A Economia de Francisco, um chamado para acelerar a Transição!
Novembro/2019.
Acabo de receber a confirmação de que estarei entre os 500 participantes que foram selecionados em um processo de seleção para estar com o Papa Francisco e seus convidados em Março de 2020 em Assis na Itália em um evento chamado: Economy Of Francesco, A Nova Economia de Francisco.
O Papa Francisco fez um chamado global para que diversos agentes de transformação, empreendedores e economistas jovens do mundo todo cooperem por um Pacto Global, com o objetivo de trazer a luz um novo modelo econômico, uma nova Economia, inspirando-se através da narrativa de São Francisco, para revertermos rapidamente a destruíção da Natureza e por conseguinte a vida humana.
Nesse texto espero fazer um exercício sobre como poderia vir a ser uma proposta prévia sobre a Economia de Francisco, apreciando a encíclica do Papa Francisco, relcionando-a com o que tenho aprendido com diversos maestros sobre o mesmo tema. Provoco-te a pensar comigo em uma forma de mudarmos o modelo econômico global com o objetivo de conter a degradação da Natureza bem como de nossa civilização.
Fundamentos e Contexto Atual
É importante trazer luz para alguns pontos fundamentais. Em tempos de pós verdade, é fácil e comum desqualificar qualquer argumento, até mesmo científico por qualquer crença limitante. Entretanto, vou desconsiderar esse ônus. Espero que você esforce-se para compreender os danos que estamos causando a nós mesmos e a Terra.
- As mudanças climáticas e ou aquecimento global não são uma questão de crença, já estão em curso e com previsões desde da década de 1940 segundo pesquisas. Em 1972 na primeira reunião sobre Meio Ambiente das Nações Unidas o assunto foi debatido com evidências científicas.
- Demoramos muito para responder as provocações dos cientistas sobre os efeitos das ações humanas e ainda demoramos pós revolução industrial. As reuniões que seguiram, e, 1977, 1987, Eco 92 e Rio + 20 também fracassaram. A cada reunião anual sobre o clima, mais tensões. Resulta agora em 2019 a saída dos EUA do acordo climático global e um cenário ecocída.
- Em termos de fundamentos, o que vemos é um desastroso processo de ignorância sobre a ciência e suas evidências e falta de ações e consciência. Estamos em um momento de emergências. Um desastre social além de uma crise climática assola nossa civilização.
- A agenda 2030, recente impulso da ONU trás 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável como metas para as empresas e governos e são uma forma de orientar as nações.
- Saiba mais sobre o tema básico dos fundamentos introdutórios que marcam as Nações Unidas: https://medium.com/@Premavatar/ods-objetivos-do-desenvolvimento-sustent%C3%A1vel-agenda-2030-216295432143
A ciência tratou de compreender evidências e fatos através de publicações e estudos a respeito da situação atual do Planeta projetando os riscos de uma contínua e acelerada exploração. A sociedade em partes, também foi influenciada por esse movimento científico de forma prática. Em meados da década de 70 é publicada a então hoje aclamada Teoria de Gaia de James Lovelock. Na época, muito criticada pelos colegas cientistas.
Lovelock trouxe a hipótese de que nosso planeta é um organismo vivo e que somos parte desse mesmo organismo através de uma espécie de simbiose. A comunidade científica da época criticou a teoria, supondo que a tese fose muito mais mística do que científica.
Entretanto, a Tese ganhou adeptos. Degradando o meio ambiente, degradamos-nos a nossa própria espécie, pois somos o sistema nervoso desse organismo e estamos conectados a ele citou Lovelock. Essa tese revolucionou o pensamento ocidental influenciando um movimento de retorno ao campo de diversos grupos e coletivos.
A era das Eco Vilas inspiradas em um narrativa de integração com Gaia nasceram concomitantemente com o movimento de contracultura impulsionado pela oposição a guerra do vietnã. A palavra Hippie por exemplo esta segundo alguns pesquisadores associada a cultura nativa HOPI. Claro que sempre existiu famílias campesinas, agora observarmos um movimento de êxito urbano ocorrer motivados pela necessidade de um equilíbrio.
Através da Teoria de Gaia e de diversas pesonalidades interessadas em reverter o dignóstico de que estamos cometendo um ecocídio, e de que o Planeta Terra estava enfermo por conta das ações de nós seres humanos, passou-se a questionar como atuar na cura do Planeta, ou melhor, na cura de nosso próprio ser, do qual estavámos integrados.
