi tirada por mim. Estava de olho nesse grupo e com uma certa preocupação.
Tomei conhecimento da legislação municipal de inovação porque escutei na câmara municipal em uma conversa informal entre dois membros do governo. Aproveitei que ali estava e entrei para participar.
Me preocupava muito o Parque Tecnológico vir a ser um espaço dominado por multinacionais que trabalhassem com Agrotóxicos ou Transgênicos.
Uma das sugestões que fiz durante o processo de discussão da lei de inovação social foi a inserção de um comitê de ética para integrar a aprovação do uso dos recursos financeiros do Fundo de Inovação.
Durante a Assembléia da Associação Parque Tecnológico Botucatu em 14/10/2013 questionei durante a leitura dos prazos para término do Parque de Botucatu sobre as empresas âncoras do Parque Tecnológico Botucatu e a relação dessas com um código de ética e a sustentabilidade ao Prof. Edvaldo Velini, Diretor Científico do Parque Tecnológico, a resposta dele foi gravada por mim:
A minha preocupação tinha alguns critérios. O Diretor Científico do Parque, Prof. Dr. Edvaldo Velini era na época o Diretor Presidente da CTNBio, Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, onde estava sendo aprovados do mosquito transgênico à árvores transgênicas, com pesquisas pagas pelas próprias empresas que solicitavam a aprovação. Eu havia participado das audiências públicas e fui alertado por ex-membros a ficar de olho no Parque Tecnológico de Botucatu.
Além disso, o Prof. Dr. é um dos profissionais que defende o uso do Glifosato em suas teses, considerando o agrotóxico seguro. A UNESP de Botucatu/SP tem parcerias com empresas da área de agrotóxicos e transgênicos e relações que são criticadas por muitos profissionais que consideram falta de ética defender o sistema econômico em troca de patrocínios de pesquisas inócuas e nocivas a saúde pública.
A FEPAF — Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais que teve o mesmo Prof. Dr. como seu Diretor após seu mandado, segundo os novos gestores, em uma conversa informal comigo, estava em uma péssima condição financeira, segundo eles por uma possível má gestão administrativa.
Todos esses eventos me deixavam inseguros e alerta.
Para trazer outros exemplos e entusiasmar a história com passagens dignas de serem citadas, trago a narrativa do Prof. Dr. Ivan Guerrini, físico, palestrante e escritor, Professor Titular do Departamento de Física e Biofísica, IB, UNESP, Botucatu. Conheci Ivan durante esse período e o convidei para falar a minha nova forma de aprender: filmando.
Disse a ele: Prof. Ivan, mande uma mensagem para o futuro, diga o que você sentir! E o resultado para mim foi muito impactante.
Abaixo uma foto que marcou muito um rito de passagem. Nessa foto, que era de despedida de um ano de trabalho, 2014, sem saber, se tornou uma despedida de uma rotina, para um ano sabático que duraria quatro anos de muitos aprendizados. Sou muito agradecido a essa equipe de grandes amigos e profissionais.
bhatya man abhijnati yavan yas casmi tattvatah tato mam tattvato jnatva visate tad-anantaram
É unicamente através do serviço devocional que alguém pode compreender-Me como sou, como a Suprema Personalidade de Deus. E quando, mediante essa devoção, a pessoa se absorve em plena consciência e Mim, ela pode entrar no reino de Deus. (Bhagavad Gita 18.55)
Aquilo que todos buscavam, inspirado pelo mercado, acessar um grande cliente foi possível para nós. Tivemos a oportunidade de atender a WQS, maior empresa de certificação do Brasil, localizada em Botucatu e por eles um grande frigorífico.
Automatizamos a linha de abate e conheci a miséria do sistema de matança e o sofrimento dos animais. Nesse momento, deixei de comer carne e decidi que nunca mais iria atender essa cadeia de produção.
Estávamos crescendo como empresa, acessamos uma subvenção econômica na FINEP com o projeto de Rastreabilidade Apícola, com foco nas abelhas e depois expandindo para Frutas, Verduras e Legumes, mas, novos clientes chegavam e passamos muito tempo atendendo empresas como PESAGRO, e Universidades como UNESP, UNIFESP, USP, especificamente na área de desenvolvimento de Softwares.
Com muito trabalho por fazer deixamos a Rastreabilidade em segundo plano e nosso sonho começou a ganhar novas formas. Aquilo que era para todos os segmentos já estava sendo moldado para algo que pudesse gerar impacto.
Foi também em 2012 que conheci pessoalmente uma personalidade fundamental para a mudança do meu pensamento e que causaria um impacto gigantesco na minha conduta pessoal e profissional.
Lala Dehenzelin desconstruiu meu sistema de crenças e minhas visões de mundo.
Conheci Lala em um encontro chamado RIA — Reflexão, Interação e Ação promovido pela fundação Telefônica no Ibirapuera. Esse encontro foi o divisor de águas na minha vida profissional e pessoal. Sem saber, seria esse um caminho sem volta.
Nessa conferência em que conheci Lala ela perguntava se existia algum programador na platéia para que no final pudessem conversar.
Ao terminar a palestra era eu o único e nos conectamos. A Lala topou viajar para Botucatu e conhecer a nossa empresa. Passamos um final de semana juntos trabalhando em uma ideia que ela tinha:
O que isso significa? Te convido a mergulhar no desejável mundo novo!
O vídeo abaixo é exatamente da palestra que assisti pessoalmente e a conheci.
Logo depois dessa palestra e da viagem de Lala a Botucatu, onde trabalhamos juntos em uma documentação/especificação do que ela pretendia como plataforma, a fada madrinha do futuro, como a vejo, convidou nossa empresa para ir ao Rio de Janeiro no Primeiro Festival Internacional de Criatividade para implementar in locu a ferramenta.
Conversei com nossa equipe e topamos! Viajamos ao Rio.
O resultado esta no vídeo abaixo:
Nesse evento conheci pessoas e narrativas que somavam a essa nova visão, uma mudança de paradigma: do linear ao exponencial por meio da Inteligência Coletiva.
De Pierry Levy que estava no evento com a Lala em São Paulo a Michel Baweys, no Rio, que trás o conceito de P2P, ou conexões pessoa a pessoa, um universo novo e criativo se formava em minha frente através dos encontros, rodas de conversas e jornadas colaborativas.
Sem saber, estava sendo preparado pela vida a compartilhar essas narrativas anos depois.
Descobri nesse momento o poder das redes e suas escolas com Augusto de Franco, os espaços compartilhados e abundados com a Laboriosa de Oswaldo Oliveira, os Guerreiros sem Armas de Edgard Gouveia e sem querer estava chegando frente a frente com todos, sem me dar conta, que estava sendo convidado transformar-me de um empreendedor convencional para um empreendedor social e de um paradigma de capital para impacto.
Nascia um novo ser humano, agora dotado de propósito, conduta e ética.
Todo esse movimento teve como base agentes dinamizadores e suas redes que facilitaram a minha chegada em eventos e encontros.
Acima um outro rito de passagem muito especial. Na foto estou ao lado de Edgard Gouveia na casa base que serviu para o desenvolvimento do jogo Play The Call, um game para mobilizar jovens a cuidarem da Natureza.
Nesse processo com vários amigos inspiradores, verdadeiros agentes de transformação social vivenciamos três dias de interações bem significativas com os 12 facilitadores escolhidos para desenvolver o jogo.
Alguns anos depois, na Colômbia repliquei o Play The Call com um grupo de jovens e foi muito especial partilhar a metodologia criada neste processo em que pude conhecer e visitar.
Érika Cardoso da Desígno Design e fundadora da OKA Bioembalagens, uma das primeiras empresas de Bioembalagens do mundo, onde também participei como CoEmpreendedor e CoInvestidor, foi uma dessas mentoras orgânicas que me mostravam esses portais e me inspirava a investigar essas alternativas.
Foi Érika que me sinalizou a Lala e outras redes que fizeram um universo novo se abrir. Inspirado nesse mundo colaborativo, mergulhei profundamente.
Na Oka Bioembalagens validamos modelos de negócios colaborativos e desenhos regenerativos. Atuamos sempre em rede e de forma amigável, mesmo com muitas diferenças de como atuar. Foi um processo de muita maturidade. Tenho muito carinho por este sonho compartilhado de reduzir o uso dos plásticos através das embalagens biodegradáveis e biocompatível.
Por meio de Cristina Filardo, conheci seu Irmão, Fabiano Filardo que me apresentaram o empreendedor Thiago Venco. Thiago me ajudou muito e me ensinou muitas coisas importantes a respeito de como vir a ser um empreendedor exitoso.
Com ele conheci e interagir com a turma do Reclame Aqui, plataforma de reclamação e certificação de atendimento e pude cooperar e ser parte do nascimento da “1 Acordo” a primeira plataforma de mediação de conflitos do Brasil.
Voltei a questionar como meu trabalho poderia vir a ser inspirador e transformador como dessas pessoas incríveis que estava conhecendo.
Como meu trabalho poderia causar impactos positivos?
Juntamente a esse movimento viva uma profunda conexão com a Natureza no terceiro setor, mas tinha algo novo, eu poderia empreender causando impacto e gerando valor compartilhado além de remuneração.
sa vai pumsam paro dharmo yato bhaktir adhoksaje ahaituky apratihata yayatma suprasidati
A ocupação suprema [dharma] para toda a humanidade é aquela pela qual os homens podem alcançar o amoroso serviço devocional ao Senhor transcendental. Para satisfazer inteiramente o eu, esse serviço devocional deve ser imotivado e ininterrupto. (Srimad-Bhagavatam 1.2.6)
O NOVO VELHO
Por conta das novas conexões, chegou até mim o convite de participar do programa chamado FUTURIZER desenvolvido por empreendedores da MonDragon, uma das maiores cooperativas da Europa baseada em um modelo inovador colaborativo. O projeto previa revelar os projetos que fossem capaz de mudar o mundo no futuro.
Participaram a UNILEVER, SENAC e outras empresas ou ideias, entrei com a narrativa da ratreabilidade, agora 100% focada no setor de orgânicos e para agricultores familiares. Chega de matança e de atender grandes empresas! Vamos servir as famílias empreendedoras agrícolas. Eles me falaram: isso é feito na Europa, você pode causar um grande impacto positivo!
O Gondola Segura foi o vencedor do Futurizer 2012 e eu havia descoberto que empreender socialmente poderia mudar o mundo. Rapidamente mudei minha postura: sou um empreendedor social.
Era isso que eu precisava para ter confiança e foco, um processo co criativo e muito legítimo, deixando emergir a inteligência coletiva e escutando o projeto desde de uma visão integrativa.
A MonDragon me trouxe essa confiança.
Juntamente a esse processo a fada madrinha Lala nos convidou a participar do programa ECO da TV Cultura, como uma referência real de mudança e impacto positivo com o projeto Gôndola Segura.
Em seu livro, Desejável Mundo Novo que é uma narrativa do futuro, em 2042, as Gôndolas de Supermercados falam e avisam quais os produtos são orgânicos e funcionais.
Nesse momento entendi que nosso papel era de protagonismo na mudança de comportamento do consumidor e do produtor, através da consciência, passei a ir atrás de apoio e encontrei uma rede de supermercados que na época estava iniciando com essa narrativa, o APANÃ.
Chegou 2014 e eu estava com tudo pronto para empreender socialmente. Já tinha descoberto alguns caminhos alternativos como a Economia Criativa e as Redes Colaborativas.
Conectado com a CPORG — Comissão de Produtores Orgânicos e iniciativas como a MUDA — Movimento Urbano de Agroecologia e tive uma certeza que poderíamos apoiar os produtores rurais familiares a serem mais produtivos e iniciar suas transições para produções orgânicas, ou até mesmo auto certificar-se de forma através de mecanismos de controle participativa usando a tecnologia livre.
Entretanto, uma das várias denúncias que fiz ao Ministério Público, foi aceita pela promotoria da cidade de Botucatu que demandou a necessidade de minha participação como testemunha.
Nesse momento recebi alertas e precisei mover-me de Botucatu como uma medida de prevenção.
Justo nesse momento uma nova rede havia chegado em Botucatu, por meio da Ita Garbert, o Dragon Dreaming.
Esse movimento se reuniu no Vale do Matutu para uma conferência e festival sobre caminhos para a transição planetária, considerando os impactos negativos de nossas ações como seres humanos desconectados com a Natureza.
Para mim esse encontro foi um rito de passagem. Foi outro choque de realidade. Ao me conectar com pessoas incríveis e suas narrativas me senti completamente apto e convocado a praticar as ferramentas colaborativas descobri e as técnicas e formas de trabalhar que se conectavam com a visão de Lala, ou seja criativamente e com o que estava sendo comunicado pela Natureza por meio dos pássaros e outros signos que me conectava, eram um chamado Global e que muitos estavam recebendo também em diferentes contextos de diferentes formas.
Compreendi que não estava só e que nunca estive e que minha família estava sendo revelada. O bando parecia estar chegando.
Minha relação com a rede Dragon Dreaming foi marcada por alguns momentos de muita desconfiança, quando os conheci, em seguida de entrega total, quando fiz o primeiro site da rede de forma voluntária, como um serviço a rede e sustentei por 7 anos esse serviço.
Entretanto, o desfecho dessa entrega foi de distanciamento e frustrações.
Aprendi muito com os facilitadores e membros da rede. O que fazer, e o que não fazer. Entretanto é muito importante apontar que sofri assédio moral e fui coagido por facilitadores da rede e co criadores do método em situações que poderiam ser mediadas e facilitadas de forma assertiva.
A situação que considero de aprendizado coletivo que originou essa ocorrência que aqui relato como uma denúncia e alerta a conduta coletiva e colaborativa de redes que atuam com um discurso e conteúdo colaborativo que considero antes de tudo, ancestral, foi extremamente relevante para ser compartilhada.
Estava no Equador como voluntário, após um desastre, um terremoto que atingiu cidades do país e destruí centros urbanos de forma violenta. Nesse instante procurei a rede Dragon Dreaming local, que estava justamente realizando um treinamento na capital, Quito.
Entretanto, não pude participar, como membro da rede do Brasil, sem inscrever-me previamente. Compreendi a situação e tratei de viajar as cidades atingidas.
Chegando a cidade de Manta tratei de organizar rodas de conversas para levantar necessidades e depois alguns treinamentos para co criarmos juntos soluções regenerativas.
Existia uma percepção de bloqueio no processo pós desastre na cidade e eu queria apoiar esse processo. Como eu era o WebMaster do site da rede Dragon Dreaming no Brasil, verifiquei que lá existia um curso chamado “Superando Bloqueios”, tratei de ler todas as fichas técnicas do método e empreender o chamado do meu coração.
Infelizmente, não existia nenhum código de conduta, processo operacional ou guia que informasse aos facilitadores ou aspirantes quais cursos ou conteúdos estavam restrito que só poderiam ser oferecidos por facilitadores que tivessem participado do curso. Eu havia participado do Introdutório, Ecologia Profunda, pensei, sou da rede. A rede quer proteger a Natureza, eu também.
Cometi um erro, sem saber que estava errando. Publiquei um encontro no facebook chamado “Superando Bloqueios”, convidando os amigos das cidades atingidas para juntos entendermos como melhorar o atendimento pós desastre.