Movimento Gaia
Colhemos o que plantamos, certamente diriam os ecologistas da época. Logo, estamos plantando desastres, os arautos alertavam! Diversos desses, tornavam-se ativistas e passariam a propor mudanças no desenho social da vida humana. Em que momento falhamos? Certamente no momento de desenhar a interação social através de um modelo econômico e de produção que estivesse desconsiderando da própria Terra, Gaia, como parte vital desse processo.
Esse ponto cego pode ser configurado como: Consumo Visão. Para fazer frente a crise ecológica dos últimos cem anos uma fundação foi criada na Escócia como um experimento de criar coletivamente um impulso para que novos desenhos de comunidades sustentáveis para assentamentos humanos fossem criados: nasce FindHorn e o curso Design de Comunidades Sustentáveis, em seguida: Gaia Education.
Este movimento de Eco Aldeias chega dar vida ao GEN — Global Ecovilage Network uma rede global de Eco Aldeias/Vilas. Muitas comunidades e eco aldeias/vilas foram inspiradas nesse movimento. Apartir dessa experiência nasce a Fundação Gaia, onde inicia-se um movimento global de educação transgressiva. Quebrar as regras que causam desastres ou a falência institucional, social e cultural é preciso e o Design, ou desenho passa a ser um aliado nesse processo.
Agora, um desafio nada romântico: para que vivamos em comunidade, longe das cidades e sem conforto é preciso uma mudança grande de pardigma e pensamento.
Muitos projetos e intentos de Eco Aldeias e Eco Villas falharam pelo mundo, muitos mesmo! A cada cem, noventa e nove falham. Porque esse modelo de voltar a viver integrado Natureza é tão complexo?
A forma de pensar de um indivíduo, integrado a Natueza e em comunidade é bem diferente do modelo competitivo e individualista que muitos de nós, como eu, foram educados e adaptados, se faz complexo adaptar-se ao pradigma original sem preparo e apoio e mesmo com apoio, ainda sim é difícil. Em virtude disso, vários pioneiros passaram a estudar métodos para poder apoiar essa transição de maneira e apoiar esse processo. Abaixo compartilho um momento mágico, quando conheci Terra Una durante uma semana de imersão no curso do Gaia Education.
AncestroFuturismo
Como podemos integrar as visões de mundos e seus diferentes paradigmas em um projeto comum e sermos exitosos? Essa foi a pesquisa de Jhon Croft que após inspirar-se no trabalho de vários autores como Lovelock e participar da fundação Gaia percorreu.
Ele trilhou diversos percursos dentro das cosmos visões nativas para compreender como um processo de integração com a Natureza poderia vir a ser realizado de maneira exitosa por quem estava fora desse contexto.
Croft é um professor de uma Universidade da Australia e pesquisou a vida dos Aborigenes de seu país bem como dos Hopis. Ele compreendeu a narrativa dos povos ancestrais e sistematizou histórias que contam a essência de viver em comunidade. Também inspirou-se na Ecologia Profunda uma forma de reconexão com a Natureza para levar ao mundo além de uma narrativa um processo de despertar. A partir dessas e muitas outras integrações de estudos sistematizou o método chamado Dragon Dreaming que apoiou diversos projetos a nascerem desde de um sonho coletivo.
Inspirado na narrativa de Croft e de Jameslovelock durante minha perigrinação a América tratei de praticar as ferramentas em diversos locais e projetos facilitando encontros e rodas de conversas. Abaixo um vídeo que filmei e editei durante meu treinamento de Dragon Dreaming e Ecologia Profunda no Vale do Matutu/MG.
A brasileira Lala Dehenzelin também é uma autora que manifesta em seu trabalho prático e teorico diversos elementos ancestrais de forma espontânea como a matriz, a espiral e o estado de fluxo, considerando elementos sistêmicos como parte do processo de transformação de uma realidade.
Lala sistematizou a Fluxonomia 4D trazendo para a economia um novo paradigma desde de suas experiências intuitivas em diversos cantos do mundo. A matriz de quatro dimensões para diversos povos ancestrais é considerada a Mãe Terra. A espiral, a divindade masculina, podendo também ser o Sol, são elementos sagrados e que trazem um código.
Com esses dois elementos geométricos Lala conseguiu sistematizar um processo que é incrivelmente exitoso e transgressivo. Com ele é possível viajar por diversos países utilizando a Economia de diferentes formas: Criativa, Colaborativa, Compartilhada e Multimoedas, como pude validar.