O contexto desse convite era: uma situação de pós desastre, sem qualquer cobrança financeira ao encontro significativa, havia uma contribuição voluntária, não era um curso comercial.
Quer dizer, o meu erro, na minha opinião, não tinha um agravante de má fé.
Entretanto, a forma como alguns membros da rede e seus cocriadores reagiram a minha iniciativa foi extremamente violenta. Fui ameaçado e agredido, inclusive por pessoas que eu admirava e promovia.
Nesse momento, estava claro que o que eu havia escutado do método e da rede, em realidade era bem diferente, havia competição, hierarquia e falta de cuidado com quem esta iniciando e colaborando com a rede, no meu caso, há 5 anos como web master e financiador do servidor do site da rede.
Me senti violentado e frustrado, mas decidi continuar o processo. Agora criando minhas próprias metodologias.
O trabalho no Equador rendeu resultados transformadores, como a primeira incubadora de empresas sociais pós desastres, um congresso de inovação social e mesmo sem ter sido oferecido a mim qualquer reconhecimento, ter sido agredido pela rede que me inspirou a realizar esse e outros serviços, sinto-me feliz por ter ativado e iniciado este processo celebrando e partilhar da sistematização com todos.
kamais tais tair hrta-jnanah prapadyante nya-devatah tam tam niyamam asthaya prakrtya niyatah svaya
Aqueles cuja a inteligência foi roubada pelos desejos materiais rendem-se aos semideuses e prestam adoração através de determinadas regras e regulações que se coadunam com suas próprias naturezas. (Bhagavad Gita 7.20)
Foi muito importante para mim como facilitador ter passado por essas situações. Anos depois, conheci um líder espiritual da Nação HOPI, uma das culturas inspiradores do método Dragon Dreaming.
Ele me disse: A Matriz, que vocês utilizam para métodos, é para nós a representação da Mãe Terra. Tudo o que você inserir nela, será fecundado.
Esse encontro com Roy Litle Sun, em Barcelona, Espanha, em sua escola de avatares, como ele a nomeou, foi muito inspirador e confirmou minha intuição de utilizar a matriz com estrutura.
Eu já estava a criar minhas próprias sistematizações, dentro de uma visão quádrupla e fato foi que Roy confirmou minha capacidade criativa, ele revelou um alfabeto geométrico próprio, expandindo a possibilidade de observar e sistematizar padrões, agora, sem dúvidas de que eu estava percorrendo um caminho sem volta de aprender com a Natureza.
Após conhecer Roy, estava sensível de que não iria mais promover um método ou uma rede em particular, mas buscar integrar a todas por meio do padrão de visão comum que cada qual emerge, comecei minha investigação integrando todos que eu conhecia.
Compreendi que além de observar os padrões de cada coletivo, método, rede, função ou organismo, poderia correlacionar e descobrir novos padrões, para novos contextos, desde da investigação apreciativa ou a arte de anfitriar conversas significativas.
Durante essa viagem ao Equador tive alguns encontros místicos. Um deles foi com um maestro chamado Abel e sua esposa Aleta. Eles realizam cerimônias de Fogo, conhecida na cultura hindu de AgniHotra e no ocidente de Homa Terapia Bioenergética.
Foi durante uma cerimônia que fiz com eles que tive uma visão do terremoto, três meses antes dele ocorrer.
Coincidência ou não, fato foi que os desastres foram anunciados por vários sábios como por exemplo Mamo Lwntana que alertou em 2015, durante uma cerimônia chamada KIVA, que como uma medida compensatória da Natureza, devido a quantidade de ofensas que causamos diariamente na consumo visão, ou modo de antropocêntrico de vida, teríamos que pagar com diversos desastres. Lwntana é filho de Mamo Palia quem através de austeridades como ir a montanhas sagradas, recebia mensagens da consciência da Mãe Terra.
Segundo os líderes espirituais ou mestres, ou como eles gostam de ser chamados: aprendizes, comentaram-nos que as cerimônias são meios de pagar as multas, evitando assim que os desastres ocorram, além de, contribuir com o ordenamento dos sentidos humanos, que sem controle, levam a loucura, como o ecocídio que estamos vivenciando.
Desde desse encontro com Abel e Aleta no Equador, passei a ser um praticante da HOMA Terapia.
Eles viram minha tatuagem no braço esquerdo e me disseram: você trás o fogo e o sol nesse desenho, é o processo da HOMA, o Sol se conecta com a pirâmede e purifica assim a atmosfera da Terra, os seres humanos, as plantas e os animais em sua volta.
Você esta marcado para ser um praticante da cerimônia, comparta com todos!
Os benefícios da HOMA ou Agnihotra são muitos. Conheci centenas de casos de cura de doenças, de descontaminação de aquíferos e cultivos, fertilização de humanos e solo, um verdadeiro instrumento de purificação.
Os Mamos na Colômbia chamam esse ato de realizar oferendas de “Pagamento”. Como ofendemos a Mãe Natureza, temos que pagar por elas, como uma multa.
Aprendi alguns métodos ancestrais de realizar pagamentos a Mãe Terra com o Mamo Luntana durante minha passagem a Colômbia o que considero minha boa fortuna.
yoginam api sarvesam mad-gatenantaratma sraddhavan bhajate yo mam sa me yuktatamo matah
E de todos os yoguis, aquele que tem muita fé e sempre se refugia em Mim, pensa em Mim dentro de si mesmo e Me presta transcendental serviço amoroso é o mais intimamente unido a mim em yoga e é o mais elevado de todos. Esta é a Minha opinião. (Bhagavad Gita 6.47)
Voltando a Botucatu em 2014….
Conectei-me com o gestor público Zé Gustavo da Rede Sustentabilidade por meio do amigo Mockus. Zé, por meio de Mockus fui convidou a ser CoDeputado Federal, no mandato coletivo de Zé, sendo eu, um possível representante na região de Botucatu.
Ele veio pessoalmente para Botucatu onde preparamos uma agenda para ele e juntos dialogamos algumas pautas importantes a serem consideradas caso ele visse a ser eleito.
Foi uma experiência interessante, ver as futuras gerações ocupando a Política e fazendo um serviço genuíno de diálogo.
Um dos encontros que posso dizer inusitado e muito divertido durante a passagem do Zé Gustavo em Botucatu foi com o jornalista Haroldo Amaral no já extinto jornal Diário da Serra. Eu não conhecia pessoalmente o Haroldo, apenas pelo site Entrelinhas que ele manteve por muitos anos e me servia para saber o que passava em Botucatu quando vivia em São Paulo.
Por sorte ou hábito, eu filmei esse encontro, onde ao fim, eu e o Zé terminamos entrevistando o jornalista, e por espanto, acabamos descobrindo que ele era mais ambientalista que nós dois juntos.
Confere ai a riqueza das memórias do Haroldo, um grande baú do pioneirismo ambiental da cidade de Botucatu/SP e mensagem dele para os novos ativistas como eu.
Agora eu tinha um problema sério. Era a única testemunha de um crime de improbidade administrativa e sentia que não era seguro estar em Botucatu após alguns acontecimentos que me alertavam sobre uma possibilidade de retaliação.
Uma dessas aconteceu no Vale do Matutu.
Durante uma das vezes que voltei para o local do treinamento que fiz de Ecologia Profunda no território, onde me conectei fortemente ao território, a convite do proprietário, um agente de transformador incrível, conheci um amigo seu que lá estava de férias.
Este amigo havia trabalhado na mesma empresa, que eu havia denunciei ao Ministério Público e que a Prefeitura de Botucatu havia comprado o método de ensino sem licitação por 11 milhões de reais.
Esse camarada me disse nesse encontro: A empresa foi criada para dar golpes desse que você viu. O material didático só é bom porque fui eu que criei. Mas a empresa em si, nem esperava isso, ela nasceu para super faturar por meio de contratos com Prefeituras. Eu descobri o sistema de crime em Prefeituras e pedi demissão da empresa.
Essa empresa é uma máfia e é criminosa. Tome cuidado, eles são bandidos.
Eu sai da empresa pois descobri quem eles são e o que fazem.
yatra yogesvarah krsno yatra partho dhanur-dharah tatra srir vijayo bhutir dhruva nitir matir mama
Onde quer que esteja Krisna, o Senhor de todos os misticos e onde quer que esteja Arjuna, o arqueiro supremo, com certeza também haverá opulência, vitoria, poder extraordinário e moralidade. Esta é Minha opinião.
(Bhagavad gita 18.78)
Deixei tudo para trás e viajei ao Chile. Lá fui a casa do produtor musical, multi instrumentista e amigo Tiano Bless onde busquei refúgio até o momento de depor. Durante minha estadia no Chile pude acompanhar as gravações do segundo disco da Banda Koradub, em uma cafeteria chamada “Antiguo Sueño” no interior de Santiago.
Lá conheci pessoalmente diversos músicos que já admirava, por seus trabalhos, no Brasil, e que criavam novas composições de forma experimental, era um “sonho antigo” estar ali.
O primeiro disco do KoraDub tinha um nome muito sugestivo: In search of the Miraculous, ou “Em busca de milagres”. Recomendo muito o disco:
Um desses milagres, acredito ter vivido durante essa viagem. Antes de ir ao Chile, enquanto estava no Vale do Matutu, eu havia tomado conhecimento de que o livro auto biográfico de John Croft , sistematizador da metodologia Dragon Dreaming havia sido roubado por um Taxista no Chile durante um treinamento.
Uma dessas noites onde estávamos, no Patrimônio do Matutu, com o John participando de um treinamento sobre Ecologia Profunda, eu tive um sonho: eu via o Taxista que havia roubado o livro dele. Comentei esse sonho para o John e ele me disse: fique atento que você poderá encontrar esse Taxista.
Logo depois do Vale do Matutu, ainda com a necessidade de manter-me afastado de Botucatu/SP por conta de minha denúncia e a necessidade de depor, viajei a casa de amigos que fiz durante o treinamento de Ecologia Profunda, Eugênio e Elzi, eles foram pessoas muito especiais nesse momento de minha vida, inclusive ainda são.
Chegando em Belo Horizonte, fui convidado por eles para participar de um curso que o Ministério Público e a Receita Federal estavam oferecendo sobre Ética e Administração Pública.
Nesse período, aproveitando que estávamos em Belo Horizonte contactei um amigo ligado a Inteligência de Crimes Virtuais. Um amigo que fiz durante uma palestra do Reclame Aqui em São Paulo. Este amigo, que não vou citar o nome, devido a sua função, havia sido Coronel da Polícia e estava vinculado agora a inteligência de investigações de crimes eletrônicos ou digitais.
Quando conversamos com ele sobre a rede Dragon Dreaming e o conteúdo do livro do John Croft ser um instrumento que apoiaria a regeneração do pensamento humano e por conseguinte da Mãe Terra ele nos disse: eu vou ajudar vocês, sou da Interpol e vamos abrir uma investigação internacional.
Saímos desse encontro com a promessa de que iríamos fazer um desenho falado do Taxista. E assim foi. Justo em Belo Horizonte vive uma das facilitadores e parceiras de John e que estava presente com ele no dia do crime no Chile. Por meio do apoio dela, fizemos o retrato falado e eu viajei ao Chile com essa foto.
Até hoje, parece para mim inacreditável que consegui encontrar o Taxista que havia roubado John Croft através de um retrato falado, considerando que a cidade de Santiago tem mais taxis que Nova York, mas eu o encontrei. Esse processo foi algo bem místico e guardo-me o direito desse processo ser parte da minha memória íntima, mas certamente, foi um milagre.
Conheci Tiano Bless através do Peter Moreira. Seu pai, o Pedagogo, músico e artesão Tião Moreira, por estar dentro da comunidade antroposófica, oferecia um curso de criação de instrumentos musicais e Tiano, do Chile, se interessou a vir a Demétria para participar do curso. Foi por Tiano que cheguei ao Chile.
Peter Moreira já era um amigo antigo. Ele aparece nas fotos que compartilhei na época do movimento punk da cidade. Lá tínhamos sempre espaços para sair da cidade e ir a Estancia Demétria, onde Peter vivia para fazer fogueiras e fogueiras com muita música.
Felipe Altivo, parceiro de composição de Peter chegou a Botucatu para estudar Eng. Florestal na UNESP e depois passou a estudar Biologia. Ambos tinham uma sintonia para compor músicas belíssima e eu ouvindo a essas canções, me motivava muito em compor com eles.
Dessa forma eu passei a promover encontros e celebrações aos finais de semana para ter a associação deles e então poder participar desses processos criativos.
Juntos produzimos algumas canções. Abaixo, uma música que criamos juntos nessa época.
De 2010 até 2014, o músico Tiano Bless teve um papel fundamental no meu processo de despertar de consciência, ele veio cinco vezes em quatro anos para o Brasil para produzirmos música consciente. Juntos produzimos ou apoiamos alguns artistas: Piteco, Marilia Duarte, Wesley Noog, André Moreira e alguns trabalhos do próprio Tiano.
Esse processo de viajar ao Chile e também me associar a artivistas, (artistas + ativistas) me ajudou a compreender esse chamado que chegava pela Natureza, pelo setor profissional, pelo esporte e também pelas amizades e a música ajudava a canalizar essas mensagens.
No vídeo abaixo, sou eu filmando no palco, durante um show no Brasil de Tiano, durante a gravação do DVD do Natiruts, onde ele participou a convite do Digital Dubs, junto ao BNegão e o Jeru Banto. Esse dia foi muito especial pois a mensagem das canções me confortavam perante o medo de denunciar crimes ambientais e de improbidade administrativa.
Durante esse período a música foi um elemento muito presente e era o que alimentava minha confiança. Lembro quando terminei de ler a auto biografia do Neuro cientista Miguel Nicolelis, que também pude conhecer pessoalmente, ele dizia quando entrou nessa área de Neuro Ciência sem querer, apenas por que seguiu a música em uma sala onde assistiu uma aula que mudaria o destino de sua vida, mesmo sendo o único aluno presente: “Siga a música”.
Busquei facilitar para os artistas e músicos que conheci estruturas de trocas, oferecia algo que eu pudesse ser útil, em troca de estar próximo observando o trabalho de criação. Era uma estratégia de aprendizagem: observar, presenciar e conviver para quem sabe então aprender.
Foi com o maestro Zé Cláudio Lino que aprendi um pouco sobre o que sei sobre música de maneira mais formal. Com seus Pífes (flautas de bambu) mágicos e seu método original consegui estar ao lado de um músico qualificado e ter um pouco de associação e estudo introdutório. Recomendo muito seu método e seus instrumentos. Uma referência e amizade que Botucatu/SP me ofereceu e que sou muito agradecido.
Por conta do Botucanto, festival de música que acontece na cidade de Botucatu fiz amizades culturais onde expandi muito meu saber, não somente musical, mas cultural.
Cheguei a Paraíba a convite do “Totonho”, Carlos Antonio Bezerra da Silva, sobrinho do sambista Bezerra da Silva. A minha passagem pelo Nordeste foi bem interessante e dá um conto exclusivo!
Conheci muitos artistas, políticos e tive a oportunidade de passar a virada do ano de 2011 para 2012 no Palco, com Geraldo Azevedo, Chico Cesar e Gabriel o Pensador, com um público de mais de 100 mil pessoas.
Abaixo um programa experimental cultural que fizemos de forma espontânea e improvisada na casa de Alex Madureira, um dos professores de Guitarra e Guitarrista de anos de Lenine, em João Pessoa.
yesam tv anta-gatam papam jananam punya-karmanam te dvandva-moha-nirmukta bhajante mam drdha-vratah
As pessoas que agiram piedosamente tanto nessa vida quanto em vidas passadas, cujas ações pecaminosas estão completamente erradicadas e que se livraram da ilusão manifesta sob a forma de dualidades, ocupam-se em servir-Me com determinação. (Bhagavad Gita 7.28)
Ao voltar ao Brasil fui a Botucatu, depois de um período de exílio no Chile, onde vivi um processo de purificação muito grande, sendo apoiado por um livro de Srila Prabhupada, que ganhei do músico Seba Tierra, no ano de 2015, ao chegar, segui direto ao Tribunal de Justiça, onde depus como testemunha de um crime de improbidade administrativa.
Sofri assédio, fui coagido e até ameaçado. Sai do tribunal com a sensação de que o crime havia sido a minha denúncia e não o contrato milionário sem licitação. Uma situação muito constrangedora, exercer a cidadania é um risco alto no Brasil.
O risco de que me alertava o ex-funcionário da empresa denunciada, quando o encontrei por acaso no Vale do Matutu, era real e pior, a conduta do próprio Judiciário me deixará perplexo.
Novamente sai de cena para não morrer queimado, tentando apagar incêndios como no evento das Três Pedras, alusão a tanta corrupção e falta de ética.
Mergulhei profundamente no interior do meu ser e revisei cada pensamento, sentimento, emoção e necessidade, me entreguei ao desconhecido, entrei no bosque em chamas e compreendi que essa metáfora é equivalente aos nossos desejos e decidi ser eu a mudança que eu desejava ao mundo.
Para defender a Natureza ou gerar mudanças sociais, precisamos primeiro apagar o incêndio interno que geramos por meio dos pensamentos de ganância, luxuária, apego e egoísmo.
Para transgredir o antropocentrismo precisamos ser humanos. Ser humano é desenvolver qualidades divinas e colocá-las em prática, ainda que de forma imperfeita. Me faltava algo.
prayatnad yatamasnas tu yogi samsuddha-kilbisah aneka-janma-samsiddhas tato yati param gatim
E quanto, com esforço sincero, o yogi ocupar-se em continuar progredindo, livrando-se de todas as contaminações, então, afinal alcançando a perfeição depois de praticar durante muitos e muitos nascimentos, ele atinge a meta suprema. (Bhagavad Gita 6.45).
Logo, decidi sair em definitivo de Botucatu e essa história passou a ser para mim um esquecimento. Pensei, Deus, sei que você existe, não sei onde, e nem que és, mas a partir de agora, dependo 100% de você e por favor, gostaria de conhecer seu rosto.
Após fazer essa oração, a caminho da rodoviária, no carro dos meus pais, encontramos com um Monge Hare Krisna no semáforo. Eu lhe chamei pela janela e disse: Por favor, me dê suas bençãos!
Chegando em São Paulo, ainda meio cego, mais em movimento, ainda sem saber para onde ir e o que fazer, pois decidi não ir para os locais de sempre, como casa de parentes e amigos, caminhei por um semana sem destino, e em uma praça, encontrei uma professora da USP por onde passávamos ambos.
Em uma conversa, ela me convidou a conhecer um projeto permacultural em uma favela: a GeoCasa, uma casa Permacultural Urbana. A Prof. Cris Brasileira me levou para um local seguro, a Favela, pensei, aqui posso ficar.
Nesse projeto deixei o único dinheiro que havia levado para essa viagem para ajudar a pagar o aluguel, que estava atrasado e a equipe, havia ido viajar. Lá vivi uma semana comendo grão de bico, que estava na dispensa, cozidos em um forno solar no pátio da casa.
Havia pedido via Facebook, um material de pintura para doação, e a convite da artista Marilia Coelho fui a um templo Hare Krisna em que ela estava em São Paulo buscar algumas tintas para pintar a casa que estava morando. Para ir ao templo, precisei pular a roleta do ônibus e do metrô.
Ao chegar por lá, encontrei um Monge, conhecido como Revolucionário e que revolucionaria para sempre o destino de minha vida, além de ter comido o melhor hambúrguer vegetariano desse mundo!
sattvam rajas tama iti gunah pakrti-sambhavah nibadhnanti maha-baho dehe dehinam avyayam
A natureza material consiste em três modos — bondade, paixão e ignorância. Ao entrar em contato com a natureza, ó Arjuna de poderosos braços, a entidade viva eterna é condicionada por esses modos. (Bhagavad Gita 14.5)
tatra sattvam nirmalatvat prakasakam anamayam sukha-sangena badhmati jnana-sangena canagha
Ó pessoa virtuosa, o modo da bondade, sendo mais puro do que os outros, ilumina, livrando as pessoas de todas as reações pecaminosas. Aqueles que estão situados neste modo condicionam-se a uma sensação de felicidade e conhecimento. (Bhagavad Gita 14.6)
O SANTO DA COMUM-UNIDADE
Srila Bhakti Aloka Paramadvaiti é conhecido como o Monge Revolucionário, de origem alemã, criou diversos projetos de união em diversidade e ativismo para defender a Natureza de várias formas, além de ter criado sua própria missão védica após receber a instrução de seu Tio Espiritual, B R Sridhar Maharaj, quando seu maestro, Srila Prabhupada, abandonou o corpo.
Eu o chamo de O Santo da Comum-Unidade.
Ele possui uma atuação global e tem atuado há mais de 40 anos servindo a humanidade, a Natureza e sua comunidade espiritual. Conheci ele pessoalmente em Junho de 2015 em São Paulo, durante sua passagem pela cidade durante o início de meu exílio e pude conviver com ele de uma maneira muito próxima. Foi amor a primeira vista.
Ele ao me conhecer me disse: Você poderia criar uma escola de ativismo!
Pois eu não pensei duas vezes: Claro!. Fato foi que esse convite mudou o rumo da minha vida.
Passei a acompanhá-lo. Uma semana depois ao seu lado, vendo sua conduta e forma de vida, estava inclinado a ser seu discípulo.
Eu não sabia o que era ser discípulo, em verdade, ainda não sei.
A relação entre um devoto puro e um iniciante é como uma magia. Você sente o perfume da pureza e se sente atraído por ela, mas requer muita responsabilidade e disciplina.
Alguns de seus projetos me inspiraram muito como o Pacto Mundial Consciente, nascido na Rio + 20, após o fracasso dos governantes em tomar decisões conscientes frente as mudanças climáticas que desde da década dos anos 70 já são conhecidas e debatidas pelos cientistas das Nações Unidas.
Ao seguir Swami Paramadvaiti, meu primeiro destino, depois de viajar a Florianópolis, onde me iniciei, foi segui-lo para a Argentina.
O que acontece a partir dessa viagem, onde segui Swami Paramadvaiti por anos, sem planejar, são situações quase sempre inusitadas de muita mística, onde passei a perceber os sinais, sobre como e onde chegar até locais que estavam precisando de ativistas voluntários e me colocando-me a disposição para servir desinteresadamente.
A primeira mística e maior com certeza foi ter obtido a oportunidade de ser aceito como discípulo e ser iniciado por Srila Paramadvaiti sem nenhuma qualificação ou pré-requisitos. Certamente um milagre.
Em menos de dois meses, sem qualquer preparo formal, estava dando conferências sobre a consciência de Krisna, por necessidade de compartilhar o meu processo pessoal de busca e sobre como eu entendia essa oportunidade de seguir as regras e regulações de acordo com os votos de não violência, veracidade, limpeza e celibato durante minha recém iniciada caminhada como uma oportunidade de iniciar um processo de aprendizado, agora em uma dimensão nova de estudante espiritual.
Cheguei a cooperar em reuniões no Senado da Argentina, durante a criação de uma legislação em defesa dos indígenas, simplesmente seguindo minha intuição e oferecendo minha experiência no legislativo.
Minha contribuição foi aceita. Fiquei muito feliz de servir.
A história do Senado em Buenos Aires foi interessante. Eu tinha até uma credencial. Visitei por semanas vários senadores e tinha acesso a computadores e impressoras.
Foi bem bacana poder cooperar com os indígenas de lá. Agora, a Argentina não é amigável com ativistas, assim como no Brasil.
Eu tive sorte, pois conheci uma funcionária do Senado, Victória, ativista e muito aberta que me apoiou. Durante minha visita nesse período, vi e participei de várias manifestações de ativistas ambientais que haviam sido raptados e estavam desaparecidos, era muito triste e eu agradecia por estar vivo. Isso reforçou meu compromisso com a Natureza e meus colegas.
janana-vijnana-trptatma
kuta-stho vijitendriyah
yukta ity ucyate yogi
sama-lostrasma-kancanah
Diz-se que a pessoa está estabelecida em auto realização e se chama yogi [ou místico] quando ela está plenamente satisfeita em virtude do conhecimento e percepção adquiridos. Tal pessoa esta situada em transcendência e é auto controlada. Ela vê tudo — seixos, pedra ou ouro — como a mesma coisa. (Bhagavad Gita 6.8).
Conheci o famoso movimento das Mães da Plaza de Mayo pessoalmente, assim como o movimento Primavera sem MonSanto e cheguei até a dormir no acampamento que foi feito na frente da fábrica que impediu a Monsanto de fabricar agrotóxicos, nas Malvinas, inspirado na narrativa de servir o Pacto Mundial Consciente e sua rede como voluntário e ativista.
Mesmo estando só, seguia os sinais do que poderia realizar.
Foram momentos de muito entusiamo onde ampliei minha atuação a nível Latino, sem estar preparado ou ser introduzido.
Apenas seguia meu coração e o cantar dos pássaros.
Um dos encontros mais inusitados durante esse período, na Argentina aconteceu quando sem querer, encontrei o filósofo Martim Traverso, um antigo amigo virtual. Nos conhecemos em uma Pós Graduação a distância sobre Economia Solidária que reuniu diversos estudantes na América Latina.
Martim e eu tentamos nos encontrar antes em Buenos Aires, mas eu não consegui chegar a tempo para sua conferência. Porém, sem querer, nos encontramos em uma rodoviária durante sua volta. A foto esta bem tremida, mas reflete a alegria de encontrá-lo.
Esse encontro foi no dia em que os devotos celebram o aparecimento de Srimad Radharani, a conserto de Krisna.
Martim tem um trabalho autoral sobre Economia Consciente e seu trabalho me inspirou bastante na busca de encontrar um propósito para minha jornada profissional. É dele o livro que estou segurando ao lado do quadro de Srila Prabhupada.
Ele me convidou para para ser co autor de um livro dele sobre a geração dos Millenials e meu texto foi publicado junto com outros 40 jovens de vários países que ele considerou ter uma história de vida inspiradora. O livro chama-se Re-Evolución Millenials.
Também tive outros encontros inesperados como esse de Martim durante minha passagem pela Argentina. Conheci a fundadora do movimento Madres de Mayo, Nora Morales de Cortiñas e Sofia Gatica, ativista contra a MonSanto, desde da morte de seu filho após uma pulverização com glifosato a um plantio de monocultura na zona rural da região de Malvinas.
Durante minha passagem pela Argentina, em 2015, eu tratei de ser útil ao projeto do Pacto Mundial Consciente, e uma das pautas da Argentina era a Água que havia deixado de ser um direito público e passava a ser um bem de consumo. Isso me preocupou muito.
Ao mesmo tempo, via pela internet uma ação do grupo de ativistas do Chile relacionado a privatização das águas dos glaciais. Fiquei emocionado ao ver a canção que o grupo Elemento Dual e Tiano Bless haviam gravado para alertar sobre essa situação.
Vejam o clipe do Pacto Mundial Consciente abaixo:
Em quatro anos de 2014 a 2018 viajei por mais de 12 países e pude conhecer 5 continentes.
Sempre critiquei essa relação de guru e discípulo até entender em meu coração o sentimento que envolve esse vínculo. Seu exemplo e sua conduta me inspiraram a integrar a plataforma de ativismo, o amor universal.
Tornei-me estudante de Bhakti Yoga, seguindo a linha Gaudiya Vaishinava e passei a ser um aprendiz. Tratei de seguir a instrução que me presentou com o nome Premavatar das, ou servidor do avatar do amor, Swami Paramadvaiti me disse nesse momento: leve a alegria e o amor para onde você for.
Pude conhecer de perto santos, ativistas, profissionais conscientes e muitas referências exitosas de transformação e transição de modelos e modos de produção. Era tempo de começar a pensar como eu poderia compartilhar essas histórias.
Durante esse período eu fiz um texto nas redes sociais, comentando meus primeiros seis meses como estudante espiritual. Abaixo podemos ver como me sentia nesse processo:
Como fazer a mudança acontecer?
Seis meses viajando pela America Latina, estou muito agradecido por tudo que tenho aprendido em consciência de Krsna, artistas e ativistas. Os monges e monjas trabalham muito todos os dias para fazer a mudança acontecer.
A mudança não se faz querendo mudar uma família, sociedade, pais ou governo. Tudo começa trabalhando o seu próprio ser interior. Isso já sabemos por grandes almas como Ghandi e mensagens esotéricas de mestres.
Será que é importante investigar quem somos? De onde viemos? Quem criou o universo? Quem criou as almas? O que é uma alma? O que é Karma? O que é Dharma? Ou Porque devemos desenvolver e praticar amor a si mesmo, ao próximo e ao criador, seja qual for a ciência ou religião?
Para mim essas respostas promoveram uma reflexão e mudança interior, não somente por conta de ter respostas filosóficas, mas sim por poder vivenciar experiencias práticas, vivendo o desconhecido.
Não éfácil estudar e praticar uma cultura ancestral de 5.000 anos com muitas regulações, tentar vencer um pouquinho a mente, adaptar-se a banhos gelados as 4 horas da manhã, cantar mantras e orações seis vezes ao dia participando de duas aulas de filosofia com sono e fome, não intoxicar o corpo quer seja com um cafezinho e deixar de ser um Karmi (uma pessoa que vive para trabalhar sem princípios).
Graças a esta disciplina, pude iniciar o processo de limpeza de minha mente, reduzi e muito os pensamentos negativos e minhas dúvidas sobre meu potencial.
Hoje sinto um profundo prazer em acordar cedo, banhar me com água fria, cantar os mantras mágicos e ter uma rotina de purificação, sem reter nada!
Agora escuto com mais clareza meu coração, onde reside o nosso guru interno, a centelha divina! Todos somos parte da SUPER ALMA e ela vive em todos em nossos corações. Basta sintonizar! Basta purificar! Que lindo sentir a sagrada vibração!
Aprendi a cozinhar, lavar, limpar e escutar aos demais, aceitando trabalhar sem receber dinheiro. Sai para caminhar em defesa de nossa Mãe Terra e para distribuir mensagens espirituais sem saber onde e com quem falar. Sempre cheguei a algum lugar onde eu era bem vindo e necessário. Choro sempre que isso acontece! São os milagres dessa vida, compartilhar o que temos a oferecer!