Abaixo uma entrevista que realizei a TV CULTURA ao programa Reporter Eco na casa de Lala falando sobre meu projeto de conclusão de estágio na empresa Microsiga, atual TOTVS, que deu origem a Start up social Gondola Segura uma plataforma de consumo consciente e incentivo de produtos orgânicos e transição agroecológica. Lala filmou esse trechinho com minha câmera…. ainda bem, pois eu perdi a exibição do programa!
Após 10 anos empreendendo socialmente, deixei o Brasil e empreendi uma pesquisa com povos originários de vários países da América onde descobri que essas formas de atuar em rede são inerentes aos povos ancestrais e as culturas nativas e que esse movimento de inovação social, métodos colaborativos e desenho de pensamento são na verdade bem antigos em essência. Os povos nativos atribuem esse conhecimento a Mãe Terra, é dela que a inteligência advém. Abaixo uma síntese de todos os conhecimentos que sem querer conheci e passei a integrar em uma formação que chamamos de Formação de Facilitadores Transgressivos.
Através da Permacultura, Agrofloresta, Ecologia Profunda, Gaia Education, Fluxonomia 4D, Comunicação Não Violenta, Sociocracia e Constelações sistêmicas e por fim as visões de mundo nativas sem saber desse desfecho, cheguei a participar de um encontro de sabedoria ancestral que transformria a forma como eu compreendesse o mundo. A Kiva foi uma cura.
A Kiva é uma profecia em forma de encontro. É um rezo compartilhado entre várias culturas e povos e acontece em um determinado momento e país, dentro da Terra, em um buraco, que tem como significado, ser um Útero.
Durante a Kiva de 12 de Dezembro de 2015 realizada na Eco Yoga Village em Varsana na Colômbia presenciei a presença da Natureza através dos sábios abuelos e abuelas.
Em 1970 chegava ao ocidente Srilla Prabhupada Swami trazendo apenas traduções de literaturas védicas e um cartalo, instrumento musical de bolso. Através do ativismo espiritual desse maestro, o vegetarianismo e o movimento das Eco Yoga Aldeias passaram a ser uma grande esperança para quem buscava uma forma de praticar vida espiritual em comunidade. Varsana é parte desse legado onde presenciei a Kiva e vi centenas de povos ancestrais auto declararem-se as Nações Unidas do Espírito. Srilla Prabhupada em uma de suas conferências, antes de abandonar seu corpo físico em 77 comentou que em momento breve viveríamos uma união de diversas nações espirituais com o objetivo de proteger a Natureza.
E agora, para onde vamos com a Economia de Francisco?
O Papa Francisco em sua encíclica inicia seu texto com o tema, citanto a Terra como um ser vivo, como nossa casa comum, como nossa Irmã Maior citando afirmou São Francisco de Assis.
Depois de alguns anos tratando de juntar todas essas experiências onde além de aprender de sistematizadores e maestros da consumo visão e também com os das cosmos visões, desde da experiência prática desaguo no convite do Papa Francisco. Junto ao encontro teremos convidados como Vandana Shiva e Muhamed Yunus, quem já tive a oportunide de conhecer pessoalmente e admiro muito o trabalho.
Abaixo deixo uma palestra realizada na Universidade Nacional de Brasília onde comento um pouco desses percursos.
Em um encontro recente com a Dra. Vandana Shiva no México lhe perguntei como nós jovens poderíamos realizar um serviço a Naturez relevante. Ela me respondeu: mantenha-se firme em seu objetivo, sem desviar.
Fiz uma seleção dos temas que eu acredito que são essenciais para esse processo, e que de fato faz parte de minha atuação como analista de sistemas, empreendedor social, ativista e pesquisador na Universidade de Sabedoria Ancestral. Abaixo, um vídeo de 2014 com uma pauta política local onde estava bem focado em controle social por meio de uma associação do terceiro setor.
A lista de itens para adotarmos como estratégia de ação em escala global é extremamente desafiadora e ainda não inclui temas supra importantes e urgentes. São elas:
- Reconhecimento da Natureza como sujeito de Direitos.
- Proteger as nascentes de água bem como todos os rios de forma comprometida e legalmente.
- Liberar a agricultura do uso de agrotóxicos.
- Liberar a fauna e a flora da exploração e sofrimento fruto consumo massivo protegendo a Biodiversidade.