Doar se por inteiro ao amor, a um propósito, a um processo prático de crescimento! Que ensinamento aprender a depender do senhor do universo conscientemente! Que medo quando precisamos de dinheiro ou qualquer coisa e não temos como conseguir imediatamente, sair as ruas para distribuir amor e receber qualquer doação sem esperar por ela, sempre chega o que precisamos, principalmente quando estamos satisfeitos com o que temos. As vezes chega muito e da-lê compartilhar! Desapegar de novo!
Para um ex empresario, estar sem um fore cast (previsão de faturamento) mensal, trata se de um gran aprendizado sobre o que é conhecer a humildade em sua complexa relação com o falso Ego. Todos dependemos de alguém, quer seja nosso cliente, parente ou chefe. Os monges aprendem a depender de Krsna.
Tenho muito respeito por esses agentes divinos que despertam o interesse em crescer internamente para então distribuir presentes aos demais. Encontrei muitos gurus em minha vida e sou grato a todos eles. Encontrei muitas dificuldades em minha vida, sou muito grato a elas, inclusive as pessoas que me criticaram foram as que mais me ajudaram a evoluir. Sou grato a elas! O defeito de uma pessoa ajuda no aperfeiçoamento de outra. E vice e versa. Em um momento somos aperfeiçoados e outros ajudamos a aperfeiçoar. Aceitar.
Dentro desse caminhar encontramos a luz interior, essa nos guia para a ação correta, e qual seria essa ação correta? Para a cultura ancestral dos Vedas trata-se de desenvolver amor puro a si mesmo, aos demais e ao criador através do serviço desinteressado.
Consideramos a nossa Mãe Terra, que nos da tudo o que precisamos para viver no mundo material, um exemplo de servente. Imaginem como podemos chegar a ser como ela, uma Mãe que em cem por cento de do tempo compartilha tudo que produz com os que estão a nossa volta, sem interesse ou condições? Isso è amor incondicional.
Sem um processo de desenvolvimento espiritual vamos acabar retendo, acumulando e esquecendo dos demais, isso chama-se Maia, ilusão. Por isso as culturas ancestrais são importantes! Como não se apaixonar por uma ciência espiritual onde cantar e dançar sao as principais ferramentas para alcançar a transcendência?
Como me sinto agora? Renascendo todos os dias de Maia, de meu condicionamento de anos! De um mundo ilusório. Com vontade de contar para todo o mundo como é bom cantar, dançar e despertar!
Agradecendo aqui e agora ao passado e aqui eternizo minha gratidão a todos que fizeram parte de meu caminho, me desculpando pelos erros, limpando sentimentos, esperando o momento de reparar todas as dividas que fiz consciente ou não com cada irmão ou irma, e que para o presente que se faz futuro, desejo continuar aprendendo a ser um simples e humilde servidor do amor divino e da Mãe terra, cada vez mais consciente.
Seguindo a musica e o coração!
Com amor e respeito,
Prema Avatar Das.Jay Gurudeva!
Até entender como poder unir meus dons e talentos, em todas as fazes e percursos que trilhei, me senti muitas vezes, e ainda sinto, deslocado.
Entretanto, quando me lembro da literatura védica e minha experiência, lembro que desenvolver fé, é ter confiança de que tudo esta sendo controlado pela graça divina e que é preciso caminhar, muitas vezes, sem saber para onde estamos indo. Como um Rio, que em algum momento, irá chegar ao Oceano.
Logo no final do primeiro semestre, bem nesse momento em que publiquei esse depoimento, eu me lembrei de todas as formações que eu participei com diversas redes colaborativas, eco aldeias e instituições sociais, culturais e ambientais.
Foi nesse momento que pensei em compartilhar a ideia de formar facilitadores de projetos colaborativos utilizando o que aprendi como empreendedor social e facilitador. Agora eu tinha um novo ingrediente, o conteúdo que com os monges em diversos templos pude conviver em um processo intenso de purificação, meditação e peregrinagem.
Nesse período inicial de seis a sete meses, tratei de dedicar-me a estudar e compartilhar a literatura védica em uma peregrinação de purificação do coração. Segui minha intuição. Me entreguei ao processo de observar o presente e seguir o fluxo sem qualquer expectativa ou controle, confiando no Maha Mantra.
O Maha Mantra foi para mim a maior medicina de todas que já pude conhecer. Uma vibração transcendental que permitiu-me compreender muitas limitações e avançar no desejo de aperfeiçoar-me.
Hare Krisna
Hare Krisna
Krisna Krisna
Hare Hare
Hare Rama
Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare
Enquanto me dedicava a cantar os mantras e purificar-me, vivenciei encontros e aprendizados inacreditáveis e que sou muito agradecido por poder contemplá-los em minha memória atualmente.
Muitos desses encontros e aprendizados são muito íntimos e a quem desejar saber sobre seus efeitos, recomendo cantar o Maha Mantra Hare Krisna, compartilhado acima, para que possam experimentar por si mesmo essa experiência mística de despertar no coração a semente do amor amor universal. Esse processo para mim continua diário. É minha medicina.
Após esse processo de caminhar, meditar com o Maha Mantra e observar seus efeitos, encontrei um caminho para compartilhar o chamado que recebi de muitas formas e maneiras, canalizando minhas frustrações em serviço e utilidade, tratando de lembrar sempre da instrução de Paramadvaiti Swami: levar alegria e o amor.
Era preciso para compartilhar e para isso entusiasmar-me. Para isso teria que aprofundar sobre conhecer-me a mim mesmo. Como eu me entusiasmo? Servindo! Mas que tipo de serviço me satisfaz?
Descobri um tesouro escondido em todos os corações: a devoção e o serviço amoroso pela humanidade natural sem fronteiras e julgamentos através da inovação social e do canto medicina. Os métodos colaborativos, a convivência criativa e a cultura me entusiasmam!
Entretanto, era preciso descascar batatas quase diariamente, continuar limpando os banheiros dos templos, ajudando a pagar os aluguéis e eu nem sempre estive focado somente nas minhas metas que mais me entusiasmavam, mas sabia que era preciso estar presente de coração em todas as demandas que aparecem para poder cumprir meu designo.
Lembro uma vez que cheguei em um templo para ajudar com minhas ideias e sonhos e os devotos me falaram, precisamos cozinhar. Eu sem titubear fiquei na cozinha, mesmo sem ser meu forte por uma semana, sem deixar-me abater. Quando os devotos viram que eu tinha conhecimentos que poderiam apoiar outras áreas naturalmente estava sendo convidado a conversar por eles, com o Prefeito e o Reitor da Universidade. Nessa ocasião fizemos um projeto colaborativo de três meses no Equador.
Compartilhei momentos mágicos, sempre pensando sempre no Brasil e em novas formas de levar essa mensagem aos que com carinho mantinha contato, apreciando tantas dificuldades como um golpe de estado em curso e a banalização da democracia.
Descobri novamente que é na música, nos mantras e na arte um meio muito eficaz, assim como a inovação social de incidir mudanças reais.
Em uma dessas experiências de caminhante, tive a oportunidade por meio de um convite de Swami Paramadvaiti de viajar por três países, Colômbia, Equador e Peru, junto com artivistas.
Estes guardiões da Música Medicina, me inspiraram muito e durante dois meses pude vivenciar uma turnê internacional agora também fazendo parte do show.
Foram 11 shows onde pude fazer parte da banda de apoio de Swami Paramadvaiti. Uma experiência única e que sou muito agradecido por ter vivido.
Quando a turnê chegou em Santa Marta, foto acima, pude passar quatro dias sendo assistente pessoal de um devoto muito especial.
Gurudeva Atulananda Acharya é autor de muitas obras e traduções Védicas para espanhol e português. Assim como Srilla Paramadvaiti, Gurudeva Atulananda é discípulo direto de Srila Prabhupada, o Swami que trouxe o Vaishinavismo ou a Consciência de Krisna, como ficou conhecida, para o ocidente em 1965.
Cometi algumas ofensas como assistente pessoal de Gurudeva Atulananda, como por exemplo, esquecendo que o estava atendo-o, e indo a uma cachoeira com a mochila com as roupas de Gurudeva!
Eu estava iniciando o processo e não fazia ideia da importância da minha função como assistente pessoal de um Guru e certamente, me esquecia facilmente que era assistente, para desfrutar. É essa mente que a consciência de Krisna busca atuar: transicionar de uma atitude de usufruir, para uma atitude de servir. É extremamente difícil.
Lembro que quis ajudar Gurudeva Atulananda a subir uma pedra, em uma cachoeira e acabei derrubando ele. Anos depois perguntei se ele lembrava disso e ele me disse que não, eu ri e disse que bom!
A vida material é assim, as vezes queremos ajudar, mas atrapalhamos por não saber o que fazer e como fazer. Por isso recomenda-se aproximar-se dos Mestres e fazer perguntas de forma humilde.
Atualmente a obra de Gurudeva Atulananda, suas músicas, poesias e conferências me inspiram muito a estudar a filosofia védica.
harer nama harer nama harer nama namaiva kevalam kalau nasty eva nasty eva nasty eva gatir anyatha
Nesta era de desavenças e hipocrisia, a única forma de libertação é cantar o santo nome do Senhor. Não há outra maneira, não há outra maneira, não há outra maneira.
Durante esse período pude compor uma canção com um compositor e cantor Venezuelano, Jesus Hidalgo, hoje muito querido e amigo, na Amazônia Equatoriana.
O encontro com Jesus Hidalgo me inspirou a canalizar todo esse sentimento de amor a Mãe Terra em melodia e poesia medicina.
Sua música e obra, após sua transição, quando deixou a carreira de músico da Warner, para criar o movimento de música medicina em Miami me deixou completamente apaixonado.
Essa conexão deu frutos. No dia do meu aniversário, em Janeiro, compusemos uma canção em uma Eco Yoga Aldeia, na Amazônia Equatoriana. De lá fomos direto a um estúdio e registramos esse momento. Em Maio de 2019 Jesus me ligou e disse que iria gravar a canção que fizemos no seu novo álbum, Diamante. A canção ganhou um vide-o clipe e eu pude participar.
Abaixo, dá para escutar o resultado. O clipe foi filmado no sul do Chile e nas cenas em que participei no Brasil.
Tratávamos sempre de em meio as viagens, inspirados por esse movimento de consciência realizar ações espontâneas de engajamento.
Havia tanto lixo em uma ida a praia durante uma visita do festival em uma cidade que suspendemos o banho de praia para limpar. Logo, estávamos todos limpando e fazendo um vídeo. Eu tinha realmente achado meu bando!
A Colômbia é um local com pessoas muito inspiradoras.
Durante esse período, meu irmão Felipe Lopes estava saindo de férias de seu trabalho e eu o convidei para vir a Colômbia conhecer a família Vrinda.
Por 20 dias estivemos juntos viajando em alguns templos e eco yoga aldeias. Foi uma oportunidade muito bacana ter companhia de um membro da família durante esse processo.
Os irmãos tem deveres comuns, relativos a suas famílias, bem como pais e mães, bem como a Natureza, a família da alma, e é esse um vínculo que no futuro deverá manterá a memória de um vínculo que representa diversos elos de comum-unidade.
É muito importante que esse vínculo seja de respeito e admiração. Quando não é possível ter uma relação entre irmãos em harmonia, precisamos nos esforçar para que tal relação se harmonize.
Eles representam a conexão com nossos ancestrais e com nosso dharma.
Junto com Felipe tivemos alguns momentos marcantes durante essa viagem. Um foi uma visita a Ilha de San Andrés, no Caribe, próximo a Nicarágua.
Lá tivemos a oportunidade de conhecer líderes de etnias locais e conhecemos algumas problemáticas da Ilha.
Um desses, foi o Lixão, entender como o turismo tem um impacto extremamente negativo na localidade me deixou em estado de alerta.
Tratei de ir até o representante legal do Governo da Ilha e comentar com ele minhas preocupações, cooperando com propostas.
Outro momento que fica na memória durante o encontro com meu irmão na Colômbia foi quando juntos em Santa Marta, gravamos uma música junto com uma devota muito especial, Madre Govinda Jaya Jaya, que muito em breve, viria a ser parte de nossa família, e naquele momento, nenhum de nós poderíamos imaginar essa possibilidade.
Era a primeira vez que estava fazendo música com Felipe, e ele comentou: nem deu tempo para eu ensaiar e aprender a tocar?
Foi um improviso!
Em Santa Marta, onde gravamos essa canção acima, esta localizada a sede de um dos principais projetos de Swami Paramadvaiti e o que eu mais me conecto: a Universidade de Sabedoria Ancestral.
Quando cheguei da Argentina ao Peru, nesse processo de viajar seguindo Swami Paramadvaiti, ele me convidou a ir a Colômbia.
Disse que por lá iria ocorrer um encontro histórico e eu tinha que estar presente.
A Universidade de Sabedoria Ancestral nasceu de um pedido dos sábios da Serra Nevada na Colômbia, os Mamos, para Swami Paramadvaiti durante um místico encontro em 2012.
Swami Paramadvaiti chegou a Serra Nevada durante um evento de sábios, um encontro de Mamos. Nesse encontro somente Mamos, ou seja, Pajés, poderiam participar.
Por isso ao chegar ao local do evento, Swami Paramadvaiti, sem saber do encontro de Mamos, foi instruído por outros nativos a esperar o encontro acabar, para falar com os líderes espirituais, entretanto um dos Mamos que estava na cerimônia, saiu e disse que havia sentido a presença de outro Mamo. Nesse momento, Swami Paramadvaiti foi convidado a entrar na cerimônia/encontro e reconhecido como um sábio. Havia uma profecia de que um homem branco chegaria a Serra Nevada com a missão de unir os povos ancestrais.
Nessa cerimônia Swami Paramadvaiti foi nomeado Mamo Kwibi, ou “Homem Branco Grande”.
Durante esse encontro Swami Paramadaviti colocou-se a serviço dos povos originários locais e pediu a eles uma instrução.
Um dos Mamos presentes, lhe comentou que o conhecimento ancestral local estava acabando pois os jovens não estavam interessados em manter as tradições. A análise de causa deles é que quando os jovens vão até as Universidades, voltam sem interesse na vida comunitária e abandonam a vida na aldeia para ir as cidades.
O pedido do Mamo foi: necessitamos de uma Universidade para que nossos jovens possam aprender nossas tradições e também o que o mundo de nosso irmão menor [homem branco] tem de bom como tecnologias sociais, sabendo reconhecer perigos como o plástico, o álcool e a comida industrializada. É um acordo entre a consumo visão e as cosmos visões.
Swami Paramadvaiti recebeu essa instrução como uma ordem e a seguiu oferecendo neste instante uma propriedade rural próximo a Serra Nevada, que ele havia recebido de doação de um discípulo para ser a sede desse projeto. Ao final da cerimônia/encontro, alguns Mamos foram visitar esse local, pois não se pode considerar um local de estudos e aprendizagem na cultura nativa, qualquer território.
Ao chegarem na propriedade que Swami Paramadvaiti ofereceu para o projeto, os Mamos foram verificar se poderia ser adequado para essa proposta.
Os Mamos são capazes de comunicar-se com a Natureza, por meio de Pedras, Animais, Vento, e outros elementos invisíveis. Depois de um período de consulta, eles descobriram que essa propriedade era justamente o local onde seus ancestrais utilizavam para compartilhar o conhecimento. Era o local onde estava sua Universidade no passado.
Foi um espanto para todos. Caminhando adentro da propriedade, cerca de 45 minutos foi possível chegar a uma Pedra chamada Dwnama que é considerada pelos Mamos o repositório de todo o conhecimento ancestral, utilizado por vários sábios durante o período das invasões.
Agora, seria possível recuperar esse conhecimento, por qualquer indivíduo, desde de que guiado pelos sábios de acordo com as exigências de compromisso para com a Natureza.
Invoco uma sistematização de um encontro que tivemos no Brasil sobre a Universidade para termos informações mais recentes do processo por aqui.
Reunião realizada em Novembro de 2017, texto sistematizado por Adriana Bernal de B.A. Paramadvaiti Swami, Mamo Kwibi, fundador da Universidade de Sabedoria Ancestral.
A Universidade da Sabedoria Ancestral é organizada para todos que estão integrados ou querem integrar-se ao pensamento ancestral. Para nossa comunidade Vrinda [missão fundada por Swami Paramadvaiti e Swami Atulananda] esse serviço começou na Índia há 30 anos atrás.
Dois santuários ancestrais na Índia hoje recebem programas de limpeza, educação e restauração graças a Universidade de Sabedoria Ancestral. Na América inicia-se com as EcoYoga Aldeias em 1984 e logo com a chegada de nossos irmãos Mamos da Serra Nevada em 2013.
É a nossa relação sobre como podemos reparar os danos causados a Mãe Terra. Onde há danos a Mãe Terra há problemas no presente e futuro.
Nossa meta é empreender um esforço para apoiar as pessoas a compreenderem os danos que estão causando e apreciar a vida como um grande serviço a divindade, ao amor divino, ao amor universal e proteger o mais belo patrimônio imaterial que recebemos que é a nossa casa comum, nossa comunidade, a família.
Esse encontro tem como propósito reconhecer as forças, a energia de nossos irmãos nativos e que em todo o mundo esses objetivos são necessários, pois, nas cidades todos estamos enfrentando dificuldades e ansiedades fruto de uma distorção cognitiva de que a modernização parecia ser a melhor alternativa. Com o tempo verificamos que as pessoas não são felizes com esse estilo de vida. Todos vamos morrer um dia e por isso precisamos de uma evolução de consciência.
Para isso temos vários projetos organizados: Pacto Mundial Consciente, Revolução da Colher, OIDA Terapia e todas são ferramentas para transformar nosso mundo interior e o incidir no mundo como um todo fazendo novos e bons amigos, uma comum-unidade com ideias elevados. No Brasil temos muitas responsabilidades porque a situação é muito séria.
Então todos vocês que estão aqui e estão presentes, devem unir-se e integrar-se para cooperar em rede e juntos promovermos novas oportunidades de atuarmos.
Fica a esperança e o entusiasmo de que os sonhos de nossos ancestrais, avós e mestres se realizem.
Onde existe muito canto, música e rezo uma nova consciência emerge e nos permite servir as pessoas. Com essa consciência poderemos proceder no serviço a humanidade, aos nossos irmãos que vivem sobre a mesma consciência superior que nós.
Objetivos da Universidade de Sabedoria Ancestral e Nações Unidas do Espírito — Brasil
1. Apoiar e incentivar declaração de todas as reservas nativas como áreas de patrimônio imaterial da humanidade na UNESCO
2. Apoiar e servir o movimento de demarcação das áreas indígenas, reconhecendo essas como patrimônio imaterial da humanidade 3.Desenvolver planos de manejos específicos para os territórios auto declarados e reconhecidos como patrimônios imaterial da humanidade de forma participativa
4.Consultar com os nativos do território como querem se auto declarar e se aceitam o apoio proposto acima e como pensam em seu plano de manejo 5.Estudar a lei de conquista e revelar o que se praticam os governos colonizadores
6.Universidade de Sabedoria Ancestral desenvolve projetos educacionais para facilitar o nativo a lidar com os perigos da consumo visão: lixo, vícios, condicionamentos , etc.
7.Criar uma agenda de trabalho integrada
8. Relacionar nos cursos da UDSA como as Guardiãs da Mãe Terra e Facilitadores de Projetos ter a finalização mediante uma atividade voluntária
9. Claridade na missão e valores da UDSA, onde, o foco esta em apoiamos a revelar como os nativos podem ajudar a humanidade.
10. A contribuição que pretendemos gerar com a UDSA não são coisas materiais mas produção de guias instrucionais revelando a importância dos sábios e seus conselhos e na sistematização do que eles querem compartilhar para contribuir em cursos para a humanidade servir a natureza por meio de encontros
11. Facilitar o nascimento de conselhos locais de avós, sábios e jovens que possam atuar em rede pela preservação da natureza e memória ancestral
12. Facilitar que esses conselhos promovam auto declarações de diversas naturezas e funções essenciais de acordo com suas necessidades vitais
13. O auto reconhecimento se legitima pelo exemplo pessoal dos membros dos conselhos, a confiança é o atributo que devemos usar nesse processo de empreender em rede
14. Facilitar que os nativos reconheçam-se como seus próprios “educadores” que sua educação seja própria através de um processo de investigação e sistematização. A UDSA pode apoiar a transitar a forma de ensino “oral” pela “escrita” por meio de facilitadores e enlaçadores ancestrais
15. Oferecer certificados das Nações Unidas do Espírito e da Universidade de Sabedoria Ancestral como reconhecimento dos esforços desses facilitadores locais e seus projetos com os povos nativos estimula a construção de valores incluindo a não ficar dependentes da educação colonialista. As certificações são por experiências adquiridas e por projetos
16. O paradigma que desejamos é a de servir a natureza, a comunidade e nosso próprio crescimento pessoal. O serviço não é remunerado. Ele é um ato de amor
17. O esforço coletivo da rede NUE e UDSA Brasil deve ser o de resgatar os valores originais, incluso na educação evitando a patologia social da imaturidade
18. Mapear todas as escolas onde existem indígenas e nativos e propor uma forma alternativa de desenvolvimento educacional e acadêmico
19. Mapear todas as tribos e comunidades nativas que estão indexadas com centros urbanos e propor um serviço de resgate ancestral pela educação
20. Desenvolver guias, materiais instrucionais e programas que apoiem os povos originários a desenvolverem sua própria educação libertária, emancipadora e transformadora
Comentários de Maharaj Swami Puri sobre a reunião:
O entusiamo é o grande motor para que grandes mudanças possam acontecer. Sem entusiasmo não podemos alcançar nenhum objetivo na vida e essa motivação pode gerar grandes transformações como por exemplos as Eco Yoga Aldeias.
Vrinda Bhumi por exemplo é um refúgio e serve como base de encontro e consolidação das aldeias que atuam na regeneração do pensamento de práticas humanas.
Analisando os desejos de muitas pessoas em mudarem suas formas de vidas, recebemos muitos visitantes interessados em conhecer alternativas práticas, concretas e exitosas.
Quando pensamos nos povos originários que perderam suas culturas devido a exploração do homem branco o que eles tem que resgatar é o mesmo que as pessoas nas cidades estão buscando, existe uma coincidência de valores, uma sinergia.
O sistema de Eco Yoga Aldeias pode gerar muitos frutos por que favorece a conexão. O sofrimento esta conectado com a perda de identidade e ideais elevados.
Estamos a disposição da Universidade de Sabedoria Ancestral e dos demais projetos da comunidade para promover e realizar uma integração participativa entre os diversos projetos e pontos de encontros e práticas da Universidade de Sabedoria Ancestral do Brasil, como as demais eco yoga aldeias: Santuário De Harmonização Planetária, Bhakti Dham e Eco-Vila Ganga Maa.
Recebemos muitas pessoas que não querem mais estar associados a um modelo de vida de exploração, todos são pessoas que podem cooperar muito com o projeto.
Nossos voluntários e visitantes tem muito a aportar com o projeto das Naciones Unidas Del Espíritu.
As Eco Yoga Aldeias tem esse papel de fomentar esse ideal aumentando a percepção sistêmica de que precisamos de mudanças e realmente os povos ancestrais e a sabedoria ancestral podem nos apoiar muito nesse processo, bem como, nós podemos cooperar muito com o processo.
Guia de Investigação e Estudo na Universidade de Sabedoria Ancestral
A Universidade de Sabedoria Ancestral relacionou os temas que gostaríamos de aprender de diferentes povos ancestrais, tratando de unir em diversidade, sem qualquer interesse de fusão entre os conhecimentos, respeitando inclusive, apenas os conhecimentos que os povos querem compartilhar.
Este documento é uma guia para estudar a Sabedoria Ancestral em termos gerais, entendendo que, estes, sejam antes, aceitados pelos sábios, assim como esta guia, elaborada pelo co fundador da UDSA, para então ser compartilhado. A Universidade de Sabedoria Ancestral reconhece os povos originários como docentes.
Nesta guia vamos conhecer exemplos práticos sobre os temas de estúdios e investigação dentro do amplo caminho da sabedoria ancestral.
A UDSA tem como propósito resgatar e compartilhar o conhecimento ancestral de uma forma que, neste tempo atual, possamos ajudar a servir e proteger a Mãe Terra e a humanidade, percebendo que a sabedoria oriental e ocidental proveem da mesma fonte, compreendendo assim que somos uma só família.
O modelo acadêmico que a UDSA propõe tem três pergunta:
- O que é ser humano?
- O que é a Natureza?
- O que é o conhecimento?
Dentro dessas perguntas encontramos o que queremos falar com os povos ancestrais para que eles não se sintam excluídos e muito menos invadidos, como por exemplo: como cuidar, respeitar, agradecer e reconhecer os presentes da Natureza e do Sagrado de cada ser, como harmonizar nossas relações e sermos mais conscientes entre nós.
Dessa maneira queremos definir os temas comuns para não produzir conflitos por um conhecimento confidencial, porque o único propósito da UDSA é fazer uma oferenda as Nações Unidas do Espírito, contribuindo com o tecido de amor.
sreyan sva-dharmo vigunah para-dharmat sv-anusthitat sva-dharme nidhanam sreyah para-dharmo bhayavahah
É muito melhor cumprir os deveres prescritos próprios embora com defeitos, do que executar com perfeição os deveres alheios. A destruição durante o cumprimento do próprio dever é melhor do que ocupar-se nos deveres alheios, pois seguir o caminho dos outros é perigoso. (Bhagavad Gita 3.35)
Meu envolvimento com a Universidade de Sabedoria Ancestral, a UDSA é sentimento comparado com a somatória de todas as experiências místicas que trago com a Natureza. É uma egregora que me faz sentir em casa. É uma casa de pensamento. É a própria Mãe Terra.
Para que fique menos abstrato e sentimentalista, compartilho abaixo um vídeo em espanhol sobre essa expansão da Mãe Terra, como falam os próprios nativos da Colômbia a respeito desse projeto regenerativo.
Em Dezembro de 2015 cheguei na Colômbia pela primeira vez e pude participar de um encontro de Sabedoria Ancestral com mais de 80 povos nativos.
Esse encontro foi fundamental para que eu continuasse o meu serviço agora com uma outra dimensão e até entendimento sobre o que ele representa.
Os encontros de sabedoria ancestral são parte de uma profecia e uma visão onde por meio da união dos povos ancestrais da Terra, nativos, ou nativos-mestiços, voltariam os seres humanos a se unirem para defender a Natureza.
O encontro que inspirou essa visão é chamado de KIVA* e significa o útero da Mãe Terra, ou Templo da Mãe Terra.
Abaixo, um vídeo onde, explica-se a KIVA* e o encontro que participei na EcoYoga Aldeia Varsana localizada na Colômbia, sendo esse o quarto ano e a quarta edição no mesmo território, Varsana.
* KIVA: Palavra nativa que significa útero de mãe terra, local onde se faz cerimônias com rezos nativos-mestiços.
Nesse encontro conheci a Mãe Govinda Jaya Jaya, pela vez primeira, uma devota e ativista que tinha como responsabilidade cuidar dos representantes dos povos ancestrais que participavam do encontro.
Estes abuelos e abuelas eram sábios de várias etnias e eu escutava suas histórias com admiração.
Mãe Govinda Jaya teve a responsabilidade de cuidar do fogo da Kiva em Varsana durante os quatro anos de encontros.
Após um ano desse encontro, em que nos conhecemos, estaríamos juntos novamente, agora como noivos e em um ano depois seguida casados, mesmo sem saber.
A vida com seus encontros transformadores e tecedores!
O encontro com Mãe Govinda Jaya Jaya veio com convite muito puro e sincero de constituir uma família consciente de Krisna.
Na filosofia védica, a constituição de famílias conscientes não é considerado algo mundano, mas sim, um serviço, uma forma de servir muito elevada. Para isso é preciso muito preparo e estudo.
Quando fui a Índia pedir as bençãos de Swami Paramadvaiti para nosso matrimônio, ele me disse: “É o casal das Nações Unidas do Espírito”.
Fato foi que antes de decidir casar-nos criamos a rota das bençãos e fomos a vários líderes ancestrais pedir as bençãos, incluindo primeiramente aos país de Govinda Jaya Jaya.
Todos nos receberam com muito carinho e nos presenteavam com as bençãos e também seus alertas sobe esse caminho de viver a etapa de constituir família.
A importância da Família na comunidade Vaishinava, ou em Consciência de Krisna é admirável.
É nela onde as bases de uma sociedade se equilibram. Formar uma família é um voto de responsabilidade para o cumprimento de deveres muito elevados: ser um meio para a invocação de almas, através da fecundação, como uma oferenda para servir a humanidade, apoiando-las a praticarem consciência de Krisna e cumprir seus deveres prescritos.
Deveres prescritos, quer dizer que, todo ser trás dons e talentos para compartilhar e servir. Para isso é preciso aprender.
Esse aprendizado é antes de tudo transcendental pois não trata-se do que aprendemos nas escolas. É que chamamos de Jnana e Vijnana. Conhecimento a respeito da verdade.
Para conhecer a verdade é preciso desenvolver confiança, ou fé.
Para isso é preciso ver a beleza em tudo e em todos. É sentir que existe algo a mais do que eu posso ver com os olhos materiais e de meus sentidos. É um profundo mergulho na mística da alma.
É apaixonar-se pelo misterioso desconhecido. É expandir a compreensão para o compreensivo e aceitar que somos aprendizes e aprendizes precisam de apoio para reconhecer o que é verdadeiro e o que não.
Pequenos detalhes como esses, são tesouros na vida de qualquer ser.
Ele é capaz de trazer paz, pois nos capacita para não perturbar e não nos deixar ser perturbado através de práticas. Esse conhecimento nos revela sobre a eternidade, o conhecimento a respeito da verdade e a felicidade. Em que escola aprendemos sobre o eterno? Sobre a felicidade?
Nessa plataforma, onde podemos falar e praticar a cerca da essência das sabedorias, dos níveis de consciência, das classes de seres, de suas qualidades, formas, condutas e comportamentos, certamente vamos ter uma sociedade capaz de discernir sobre quais os impactos de cultivar qualidades divinas.
Através da vida familiar consciente, é possível cultivar e manter a bondade como meta e por essa, alcançamos outras como: a veracidade, a tolerância, a compaixão e a humildade.