- Proteger as sementes nativas e crioulas e restringindo os transgênicos.
- Reduzir o consumo de carne e se possível evitá-lo.
- Exigir o respeito dos povos originários e ancestrais, dando a eles voz nos processo de tomada de decisões governamentais, principalmente quando envolve seus territórios criando novos mecanismos de consultas que integrem também a Natureza.
- Boicote de empresas e governos que causam danos e a responsabilização desses pelos efeitos exijindo a imediata intervenção na causa e sua reparação através de alianças regenerativas.
- Incentivo a agricultura familiar e orgânica juntamento com formação de comunidades de consumo consciente e comércio justo-solidário.
- Promover e implementar assentamentos humanos sustentáveis através de modelos de eco vilas sustentáveis que recuperem a memória e a identidade dos territórios ocupados.
O que dizer agora dos itens importantes e urgentes como:
- A regeneração urgente da Biodiversidade e Biomas bem como sua devida proteção de forma compromissada e responsável.
- A limpeza imediata dos Oceanos e Rios com tecnologias emergentes.
- O fim da emissão de CO2 e o reflorestamento em escala.
- A troca de matriz energética do planeta, colocando fim a extração de combustíveis fósseis.
- O fim de obras que impactam no fluxo natural dos povos originários e da Natureza como represssas e hidrelétricas.
- O fim da produção de plásticos e poluentes emergentes.
- A conservação dos solos e o tratamento adequado de resíduos sólidos.
- Rastreabilidade do sistema financeiro para controle de impactos de fundos e capitais.
- Desenho de comunidades regenerativas e resilientes rurais e urbanas.
- Um profundo e sincero trabalho interior de cura e autoconhecimento em busca de maturidade para trancender condicionamentos individuais e coletivos servindo com instrumento de evolução.
Utópico?
E você, o que levaria para contribuir com o Papa Francisco e seu exército de 500 transition designers? Certamente o que não poderia faltar é claro uma boa inspiração em forma de música e arte, por isso deixo aqui para motivar a busca do propósito orgânico de cada amigo uma composição que recebi no dia de meu aniversário na Amazônia Equatoriana com meu querido amigo Venezuelano, Jesus Hidalgo em uma EcoYoga Aldeia.
To sentindo que essa jornada de buscar novos modelos para a “Economia de Francisco”, certamente nos levará em algum momento para uma Eco Aldeia para dançar e cantarmos juntos enquanto sonhamos esse desejável mundo novo, afinal seria possível mudar tanto o externo, sem mover o interno?
- Segunda Parte desse artigo:
https://medium.com/@Premavatar/a-economia-de-francisco-um-chamado-para-acelerar-a-transi%C3%A7%C3%A3o-parte-2-3bcab881ee1c?source=---------2------------------ - Vakinha para apoiar a viagem
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/vamos-para-juntos-para-assis-economia-de-francisco-2020
Continua. Enquanto isso recomendo para inspirar uma dança interna:
- O Advento da Premacultura. (Prema, com “r” mesmo.)
https://medium.com/@Premavatar/o-advento-da-premacultura-cb472922f942 https://medium.com/@Premavatar/o-advento-da-premacultura-cb472922f942 - Pedagogia do Cultivo: https://medium.com/@Premavatar/pedagogia-do-cultivo-a-cura-pela-etimologia-649cd14b1b74
- Transition Designers: indivíduos inquietos que desejam viver na nova sociedade, onde se predomina relações mais saudáveis com outros indivíduos, com a terra e com o dinheiro. Nosso papel fundamental é no processo de desenhar a transição para novos modelos de gestão, organização e dinâmicas sociais, foi sistematizado pela RVA — Rede de Valor Aberta do Instituto Value Builders, o qual sou um dos co-fundadores.
ANEXOS:
A organização do evento em Assis na Itália solicitou cartas de recomendações para os selecionados. Aqui anexo as que foram partilhadas sobre minha participação.
- Carta da Fundação de Sabedoria Anestral da Colômbia onde atuo como representante e docente investigador.
- Carta da Universidade Nacional de Brasília onde realizamos cooperações através da Universidade de Sabedoria Ancestral na Amazônia.
- Carta da Empresa Connectis onde estou participando de um projeto tecnológico como Analista Programador dentro do Banco do Brasil.
Premavatar das
Docente Investigador
Universidade de Sabedoria Ancestral
diogo@nascentes.org.br