É na família que podemos iniciar-nos nas relações com o mundo, é nela que podemos adquirir uma cultura de entendimento sobre causas e efeitos básicos e ter uma noção a respeito de como, desde do meu pensamento, deliberação, palavras e ato, posso incidir no mundo.
A família é um sistema, um organismo vivo. É como uma nuvem que chega e descarrega. Pode ser uma chuva leve, ou uma tempestade.
É preciso se preparar para que uma família seja formada. Esse preparo envolve desde das bençãos dos ancestrais, pais, mestres e amigos, até o estudo sobre como devemos nos comportar para que nossas ações sejam sempre chuvas leves que possam nutrir no tempo e espaço correto.
Durante vários meses, não me senti preparado para casar. Além disso, muitos amigos de nossa comunidade espiritual traziam traumas ou visões distorcionadas sobre a vida familiar.
Tive dificuldades de decidir se a vida familiar era o que eu deveria realizar nesse momento, uma vez que já estava praticando o celibato e a vida monástica.
Quando me abri para entender o que representava a vida familiar, dentro da consciência de Krisna, por meio de algumas conversas com Mãe Govinda Jaya Jaya, me pareceu muito análogo ao serviço de ativismo. Formar uma família consciente de Krisna é o mais eficaz método de ativismo.
Auto transformar-se e incidir assim na sociedade através da prática, gestos, e o cumprimento de deveres como cuidar, dar, receber e regenerar, desde do interior até uma nova geração, incrível.
Me pareceu algo maravilhoso e muito especial. Me abri então, novamente, a possibilidade de formar uma família consciente de Krisna e iniciei o que chamamos da rota das bençãos.
Fui a família dela, aos mestres, amigos e conversei com todos, para saber se eles nos davam suas bençãos. Em todos os encontros, recebemos conselhos valiosos e votos de felicidades.
Nas visões ancestrais dos povos originários da América, o homem é o guardião das sementes, e a mulher o território sagrado onde se fecunda essas sementes.
A união entre ambos é sagrada e deve servir como uma forma de nos recordar da importância da Mãe Terra e do Pai Sol que fecunda a Terra por meio da energia do cosmos e a chuva dos oceanos e rios.
Para essa relação ser fértil e por fim colhermos bons frutos, necessito de nutrientes. Esses nutrientes certamente vem de relações: sentimentos, pensamentos, falas, atos, por fim: exemplos.
Para os povos nativos e diversas cosmovisões existe uma lei única vigente, a lei do criador. Ela é constante, absoluta e eterna pela qual se pode obter verdadeira justiça, paz, liberdade e ordem no mundo.
Um dos fatores de entendimento dessa lei é a fonte do alimento convertido em sangue pela qual podemos existir no mundo, sentir e pensar. A Mãe Terra é a primeira anciã, a que serve a esse propósito da lei original da criação.
De todos os deuses, ou administradores do mundo material, ou seja, de seu aspecto físico, ela é a mais grande porque é capaz de proporcionar sustento a sua criação, de gerar, gerir e regenerar. Sem ela o céu, arquétipo paternal não pode manifestar-se em forma humana pela qual a criação obtém sentido através de suas partes fragmentárias, terra, ar, fogo, ar e água.
A lei única do criador ou a Lei Original, absoluta e eterna, constante da criação deve ser aplicada na evolução da consciência, sendo a constante primordial.
Todas as demais leis estão sujeitas a ela, para poder assim, ajudar a humanidade a reviver a Lei única, que tem como máxima, permitir as outras entidades realizarem, aquilo que elas trazem como propósitos. Causa e efeito.
Para os povos nativos e diversas cosmovisões existe uma lei única vigente, a lei do criador e. Ela é constante, absoluta e eterna pela qual se pode obter verdadeira justiça, paz, liberdade e ordem no mundo.
Um dos fatores de entendimento dessa lei é a fonte do alimento convertido em sangue pela qual podemos existir no mundo, sentir e pensar. A Mãe Terra é a primeira anciã, a que serve a esse propósito da lei original da criação.
Para a Mãe e o Pai criadores todas as entidades viventes são sementes de uma mesma matriz.
Reconhecendo essa semente de origem como parte do espírito original se entrega ao indivíduo uma missão natural a cada consciência semente filha, a de proteger a vida honrando a matriz geradora, a semente que carrega-se, e a que se recebe junto com a memória da identidade humana através do DNA e do Cosmos. Do Céu e da Terra. A palavra Humanidade, vem de Humus, Terra.
A identidade humana ou cultural e a soma de vários indivíduos é a chave de conexão com o território e está a ligação com a lei original que é a ponte para a cosmovisão, ou seja, para uma determinada visão de mundo específica, que compreende tempo, espaço e circunstâncias distintas.
Por exemplo, as qualidades de uma determinada era. Assim como as estações apresentam variações em suas características.
Em cada povo ancestral e em cada cultura existem diversos arquétipos de organização. Desde de uma organização de pensamento, até física, social e cultural.
Os papéis de autoridade são responsáveis por representar a lei original, em sua forma essencial e orientar a ordem política, comunicando-se com o território e seus elementos de forma a propagar seus ensinamentos e pedidos de acordo/ajustes com cada situação.
Voltando a Kiva, eu recém chegava do Equador, depois de muitas outras atividades devocionais e de serviço e assistia sem entender a magnitude desse acontecimento, os povos ancestrais se auto declarando de forma espontânea as Nações Unidas do Espírito, e o que isso significava?
Confesso que no momento eu estava me sentindo deslocadíssimo. Como poderia servir e ajudar a tantos sábios? Melhor me vou! Muitas vezes pensei em ir embora, mas sempre acontecia algo que me fazia ficar.
As Nações Unidas do Espírito são uma grande oportunidade de expandirmos a consciência de que a Natureza esta viva, é sagrada, e é parte de nós.
É nossa Mãe Terra, nossa família ancestral. É uma plataforma regenerativa e de governança cosmogeocrática. Minha boa fortuna foi ter participado desse evento, ainda que, sem consciência sobre o que ele representava.
As autoridades são reconhecidas por variadas formas, sempre que, estão cumprindo com seu dever de maneira íntegra, coerente e com humildade. Atualmente a qualidade do papel de autoridade, depende da qualidade do ambiente.
Quer dizer que quanto mais indexado culturalmente for uma região, menor a qualidade da autoridade local. Isso implica em uma baixa capacidade de comunicação entre território e autoridade.
Por fim, teremos um aumento de decisões com efeitos desconhecidos, como o desequilíbrio ecológico, a perda de idiomas nativos, o etno genocídio e a perda de biodiversidade.
Sempre dotados de reconhecimento entre seu povo, esses representantes da lei original tem como atributos, servir como meio de orientar a comunidade, estabelecendo a ordem por meio da consulta cosmogeocratica, geralmente atribuída aos rituais, cerimônias, rezos, cantos e danças, onde o território passa a ser partícipe do processo de tomada de decisões. Isso implica muitas vezes em austeridades e sacrifícios.
O dever desses maiores é estabelecer a confiança, para que as decisões sejam tomadas de forma assertiva.
Quer dizer que a transparência nesse processo extrapola o visível, ela é atende requisitos de moral, exercida desde da ética original, podendo ordenar a liberdade de ação dos seres humanos com autonomia e responsabilidade, sendo possível, algum tipo de pagamento ou oferenda que repare algum dano, desequilíbrio, não somente presente, mas também, atemporal, no passado ou futuro.
As culturas ancestrais dominam uma relação e vínculo com o tempo e espaço através de seus territórios de uma maneira ainda desconhecida para nós, seres científicos racionais.
Assim deveria-nos questionar-nos sobre que classe de conduta e com que qualidade de comportamento, nossos líderes necessitam desenvolver para a tomada de decisões.
Analisando o antropocentrismo o que constatamos é que os valores morais e éticos estão certamente distorcionados.
Apreciando os princípios da lei original, supra citados acima, nossos representantes, em uma visão de mundo antropocêntrica, não estão considerando o território como partícipe do processo de tomada de decisões.
Nem mesmo a sociedade, os cidadãos estão interessados em participar, terceirizando sua própria representatividade.
Quer dizer que, para recuperarmos a visão de mundo original, devemos compreender que antes de incluir o território como partícipe, vamos precisar nós, como cidadãos, nos co responsabilizar pelo entendimento das ações e reações de nossas omissões, negligências e ou conivência, como sociedade, no âmbito organizacional político.
Considerando uma dimensão integrada ao sistema de contextos (causas e efeitos) de regulações para a conduta social estamos em um estado de coma, completamente apáticos, em uma afasia.
Afastados da lei de origem o paradigma antropocêntrico presume que as leis criadas para explorar: um dos significados etimológicos da palavra consumo, são soberanas ao território, ou aos valores morais e éticos dos povos, quer seja ancestrais ou modernos.
Este é um ponto nevrálgico no paradigma policentrista, ou biocentrista, onde a Natureza é reconhecida como sujeito de direitos e participa do processo de normas e regulações de uma sociedade sendo soberana até mesmo ao desejo do ser humano, verificando o grau de relevância que o organismo como o todo possui em relação a uma parte fragmentária dele mesmo.
Um dos aspectos mais interessantes nesse processo é a teoria fractal. O que praticarmos a nós, é refletido no meio e no todo. Para isso, para ordenar o ambiental é preciso ordenar o humano primeiro.
Existe a compreensão da relação de interdependência, já conhecida, mas também da correspondência morfogenética pouco falada pelos nativos a nós, ou seria melhor dizer, de pouco interesse nosso em aprender com esses povos e culturas?
Se por um lado as Nações Unidas falam dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os “ODS”, as Nações Unidas do Espírito falam sobre os 7 princípios de vida e os 9 acordos baseados na cosmogeoética e trazem uma grande diferença sobre como entender as causas e efeitos das mudanças climáticas por exemplo, fazendo alusão ao que se propõe a ONU com os ODS.
As Nações Unidas do Espírito trouxeram a luz premissas que extrapolam a visão antropocêntrica.
Ela revela como podemos ir na raiz de algumas das principais causas do que impedem a humanidade perceber sua falha ética em muitos dos processos de produção, governança e consumo.
Essa ética trata de reconhecer a Natureza como consciência, extrapolando a visão de recursos e ou exploração, para incluir a comum-vivência e a comum-unidade como lei, resgatando a lei original.
A declaração: Hoje renascemos nos seguintes novo alentos de vida:
- Reconhecemos como nossa lei de origem a Mãe e Pai criadores que se manifestam e expressam pela ordem natural e por isso declaramo-nos as Nações Unidas do Espirito,
- Propomos um caminho para desenvolver seres humanos verdadeiros baseando-nos em nossas formas de vidas,
- Convidamos o ser humano esquecido de sua memória ancestral que venha beber desta fonte de sabedoria ancestral,
- Consideramos que toda a natureza (elementais, minerais, animais, plantas, selvas, rios, montanhas, humanos, planetas, estrelas, assim como o invisível) não são recursos, são nossa família, pela qual é fundamental viver juntos em harmonia,
- Manifestamos que a interculturalidade e o diálogo de saberes favorece o reconhecimento de nossa humanidade comum no respeito pelas diferenças para a construção de acordos comuns baseados na lei de origem de cada um dos povos ancestrais,
- Declaramos que nossa espiritualidade não é uma forma religiosa exótica, e sim uma maneira de viver em acordo com todos os seres, a natureza e o universo,
- Reconhecemos na mulher a mãe divina universal, e não o modelo de beleza passageira que cria a ideia de que podemos possuir e controlar o mundo,
- Somos o cumprimento do sonho dos nossos ancestrais. Nossos povos ancestrais tem o silêncio para saber escutar e a palavra para saber falar e propor: esta é uma proposta de aprendizagem que coloca no centro o SER e a convivência amorosa com todos os seres visíveis e invisíveis, estes passos à aprender são urgentes a humanidade. Assim com os fundamentos da tradição ancestral se levanta esta nova antiga humanidade unida nas noves esquinas do mundo,
Anunciamos que nosso sistema de governo é a Cosmogeocracia*, a ordem do governo do cosmos ligado ao governo da terra onde tudo esta interconectado, para cumprir com isso devemos estender, compartilhar e preparar os terrenos para que a semente do coração humano germine e prospere,
*Cosmogeocracia: Visão policêntrica ou biocêntrica, onde a natureza participa do processo de tomada de decisão integrada ao antropocentrismo por meio de acordos.
Como compreender em um sistema antropocêntrico, que visa a consumo visão como prioridade a importância de uma mensagem da Natureza, recebida por meio de avôs e avós, representantes de culturas ancestrais e místicas como um alerta para a humanidade?
Novamente invoco uma ação dos artivistas do Chile que podem nos apoiar a entender bem o processo da UDSA e das Nações Unidas do Espirito através de uma música composta para justamente semear esse evento:
A palavra Chask significa no idioma ancestral Quéchua, mensageiro.
Os Chasks são mensageiros do amor e é um movimento global que esta muito forte na américa latina tratando de levar por meio da música e da arte a realidade dos efeitos de nossas ações como humanidade.
Quando vi a foto abaixo de Swami Paramadvaiti e o Tiano Bless, duas personalidades que foram importante para o meu processo de despertar, tive a certeza que estamos todos conectados, mesmo antes, de saber que estamos. Convido a todos a serem Chasks! Mensageiros do amor universal, do amor a Natureza, a vida e a todos os seres.
Inspirado em todo esse conhecimento, que recebi como um balde de água fria, literalmente, eu escrevia alguns textos.
Um deles quero compartilhar nesse manuscrito, foi endereçado aos Avôs e Avós da Consumo Visão, sensível que, precisamos que nossos anciões não parem de buscar conhecimento e sabedoria, e que, sempre compartilhem com os mais jovens, um apelo para que a meta da vida não seja unicamente material.
Sou mais um neto da consumo visão, materialista, explorador, consumista e ávido por lavrar um ímpeto desejo de competir, acumular e esforçar-se pelo temporal. Uma dádiva para os sentidos. Desfrutar momentos curtos com os louros do sucesso condicional, da fama social e do orgulho do culto ao resultado.
Considero tempos difíceis, mas tempos necessários.
Afinal, o que seria do tempo se esse não passará por todos os ciclos? Demasiada crítica receberia.
Segundo a cosmo visão védica estamos na era em que a consciência de pratica da vida espiritual não é favorável. Muitas almas desejam desfrutar esse ciclo, vivemos o que desejamos manifestar. Uma jornada fugaz, curta e cheia de intensidade.
Também é de notório saber que nesse ciclo, muitos não conseguem aproximar-se do essencial, vivendo ciclos de morte e renascimento por este condicionamento ilusório.
São mais 8.400.000.00 formas de vida condicionadas ao conjunto de acoes e reações.
Estou deslumbrado com as cosmovisões, ou, as visões de mundo. Nelas afirma-se: não somos somente um corpo físico, mas sim constituído de vários tipos de corpos sutis, chegando ao núcleo de uma entidade vivente eterna, e lá também encontramos a parte fragmentária da energia do criador, ou como eles a nomeiam, super alma. Somos entidades vivente, consciências eternas.
Deus é uma pessoa e é também uma energia. É tudo. Se expande em energias e diversas manifestações. E assim chegamos a uma ATMA ou uma unidade infinitesimal da consciência original.
Somos por constituição servidores da eternidade.
Temos uma oportunidade única segundo os sábios, gerar um vinculo eterno com a fonte, durante nossa passagem pela vida.
Nascer num corpo humano, dentre 8.400.000.00 formas é uma oportunidade incrível segundo os sábios. Você pode usar sua inteligência para expandir sua consciência e compreender quem é você em sua verdadeira forma transcendental.
Essa forma é uma servidora da verdade. Esse é o propósito de uma entidade vivente, buscar a verdade para compreende-la e servi-la.
Para compreender esta afirmação existe a necessidade de resgatar a memória de nossos ancestrais e compartilhar-la. Reforçar sobre algumas situações sobre o nosso próprio sentimento perante o intangível e a importância de aproveitar a vida para desenvolver um vínculo duradouro com a eternidade.
Os nativos do povo Kamayurá do Alto Xingu, acreditam em dois tipos de tempo. O tempo dos ancestrais e o tempo da viagem da alma. Eles alertam que a alma que se manifesta aqui nesse mundo em que vivemos esta sofrendo de uma espécie de doença, que poderia ser interpretado em uma meta linguagem de apego a essa realidade.
Esse apego é o que faz você renascer. A meta é encontrar o caminho da morada dos ancestrais e não retornar a esse plano, você ao nascer já é considerado um ser que não encontrou o caminho de volta. É incrível como essa visão de mundo, aqui dos povos originários do Brasil são semelhantes com a visão de mundo do oriente.
Os Kamayurá alertam que no momento da morte a alma empreende um caminho cheio de perigos e que nos afastam do caminho correto para a morada dos ancestrais.
Esse caminho é a oportunidade para não renascer no mundo material, mas que muitos falham por distração.
As escrituras vedantas falam algo similar: No momento da morte, caso você não estiver suficientemente preparado para fixar sua mente na suprema personalidade de Deus, você poderá desviar o pensamento, dando a sua mente no momento da morte o controle através de pensamentos aleatórios, determinando o seu próximo nascimento não através da consciência.
No sistema védico existem três tipos de mundos, o mundo material, material sutil e espiritual. Uma vez que sua consciência adquira o estado de consciência transcendental você mesmo estando no mundo material poderá alcançar o nível de consciência que existe na morada eterna, isso chama-se, desenvolver amor puro pela Divindade.
Ao desenvolver amor puro, renascer e morrer novamente no mundo da viagem das almas (mundo material) não será mais necessário.
A vantagem do mundo dos ancestrais ou chamado de mundo espiritual, segundo essas cosmovisões é manter presente sua verdadeira forma transcendental. O corpo espiritual é eterno. A prova, ou o caminho é estar fixo no vínculo com o criador no momento da morte, para isso, os dias são utilizados pelos mestres como treinamentos para este momento.
Na consumo visão fomos ensinados que devemos lutar pela sobrevivência. No entanto isso nos obriga a condicionar nossa vida e nossa rotina em teoria e prática, esforçando-nos para trabalhar, dormir, defender-se, alimentar-nos e reproduzir-nos. Passamos toda nossa existência reproduzindo um modelo de vida.
Estabelecer um vínculo de respeito, de agradecimento e de sentimento com a nossa verdadeira identidade, a alma, ela está residindo no seu corpo sutil.
Na região do coração esta localizada a super alma, nosso corpo mesmo é um templo, uma das muitas moradas do divino.
Ao intoxicamos nosso corpo, nosso templo, estamos cometendo ofensas.
Devemos estar atentos quando não reconhecemos em nosso corpo a morada da centelha divina, da expansão do criador que habita nosso ser como nosso guia interno. A consumo visão nos afasta dessa consciência, estamos sendo sempre condicionados a consumir demasiado, qualquer tipo de produto, sem ponderar, cigarros, cerveja, carne, essa é a cultura da ofensa da distração do caminho do ser humano.
E porque a Carne é uma ofensa? A carne é considerada parte de um corpo de um ser, um templo da super alma, o corpo de outra entidade vivente que deveria devolvido no momento de sua morte a terra. Até mesmo um animal, que seria uma alma, habitando essa forma temporariamente, tem a expansão da super alma em seu corpo.
Alimentar-se de algo que produz sofrimento é considerado violência e reproduz violência.
O principio da não violência é algo fundamental para que o estado de consciência possam tornar-se transcendental ou espiritual. Os povos ancestrais que caçam sabem dessa lei, de matar agora, mas em outra vida ser morto para alimentar a quem foi cassado.
Se alimentamos nosso corpo, templo, de sofrimento, o que vamos gerar em nossos pensamentos e nossa mente? Chegamos em um ponto importante: a mente. A mente é muito difícil de ser controlada. Quando condicionamos ela custa-se a mudar nossos comportamentos. Quantos de nós passou um tempo fazendo algo que sabia que não era saudável e custou a mudar, ou até mesmo, ainda continua tentando mudar?
É preciso ficar atento a uma palavra mágica: a prática espiritual.
Sem uma disciplina para condicionar a mente em hábitos saudáveis ela vai disciplinar-se sozinha em hábitos que não são saudáveis, isso inclui o pensar. Já o neto mais jovem da consumo visão esse que nasceu recentemente, pensemos na condição em que o mundo atual esta. Ele pode crescer participando de um churrasco, inalando a fumaça de um cigarro, sentindo o cheiro e as vezes o gosto da cerveja, com estas praticas, estamos nos tornando sábios da consumo visão, sabemos bem como consumir qualquer substancia.
Estamos ensinando a os jovens a maestria do consumo, o exemplo de cultivar hábitos nocivos. Quantos conhecemos o bom viver? E do desprendimento da alma de nosso corpo, ou sobre o que é a morte?
A morte é o objeto essencial para que nós tenhamos o interesse de analisar a cosmovisão com profundidade.
Consideremos que o senhor seja um avô nesse momento, um abuelo da consumo visão tradicional, ou vira a ser. Tem seu sucesso financeiro, sua vida religiosa, sua família formada. O que esse arquétipo considera prioritário nesse momento da vida? Trabalhar? Aposentar? Desfrutar? Realizar seu sonho? Apoiar a família? Ter conforto? Pois essas são as genuínas prioridades da consumo visão. Elas distraem o crescimento pessoal do ser espiritual, segundo as cosmovisões.
Um avó na cosmovisão expande a sabedoria transcendental, devido a sua prática e compartilha com os demais.
Ele se prepara para passar pela a morte, vivendo cada dia como único, com a consciência fixa na super alma ou gran espirito. Não precisa esforçar-se em trabalho material, estar apegado a família ou desejar conforto sem estar consciente da super alma.
A família e o trabalho tem sentido, quando este é uma oferenda, um ritual de agradecimento, para a potencia geradora de vida, onde estaria mais adequado compreender os desafios da vida como uma passagem temporária, para adquirir conhecimento espiritual e vincular-se a divindade do que ter em nas demais relações a razão do viver. O ser humano é um protetor de todas as formas de vida. É urgente resgatar essa consciência. Agradeço a todos que me ajudaram e despertar a semente do conhecimento e cultivá-lo.
yo mam pasyati sarvatra sarvam ca mayi pasyati tasyaham na pranasyami sa ca me na pranasyati
Aquele que Me vê em toda parte e vê tudo em Mim jamais Me deixa, tampouco Eu o deixo. (Bhagavad Gita 6.30).
Um dos momentos de grande felicidade nesse processo de compartilhar o conhecimento que adquiri durante minha peregrinagem, foi quando fui convidado para dar uma palestra na UNB — Universidade Nacional de Brasilia, sobre o tema Sabedoria Ancestral.
O vídeo da palestra pode explicar um pouco de forma mais intelectual sobre o que aprendi nesse processo e talvez, possa trazer uma possibilidade de iniciarmos uma aproximação, com uma visão apreciativa sobre esse tema, novo, para muitos, assim como para mim.
Inspirado na narrativa da Universidade de Sabedoria Ancestral e das Nações Unidas do Espírito, passei a reunir grupos e coletivos como objetivo de compartilhar técnicas de gestão colaborativa e projetos regenerativos utilizando as cosmo visões ancestrais que conheci e suas mensagens como base do processo de desenvolvimento humano.
Sempre elevando a Natureza como provedora de recursos, para, sujeito de Direitos e partícipe do processo de tomada de decisão.
A Cosmogeoética passou a ser objeto de meu interesse e estudo. Ela envolve toda minha experiência de vida e das vidas com quem me relaciono, ela pode ser sintetizada por meio do círculo de palavra.
Naturalmente chegava em Universidades e Governos de diversas localidades e escutávamos narrativas similares como do Dr. Adalberto Barreto com por exemplo a TCI — Terapia Comunitária Integrativa no Brasil.
Apreciando o que aprendi observando, interagindo e servindo os representantes de culturas ancestrais por meio de encontros como o que relatei acima, observo que iniciativas como a TCI do Dr. Adalberto Barreto podem demonstrar uma abordagem de como introduzir a cosmogeoética em uma abrangência que ao meu ver, necessita extrapolar o segmento saúde, e chegar a outros como: educação, política, cultura e segurança, baseados na mesma lógica: a escuta ativa e profunda e o círculo auto gestionado instaurando a prática da era cosmogeocrática.
É admirável perceber que para os povos ancestrais não existe a divisão de segmentos ou setores. Não faz sentido para eles a Saúde estar separada da Alimentação. A Arte de tudo o que fazemos.
Nesse caminho de integração, bem próximos do que a TCI propõe, fomos convidados a desenvolver um trabalho para a prefeitura de Barcelona.
Co criamos uma Escola da Reciprocidade. Foi muito bacana essa experiência pois utilizando técnicas de constelação sistêmica, constelamos a cidade toda a reciprocicar com a Natureza!
Abaixo, uma entrevista que realizamos a rádio nacional de Barcelona.
raso ham apsu kaunteya prabhasmi sasi-suryayoh pranavah sarva-vedesu sabdah khe paurusam nrsu
O filho de Kunti, Eu sou o sabor da água, a luz do Sol e da Lua a sílaba om nos maras védicos. Eu sou o som no éter e a habilidade no homem. (Bhagavad Gita 7.8)
Em meio a tantas ativiades, histórias de encontros inspiradores não faltam. No México tive a oportunidade de conversar com duas figuras muito importante para mim.
Leonardo Boff sempre foi um dos meus primeiros inspiradores quando iniciei meu ativismo e tive a oportunidade de estar lado a lado com ele no Primeiro Fórum de Direitos da Mãe Terra, na Cidade do México, graças a Srila Paramadvaiti.
Nesse fórum a Terra estava sendo reconhecida como sujeito de Direitos, ou seja, um ser consciente.
Para quem não conhece o trabalho de Boff, recomendo dentro desse contexto a Carta da Terra.
Um despertar coletivo e em massa esta em curso e eu sou testemunha dele. Espero que você também seja ou possa ser! Basta sintonizar!
sava-bhuta-stham atmanam sarva-bhutani catmani iksate yoga-yuktatma savatra sama-darsanah
Um yogi de verdade Me observa em todos os seres e também vê todos os seres em Mim. De fato, a pessoa auto realizada vê a Mim, o mesmíssimo Senho Supremo em toda parte. (Bhagavad Gita 6.29).
No período em que sai de Botucatu para minha peregrinagem, voltei a cidade apenas duas vezes, em ambas tratei de compartilhar o que aprendi de alguma forma como uma oferenda ao território.
O primeiro foi uma conversa bem intimista seguido de uma cerimônia de fogo, onde compartilhei um pouco sobre como a América Latina, por meio de movimentos de consciência estava emergindo soluções a crises.
- Um desses encontros, que me inspiram a compartilhar, foi realizado na Colômbia e chama-se “O Chamado da Montanha”.
Antes de viajar a Índia tratei de escrever um artigo sobre uma nova forma de ver os processos políticos e participativos. Inspirado no artigo, Daniel Carvalho, militante do PSOL Botucatu provocou um encontro aberto na praça do Bosque.
Veja a sistematização desse encontro: clique aqui.
Também é possível escutar uma entrevista que demos a Rádio Municipalista para promover o encontro: clique aqui.
raja-vidya raja-guhyam pavitram idam uttamam pratyaksavagamam dharmyam su-sukham kartum avyayam
Este conhecimento é o rei da educação, o mais secreto de todos os segredos. É o conhecimento mais puro e, porque com ele se obtém percepção direta do eu, é a perfeição da religião. Ele é eterno e é praticado com entusiamo e alegria. (Bhagavad Gita 9.2)
Quando voltei ao Brasil em 2017, continuei viajando sem uma casa ou uma cidade fixa. Passei a oferecer as formações de facilitadores, que já em vários países havíamos realizando compartilhando o que aprendi na prática aplicando as metodologias colaborativas a ativas agora no contexto do Brasil.
Nesse movimento de viagens, um dia desses, fui convidado para participar de um movimento chamado Agro Em Rede, criado pela conexão de Alexandre Moreno da Syntese Consultoria, um amigo da UNESP/FCA e da experiência que tive a RVA — Rede de Valor Aberta, em 2013 depois de conhecer o animador de redes Guilherme Tiezzi durante o treinamento de Dragon Dreaming.
Guilherme é um animador de redes, empreendedor social e ativista que admiro muito. Juntos co criamos algumas aventuras colaborativas como o Movimento Cuidadores do Cantão no Tocantins juntamente com a narrativa da busca por uma Fazenda do Futuro, que fosse integrativa e sustentável e que recomendo a leitura de nossas sistematizações e descobertas. Essas trilhas foram sempre cultivadas com carinho e cuidado me inspirando a partilhar esses resultados transformadores a outras redes como a Universidade de Sabedoria Ancestral Internacional.
Após esse primeiro encontro do Agro Em Rede, que se propõe a juntar diversos profissionais, ativistas e empresas de vários tipos, incluindo Bayer (MonSanto), e outras orgânicas, como a Solo Vivo, Guilherme e Alexandre estavam integrando público aparentemente “desconexos” com o propósito de colaborar.
Durante esse encontro, sentei para almoçar eu e um produtor rural orgânico que participou, o Reginaldo, da Solo Vivo, ele me perguntou o que eu fazia.
Contei que desde minha saída do Brasil ao Chile, em meados de 2014 eu havia deixado de atuar no projeto que desenvolvi para produtores orgânicos, mas que tinha interesse em colocá-lo em uso.
Depois que eu contei a ele o que fazia a plataforma de rastreabilidade, Reginaldo me disse: eu preciso dessa plataforma!
E foi assim que no dia 25 de Outubro de 2018, me conectava novamente com meu antigo sonho, o Gôndola Segura e minha vida depois de uma reviravolta, me apresentava a oportunidade de continuar o que iniciamos em 2004 quando era apenas uma ideia em um trabalho de conclusão de estágio na Totvs, ainda Microsiga e que paramos em 2013 devido a tantos novos percursos.
Viajei até Ibiúna/SP em Outubro de 2018 para conhecer a Solo Vivo empresa de produção de alimentos orgânicos e fiquei impressionado com a narrativa dessa família. Fiquei emocionado em verdade.
Foi nesse momento em que recebi a notícia que viria a ser pai.
Estava no Parque Tecnológico quando Mãe Govinda Jaya Jaya me liga e diz: acho que estou grávida.
Alguns dias antes havia lembrado que já tinha ido a Ibiúna/SP para visitar outros produtores rurais em 2012 e que tinha gravado um vídeo.
Quando eu recebo essa notícia, me lembro do conteúdo desse vídeo e penso comigo: esse vídeo era um presságio.
No vídeo um funcionário da empresa que visitei para falar do Gôndola Segura, tinha uma bonita voz e me disse que cantava.
Pois eu tirei a máquina e comecei a filmar, como sempre fazia.
A canção falava da primeira vez em que ele recebia a surpresa notícia de que seria pai. Quando assistir esse vídeo, pela segunda vez e conectei os fatos, comecei a chorar e no meu coração, agradeci por existir uma Super Alma que nos cuida, nos guia e nos prepara para todas as etapas de nossos destinos.
Entra em cena uma pessoa muito especial nesse momento: Rodrigo Benedicto. Trabalhamos juntos por alguns anos antes de todo esse movimento de despertar.
E mesmo depois continuamos trabalhando juntos. Rodrigo sempre demonstrou muito carinho pelas minhas ideias e ideais e é atualmente um dos mais importantes nessa narrativa, pois é ele que desenvolve o Gôndola Segura junto comigo.
Recentemente ele descobriu que também será papai.
Parece que junto com o Gôndola Segura vai nascer uma nova geração, consciente da importância de valorar nossa Mãe Terra, o setor de orgânicos e os produtores rurais conscientes.
No vídeo acima, pode-se ver uma reunião entre Rodrigo e eu atualizando o núcleo da plataforma Gôndola Segura, depois de anos sem uso.
Esse momento foi muito especial.
Na foto acima, estamos: Dra. Ana Beatriz Lopes, “mamãe Bia”, Rodrigo, “Rodrigão” e eu, reativando o nosso trabalho de anos para impulsionar a agricultura orgânica por meio da gestão e qualidade.
Foi por conta de Mamãe Bia, como a chamava quando criança que eu escolhi o tema “Agro” como pesquisa na Universidade e na Empresa. Ela estudou e dedicou sua graduação e pós graduação na UNESP em produção animal e alimentar.
Também foi seu envolvimento no terceiro setor que me motivou a voluntariar. Nosso DNA é o mesmo e estamos conectados com esse desejo de servir e transformar.
Abaixo, o segundo vídeo eu apresento parte da plataforma Gôndola Segura: incentivar e estimular o consumo consciente e a produção orgânica, promovendo os produtores que gerenciarem a qualidade bem como questões relacionados a formação de custos e preços de vendas por meio do comércio justo.
ananyas cintayanto mam ye janah parypasate tesam nitybiyuktanam yoga-kseman vahamy aham
Mas aquele que sempre Me adoram com devoção exclusiva, meditando em Minha forma transcendente-para eles, Eu trago o que lhes falta e preservo aquilo que tem. (Bhagavad Gita 9.22)
Atualmente estou focado em terminar o que comecei, mas também em agradecer e compartilhar o que recebi.
A Plataforma Gôndola Segura é um antigo sonho e estamos a procura de milagres que possam regenerar o pensamento humano, que esquecido de sua Mãe Terra, está contaminando e degradando a sua própria casa! O seu próprio corpo!
Escrevo nesse artigo muitas memórias, encontros e narrativas. Percebo que muitas delas estão conectadas, não somente comigo, mas com você leitor, e muitos outros que ainda se conectaram por alguma “janela” que aqui esta aberta: a família, a agricultura, a espiritualidade, a arte, o ativismo, a música, a política, a natureza, a educação, a tecnologia, o empreendedorismo, a economia ou o voluntariado.
Somos CoAutores de nossas vidas. Os autores estão ocultos no mundo material. É preciso revelar esse vínculo com os autores originais e integrar-los, esse processo chama-se Yoga: vínculo com a divindade, quer seja a Natureza, uma personalidade ou nosso próprio coração.
Em 2019, depois de ter atualizado essas memórias, e refletido muito em qual meu papel hoje, após integrar algumas visões de mundo, recebi uma mensagem comentando uma decisão de segunda instancia do Tribunal de Justiça de São Paulo a respeito da denúncia que fiz em 2012, levando-me a sair da cidade e viver todas essas descobertas, condenando o Prefeito Municipal e o Secretário Municipal de Educação responsáveis do crime de improbidade administrativa.
Graças a essa denúncia, recebi a graça de encontrar os devotos e ser um aspirante a devoto.
yo mam evam asammudho janati purusottamam sa sarva-vid bhajati mam sarva-bhavena bharata
Quem quer que Me conheça como a Suprema Personalidade de Deus, sem duvidar, é o conhecedor de tudo. Ele portanto, se ocupa no serviço devocional pleno a Mim, ó filho de Bharata. (Bhagavad Gita 19.19)
A continuidade dessas histórias fazem conexão atemporal com todos os artigos do canal da Mentoria Organica um projeto coletivo que criei com minha esposa Govinda Jaya Jaya durante nossa peregrinação pelo mundo onde sistematizamos vários encontros e ações colaborativas que participamos, quase sempre, sem querer ou melhor, sem esperar ou planejar de forma atemporal.
Viajando pelo mundo, descobrimos que somos muitos os chamados a despertar para servir a Natureza através de vários canais de manifestação criativa divina.
Na Bolívia por exemplo, encontramos um grupo de jovens que fazem letras conscientes para despertar as pessoas as problemáticas ambientais. Juntos fizemos uma improvisação:
Lá na América Central, encontrei o Endis Livingston que defende a Ilha de San Andrés. Juntos passamos a mensagem direto do Caribe sobre o etnogenocídio. Com ajuda do Endis consegui participar de reuniões na Prefeitura e conseguimos melhorar o plano de manejo da Ilha junto ao Governo local.
Na Colômbia encontramos Gour Govinda, ativista que também defende a Natureza da Mineração. Lá participei de uma manifestação onde logrou-se evitar o licenciamento de uma empresa que visava explorar a região através de uma unificação dos movimentos.
Na Índia, como voluntário, limpando os rios sagrados e os templos encontrei a maior mensagem do maestro espiritual, o cuidado com a Natureza, o bhakti yoga e a permacultura, uma vida simples com pensamento elevado.
Durante minha estadia na Índia pude participar de campanhas que incidiam politicamente nas questões do lixo a nível Nacional, Estadual e Municipal.
O plástico no país é uma situação muito grave-cultural e necessita de muito trabalho coletivo, comunitário e político-social.
Abaixo uma campanha a nível nacional que estava sendo liderada pelo Swami Paramadvaiti.
Um dos episódios interessantes que passei foi na Índia foi vinculado a responsabilidade de conseguir juntar recursos para imprimir cartazes que indicassem aos cidadãos das cidades que estávamos, que o plástico não poderia ser jogado na rua, como os potes de barro, ou os pratos de folhas, que lá, culturalmente, se descarta após ao uso.
Quando falei com um empresário sobre um patrocínio, ele perguntou de que país eu era.
Quando comentei que era Brasileiro, ele me questionou: Você joga futebol? Eu disse: Claro!
Terminei jogando no time municipal na liga oficial do estado.
O jogo foi: Calcutá, a cidade de Madre Tereza, contra Nova Dwip a cidade do Senhor Chaytania, um Avatar de Krisna que nasceu há 560 anos atrás e revolucionou os costumes da época e atuais.
Este Avatar fez uma profecia: Em todos os povoados e cidades haverá alguém cantando o maha mantra Hare Krisna.
O time de futebol que eu fui contratado para jogar era dirigido por alguns devotos e antes do jogo saímos de um templo de motos-carros, um transporte comum por lá.
Saímos todos com as bençãos dos Bramanas (sábios). Nosso time ganhou nos pênaltis e eu recebi parte do dinheiro que precisávamos para imprimir os cartazes.
Abaixo um vídeo que criamos para sensibilizar novos voluntários a ativistas a participarem da campanha Braj Vrindacan Act Now durante nossa permanência na Índia com a participação de Swami Paramadvaiti.
sri-bhagavam uvaca abhayam sattva-samsuddir jnana-yoga-vyavasthitih danam damas ca yajnas ca svadhyayas tapa arjavam ahimsa satyam akrodhas tyagah santir apaisunam daya bhutesv aloluptvam mardavam hrir acapalam tejah ksama dhrtih saucam adroho nati-manita bhavanti sampadam daivim abhijatsaya bharata
A Suprema Personalidade de Deus disse: Destemor, purificação da própria existência; cultivo do conhecimento espiritual; caridade; auto controle; execução de sacrifício; estudos dos vedas; austeridade; simplicidade; não violência; veracidade; estar livre da ira; renúncia; tranquilidade; não gostar de achar defeitos; compaixão para com todas as entidades vivas; estar livre da cobiça; gentileza; modéstia; firme determinação; vigor; clemência; fortaleza; limpeza; e estar livre da inveja e da paixão pela honra — estas qualidades transcendentais filho de Bharata, existem nos homens piedosos dotados de natureza divina.
(Bhagavad Gita 16.1–3)
Junto aos povos originários do Brasil, durante o acampamento Terra Livre em 2017 sentimos toda a força de várias Nações. Foi com os nativos que aprendi a ver o meu processo de despertar como algo natural.
Todo meu caminho de investigação me levou a escutar deles histórias que fazem parte da minha própria ancestralidade e sua relação original com a Natureza.
Nesses caminhos tortuosos encontrei o alento do fogo e a rima dos nativos mestiços que trazem mensagens de seus santuários e corações.
Encontrei uma nova alternativa ao ativismo e de vida. O antropocentrismo é passado na mente dos futuristas, agora é a vez do ecocentrismo regenerativo.
ya idam paramam guhyam mad-bhaktesv abdhidhasyati bhaktim mayi param krtva mam evaisyaty asamsayah na ca tasman manusyesu kascin me priya-krttamah bhavita na ca me tasmad anyah priyataro bhuvi
Para aquele que explica aos devotos este segredo supremo, o serviço devocional puro está garantido, e, no final, ele voltará a Mim. Não há nesse mundo servo que Me seja mais querido do que ele, tampouco haverá em algum momento alguém mais querido. (Bhagavad Gita 18.68–69).
Conheci a Dra. Vanessa Hasson em 2015 durante um encontro dos Direitos da Natureza no Parque Ibirapuera em São Paulo. Tive a oportunidade de atuar com ela em projetos no Tocantins em 2017 no portal da Amazônia Brasileira.
Abaixo compartilharei um vídeo da Dra. Vanessa Hasson, consultora das Nações Unidas (ONU) que me inspira muito falando da Natureza como sujeito de Direitos e de um novo paradigma de pensamento e quero recomendar a todos.
Segundo a autora e pesquisadora se faz necessário acompanhar uma série de marcos civis regulatórios já realizados no Brasil e em outros países onde voltamos a reconhecer a natureza como nossa “casa comum” ou como a visão dos povos originários a define, nossa “Mãe” evitando o colapso dos eco sistemas que sustentam os seres, ou o Ecocídio.
Acompanhando os marcos regulatórios já aprovados, como a constituição do Equador atualizada em 2009 e da Bolívia em 2011, onde se reconhecem a Natureza como sujeito de direitos, bem como outros marcos como a própria ONU declarando o dia mundial da Mãe Terra, percebemos a necessidade de resgatar a visão de mundo ancestral onde se observa todas as espécies vivas, quer seja mineral, animal ou biossistêmica, inclusive as não visíveis, como um único ser, um organismo.
Esse rito de passagem onde o ser humano deixa de ser o centro (antropocentrismo) explorando a vida como recursos para incluir e integrar as demais espécies e suas funções sistêmicas é parte do processo para o resgate CosmoGeoCrático.
Essa narrativa, onde compartilho muitas histórias pessoais e encontros transformadores com pessoas incríveis é uma oferenda a Mãe Terra.
Espero que ela possa inspirar a muitos a buscarem a sua razão de ser, alinhada com o Dharma de todo ser humano que é estar alinhado as leis originais e divinas.
Reconhecer que não somos o corpo material e que além de consciências espirituais, somos partes fragmentárias do absoluto e que temos uma função constitucional a cumprir, assim como um órgão que serve ao organismo como um todo, é uma oportunidade para vincular-nos a divindade e operar na plataforma de um ser instrumento de seu amor.
Esses dias li em uma camisa na rua: melhor do que tocar um instrumento, é ser um instrumento.
Yoga não são posturas, a palavra significa união, vínculo. Para isso precisamos compreender o essencial, e parte desse essencial esta em desenvolver uma relação com a divindade para atingirmos a meta suprema. É essa a finalidade da filosofia dos Vedas, nos orientar para a conduta correta para uma relação correta com o absoluto.
A palavra Veda significa conhecimento. Sem conhecer o aspecto absoluto da criação, não poderemos servir como um instrumentos do amor divino, pois não saberemos como e a quem nos entregarmos, tão pouco alcançaremos o mais elevado, segundo essa ciência confidencial: desenvolver amor puro por Deus, este conhecido pela palavra Prema.
Ao fim de toda essa jornada, se pudesse resumir o que é o mais relevante, seria o indicador de Prema: quanto amor puro, durante essa vida, você desenvolveu e compartilhou?
vancha-kalpatarubhyas ca krpa-sindhubhya eva ca patitanam pavanebhyo vaisnavebhyo namo namah
Ofereço minhas respeitosas reverências a todos os devotos vaisinavas do Senhor, que, como árvores-dos-desejos, podem satisfazer os desejos de todos e que também são cheios de compaixão por todas as almas.
Sobre o Autor:
Voluntário da UDSA (Universidade de Sabedoria Ancestral) na Colômbia.
Facilitador Sênior na Mentoria Orgânica onde atuou como consultor das Nações Unidas (ONU) na Agenda 2030 e Ministério da Educação do Brasil na reformulação da Base Nacional de Educação.
Fez parte da rede Dragon Dreaming Brasil apoiando a área web e estudando com Jonh Croft e seus facilitadores.
Estudou e praticou Sociocracia na Colômbia com membros da Eco Yoga Aldeas que integra a rede CASA Latina . Estudou CNV na Espanha integrado com Ecosofia.
Desenvolveu na Índia metodologias próprias de aprendizado transgressivo colaborando com um programa de educação em 8 universidades em 8 países e 4 continentes.
No Brasil foi presidente da ONG Nascentes apoiando a zona livre de transgênicos da APA Botucatu como Conselheiro de Defesa do Meio Ambiente e Segurança Alimentar.
Especialista em Engenharia de Software é membro fundador do Parque Tecnológico de Botucatu/SP.
Graduou duas empresas na incubadora de base tecnológica Prospecta da FCA/UNESP. Prêmios: PRIME/FINEP — Fundo de Inovação e Pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil em 2010.
Foi vencedor da edição Global Futurizer em convênio com a Universidade MonDragon, do País Basco na primeira edição em São Paulo/SP em 2012 com a plataforma Gôndola Segura.
Em 2019 foi um dos 500 jovens selecionados pelo Papa Francisco para facilitar um encontro em Assis na Itália no evento “Economy Of Francesco”.
Atualmente encontra-se dedicado a prática do Bhakti Yoga refugiado em Srila Bhakti Bibudha Bodhayan Maharaj.
Nota: Desejo-lhe um ótimo processo de Purificação dos Sentidos e Serviço Devocional! Hare Krisna!